910kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

GettyImages-2161823256
i

Getty Images

Getty Images

"Momala" ou Kamala? Sete marcos da primeira vice-presidente negra que pode suceder a Biden na corrida contra Trump

Os enteados chamam-lhe "Momala", o colar de pérolas é a sua imagem de marca e é a primeira em muito, mas não quer ser a última. Quem é Kamala Harris, que pode suceder a Biden na corrida contra Trump?

    Índice

    Índice

A quatro meses das eleições presidenciais nos Estados Unidos da América, o Presidente Joe Biden anunciou este domingo a sua desistência da candidatura à Casa Branca, depois de, ao longo das últimas semanas, ter sido pressionado a fazê-lo face ao seu desempenho no debate de 27 de junho com Donald Trump, que levantou dúvidas sobre a capacidade de continuar a liderar o país. Com o nome de Kamala Harris a ser constantemente realçado na lista de possíveis substitutos, Biden veio ele próprio apoiar a atual vice-presidente para candidata democrata.

Joe Biden desiste da corrida à Casa Branca e apoia Kamala Harris para candidata democrata

Apesar da baixa popularidade, os apoiantes de Kamala Harris, a primeira mulher afro-americana a chegar ao cargo de vice-presidente dos EUA, acreditam que a sua defesa pelos direitos reprodutivos, o apelo entre os eleitores negros e a sua experiência enquanto procuradora distrital de São Francisco e procuradora-geral da Califórnia estão a seu favor na campanha contra Donald Trump.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Após a desistência de Biden, Kamala Harris aceitou entrar na corrida à Casa Branca, num comunicado publicado na rede social X, onde afirma ser uma honra receber a recomendação do Presidente. Quem é, então, a nova candidata à presidência dos EUA, que, para além de ganhar, promete unir a nação e “derrotar Donald Trump”?

Kamala Harris assume ser candidata. “Juntos vamos lutar, juntos vamos vencer”

Kamala Harris é a vice-presidente dos EUA, tem 59 anos e nasceu em Oakland, no estado norte-americano da Califórnia, no berço de uma família emigrante. Filha de pai jamaicano e de mãe indiana, aos cinco anos, Kamala viu os pais divorciarem-se e passou a viver com a mãe, Shyamala Gopalan Harris, investigadora na área de oncologia e ativista dos direitos civis, que emigrou da Índia para os EUA aos 19 anos, e com a irmã mais nova, Maya Harris, advogada e comentadora política.

Os pais da vice-presidente participavam ativamente no movimento dos direitos civis, incutindo em Kamala o compromisso de construir coligações fortes na luta pelos direitos e liberdades de todas as pessoas. Ainda no carrinho de bebé, levavam-na a marchas pelos direitos civis e falavam do ex-juiz do Supremo Tribunal Thurgood Marshall e a líder dos direitos civis, Constance Baker Motley, como heróis.

Apesar de ter crescido ligada à sua herança indiana, acompanhando a mãe nas suas visitas ao seu país natal, Harris manteve-se sempre muito ligada à cultura negra de Oakland. “A minha mãe sabia muito bem que estava a criar duas filhas negras”, escreveu na sua autobiografia The Truths We Hold (2019). “Ela sabia que a sua pátria adotiva veria Maya e eu como raparigas negras e estava determinada a garantir que nos tornássemos mulheres negras confiantes e orgulhosas”.

Kamala Harris e a mãe, Shyamala Gopalan Harris

O nome Kalama é uma homenagem às suas raízes indianas

Para preservar a sua identidade cultural, Shyamala Gopalan Harris deu à filha mais velha o nome Kamala, que significa “lótus”, em sânscrito. É também o nome para a divindade hindu Lakshmi. Também o segundo nome, Davi, foi pensado: significa “deusa” em sânscrito, outro tributo à religião hindu.

As estreias de Kamala: de procuradora-geral negra a vice-presidente negra e a visita à clínica de aborto

Estudou Direito na Universidade Howard e na Universidade da Califórnia, começou a sua carreira de advocacia em 1990, no gabinete do procurador distrital do condado de Alameda, onde se dedicou a casos de abusos contra crianças. Em 2003, foi eleita procuradora distrital de São Francisco, instalando a sua sede de candidatura num bairro maioritariamente negro de São Francisco, onde ninguém esperava que alguma vez um candidato aparecesse em campanha, e muito menos coordenasse tudo a partir daí.

Em 2010, foi eleita procuradora-geral da Califórnia, tornando-se a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar aquele que é o mais alto cargo responsável pela aplicação da Lei no estado mais populoso dos EUA.

Considerada uma das estrelas em ascensão do Partido Democrata, em 2017, a sua carreira política despontou e lançou a sua candidatura a senadora júnior dos EUA pela Califórnia. Por fim, em 2020, Biden elegeu Kamala Harris para vice-presidente, numa decisão histórica e simbólica, tornando-se na primeira mulher, na primeira afro-americana e na primeira sul-asiática a chegar a essa função, que é hoje o seu papel.

E foi enquanto vice-presidente que se tornou também a primeira a nessa função (como também nenhum Presidente o fez) a visitar uma clínica que permite a interrupção voluntária da gravidez. Fê-lo em maio numa clínica do Minnesota. Tem sido uma das suas lutas, a da defesa do direito de opção das mulheres em interromperem a gravidez.

“A minha mãe olhava para mim e dizia: ‘Kamala, podes ser a primeira a fazer muitas coisas, mas certifica-te de que não és a última“, cita a página oficial da Casa Branca.

De Kamala para Momala

Kamala Harris casou em 2014 com o advogado Doug Emhoff e tornou-se madrasta dos seus dois filhos. Por não gostarem do termo, na época acordaram tratar Kamala por “Momala”. Ao pai, Cole, de 29 anos, e Ella, de 25, tratam pelo nome Doug, um hábito que adquiriram em crianças e que se mantém até aos dias de hoje.

Quanto à decisão de Kamala não ter filhos biológicos, é um dos motivos que levam muitas mulheres norte-americanas a identificarem-se com a vice-presidente (ou a questionar a decisão). Kamala prefere, no entanto, falar sobre o seu papel enquanto Momala, o título que “sempre será o que mais significa para mim”, afirma.

Kamala, a vice de Biden que queria que Biden fosse vice dela — a primeira mulher e afro-americana no cargo

Num texto escrito na Elle, Kamala fala dos filhos como a fonte de amor e prazer. “O meu coração não estaria completo, nem a minha vida, sem eles”.

O colar de pérolas enquanto imagem de marca

A primeira evidência remonta a 1986, quando, na sua foto de finalista, levava ao pescoço um colar de pérolas. A peça estará ligada à fraternidade universitária Alpha Kappa Alpha, a primeira irmandade negra estabelecida para mulheres, onde Kamala andou, e onde os fundadores são referidos por “Twenty Perls”.

Em homenagem à fraternidade, no seu discurso de aceitação da nomeação do Partido Democrata para ser candidata à vice-presidência dos EUA, em agosto de 2020, usou um colar de pérolas Akoya e South Sea, simbólicas para o grupo. As pérolas são assim a imagem de marca de Kamala Harris, que as utiliza em evento importantes da sua carreira.

GettyImages-2161515254

Getty Images

O amor pela cozinha

O gosto de Kamala Harris por cozinhar é conhecido já desde os tempos pré-pandémicos, quando partilhava regularmente receitas nas redes sociais. Em 2020, numa entrevista à Glamour, recordou como ficava em estado de transe quando em pequena sentia o aroma dos cozinhados da mãe a virem desde a cozinha. “A minha mãe costumava dizer-me, ‘Kamala, tu claramente gostas de comer boa comida. É bom que aprendas a cozinhar”, recordou.

Em novembro de 2020, a tempo do Dia de Ação de Graças, partilhou no X uma receita, com uma mensagem de esperança: “Em tempos difíceis sempre me voltei para a cozinha. Este ano, gostaria de partilhar com vocês uma das receitas favoritas do Dia de Ação de Graças da minha família. Espero que sempre que vocês conseguirem vencer na vida, isto vos traga tanto calor quanto me trouxe, mesmo quando separada daqueles que amo.”

O riso incontrolável que Harris herdou da mãe

“Aparentemente algumas pessoas adoram falar sobre a forma como eu me rio”, disse Kamala Harris a Drew Barrymore no seu programa de televisão. O riso característico da vice-presidente dos EUA é conhecido por vir ao de cima, e tornar-se incontrolável, em momentos inoportunos, como discursos e entrevistas, tendo-se tornado símbolo da expressão IJBOL — “I just burst out laughing” (“Desatei a rir”, numa possível tradução em português) —, usada nas redes sociais.

O riso de Kamala chegou mesmo a ser assunto de conversa de Donald Trump, que, durante um comício este sábado em Michigan, gozou com a forma como a vice-presidente se ri: “Chamo-lhe Kamala Risonha”, disse Trump. “Alguma vez a viram rir? Ela é doida. Sabes, uma gargalhada pode dizer muito. Não, ela é doida. Ela é doida.”

Por sua vez, ainda na entrevista com Drew Barrymore, em maio, Kamala revelou ter a gargalha da mãe, tendo crescido “à volta de um grupo de mulheres que ‘riam da barriga’”.

“Acho que é muito importante para nós que nos lembremos uns aos outros e aos mais novos: não se limitem à perceção das outras pessoas sobre o que isto parece e como se deve agir para o ser, certo? É muito importante.”

@betches That’s my vice president. Period. #kamala #kamalaharris #bidenharris #politics #usa #us #president #vicepresident #funny #funnyvideos #funnyvideo #celebrity ♬ original sound - Betches

A vice-presidente menos popular de sempre

Apesar das lutas que lidera — pela liberdade das mulheres de tomarem decisões sobre os seus próprios corpos, pela liberdade de viverem a salvo da violência das armas e pela liberdade de votar —, em 2023, uma sondagem da NBC concluiu que Kamala Harris era a vice-presidente menos popular na história dos EUA, com quase metade dos eleitores americanos a ter uma opinião negativa sobre o seu desempenho.

Dos inquiridos, apenas 32% consideram que Kamala Harris está a fazer um bom trabalho enquanto 49% têm uma opinião negativa e 39% têm uma opinião “muito negativa”.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.