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Músculos como esponjas e um cérebro especial, mas massacrado. O corpo e a mente dos jogadores de futebol à luz da ciência

Um futebolista corre 15,3 km em 90 minutos, põe os músculos a trabalhar 30 vezes mais do que em repouso e demora 40% mais tempo a ficar exausto. Eis Ronaldo, Messi, Neymar e C.ª à luz da ciência.

Num jogo do Campeonato do Mundo acontece muito mais do que golos ou quase golos, faltas e vídeo-árbitros, eliminações e qualificações, vitórias e derrotas: cada partida de futebol revela também o cérebro de cada um dos jogadores, que “funciona mais como barro do que como uma rocha”, e também a sua capacidade muscular, “que funciona como uma esponja”, dizem os cientistas. Por isso, antes do Uruguai-Portugal deste sábado, que nos pode levar até aos quartos-de-final do Mundial russo, vamos lá olhar para os corpos e mentes de Ronaldo e C.ª à luz da ciência.

De acordo com um estudo patrocinado pela Entertainment and Sports Programming Network (ESPN), um jogador de futebol pode correr até cerca de 15,3 quilómetros naqueles noventa minutos. É isso que faz deste desporto “um dos mais exigentes do mundo”, de acordo com o vídeo da ESPN. E é a essa exigência que o organismo de um futebolista aprende a responder: numa sessão de futebol intensa, a taxa de trabalho dos músculos de um jogador aumenta pelo menos 30 vezes. Nestas condições, o glicogénio — que funciona como um combustível para os músculos — pode começar a faltar, o que resulta em falta de energia. Por isso, durante as 12 a 24 horas de repouso a que os jogadores de futebol têm de ser sujeitos para recuperaram, os músculos passam a comportar-se como a tal “esponja” que absorve os nutrientes, nomeadamente hidratos de carbono e proteínas, num rácio muito maior. À medida que o corpo se ajusta às exigências físicas de um jogo de futebol , o tempo que demora até chegar à exaustão aumenta até 40%.

Numa sessão de futebol intensa, a taxa de trabalho dos músculos de um jogador aumenta pelo menos 30 vezes. Nestas condições, o glicogéniopode começar a faltar, o que resulta em falta de energia. Por isso, os músculos passam a comportar-se "como uma esponja".

Mas mais do que nos músculos, o segredo do futebol esconde-se no cérebro dos jogadores. E os seus cérebros não são iguais aos de uma pessoa comum, garante o neurocientista Jeffrey Holt num artigo sobre como “o futebol reconecta” o nosso órgão pensante: “Mais do que qualquer outro desporto, o futebol exige um brilho que redefina o córtex cerebral, porque o jogador de futebol está limitado a uma regra simples: fazer tudo sem mãos”. Ora, fazer tudo sem mãos é o mesmo que recuar milhões de anos na evolução que o sistema nervoso do Homem sofreu ao longo da sua presença na Terra: no cérebro da maior parte das pessoas, as mãos são os membros do corpo mais representadas, principalmente nas regiões do cérebro dedicadas à perceção do tato e da posição do corpo e aquelas que controlam a atividade motora dos músculos.

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Isso não é o que se passa no cérebro de um futebolista, pelo menos não inteiramente: ao serem obrigados a não usarem as mãos na atividade que lhes preenche grande parte do quotidiano, o cérebro dos jogadores molda-se às exigências a que estão obrigados: “Como os pés dos jogadores são extremamente sensíveis e notavelmente poderosos, as regiões do cérebro a eles dedicadas expandem-se para permitir uma maior representação neural. Não é difícil imaginar que os cérebros de Ronaldo, Messi ou Neymar, atualmente alguns dos maiores jogadores de futebol do mundo, possam ser muito diferentes da média humana, com uma representação expandida para os pés”, explica Jeffrey Holt. É por isto que “o córtex cerebral remodelado nas mentes dos melhores jogadores de futebol é uma prova da incrível plasticidade do cérebro humano e da sua capacidade de se adaptar e aprender com novas experiências”, conclui.

Não é difícil imaginar que os cérebros de Ronaldo, Messi ou Neymar, atualmente alguns dos maiores jogadores de futebol do mundo, possam ser muito diferentes da média humana, com uma representação expandida para os pés.

O perigo dos cabeceamentos para o cérebro

Cristiano Ronaldo salta para chegar à bola no Portugal-Marrocos. Créditos: AFP/ Getty Images

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Mas o cérebro de um jogador de futebol tem tanto de elástico como de sensível, sugere um outro estudo noticiado pela Scientific American. Nessa investigação, liderada pelo neurorradiologista Michael Lipton, da Faculdade de Medicina Albert Einstein da Universidade Yeshiva, os cientistas fotografaram os cérebros de 37 futebolistas, com idades compreendidas entre os 21 e os 44 anos, e concluíram que acertar na bola frequentemente com a cabeça pode “afetar adversamente a estrutura e a cognição do cérebro”. Os jogadores que faziam muitos cabeceamentos em campo tinham mudanças microestruturais na matéria branca dos cérebros, que é a responsável pela sustentação, isolamento elétrico e nutrição dos neurónios e das células fora do sistema nervoso central. Algumas dessas concussões eram semelhantes às observadas em pacientes com lesões cerebrais traumáticas.

Esse mesmo estudo, que foi publicado em junho de 2013, até estabeleceu limites: ao fim de 1.800 cabeçadas, um jogador de futebol pode ficar sujeito a mudanças de memória. No entanto, isso depende da forma como cada cérebro responde quando alguma coisa o atinge: “O cérebro é feito de um tecido macio e gorduroso com uma substância parecida à da gelatina. Dentro das suas membranas protetoras e do crânio, este órgão delicado está normalmente bem blindado. Mas uma sacudidela repentina pode fazer com que o cérebro abane e bata nas paredes interiores do crânio”, começa por explicar Clifford Robbins, especialista em comportamento e estudos neurológicos da Universidade de Boston, num vídeo publicado pela TED-Ed. E acrescenta: “Ao contrário da gelatina, o cérebro não é uniforme. É composto por uma vasta rede de 90 mil milhões de neurónios que lançam sinais através dos seus longos axónios para comunicar pelo cérebro fora. Esta estrutura comprida e fina faz os neurónios muito frágeis, por isso quando impactados, os neurónios entram em tensão e podem mesmo partir-se“.

O cérebro é composto por uma vasta rede de 90 mil milhões de neurónios que lançam sinais através dos axónios para comunicar. Esta estrutura comprida e fina faz dos neurónios muito frágeis, por isso quando impactados, os neurónios entram em tensão e podem partir-se.

Isso é o que estudo explicado na Scientific American corrobora: segundo ele, usar a cabeça para jogar à bola pode contribuir para problemas neurodegenerativos, como a encefalopatia traumática crónica. “As células nervosas transmitem as suas mensagens para outras células nervosas” por meio dos tratos de fibras, ou axónios, que compõem a matéria branca, mas “se o cérebro for violentamente sacudido, uma pessoa pode sofrer o rompimento dos tratos de fibra“. Isto não só arruína a capacidade que o cérebro tem de comunicar naquele local específico, como também tem consequências no órgão como um todo: “À medida que os axónios destruídos começam a degenerar, vão libertando toxinas que causam a morte dos outros neurónios“, mesmo que eles estejam saudáveis, explica Clifford Robbins. É isso que provoca as concussões.

E as concussões manifestam-se de várias maneiras: alguns desportistas sofrem perdas de memória, dores de cabeça ou visão turva. Outros perdem a capacidade de equilíbrio, sofrem de mudanças de humor ou manifestam dificuldades em pensar ou em dormir. “Todos os cérebros são diferentes, o que explica porque é que a forma como cada pessoa experiencia as concussões varia tanto”, sublinha o vídeo da TED-Ed. Jonathan French, um neuropsicólogo no Programa de Concussão de Medicina Desportiva do Centro Médico da Universidade de Pittsburgh, tem a mesma opinião: “A maioria dos jogadores de futebol que sofrem concussões não tem nenhum problema funcional na vida quotidiana. As mudanças estruturais são tão microscópicas que não sabemos o que elas realmente significam”, avança.

Os cérebros dos nadadores parecem perfeitamente normais, enquanto os cérebros dos jogadores de futebol tinham anormalidades nos tratos de fibra da matéria branca.

Ainda assim, esse pode ser um problema problema sério porque os cabeceamentos podem “causar concussões leves, mesmo quando os jogadores não apresentam sintomas”, realça o neurorradiologista Michael Lipton, da Faculdade de Medicina Albert Einstein da Universidade Yeshiva: a maior parte dos estudos feitos nesta área viram uma relação próxima entre a quantidade de cabeceamentos que um jogador faz e as anormalidades cerebrais que apresenta. E isso torna-se ainda mais evidente quando o cérebro de um futebolista é comparado ao de um nadador, normalmente menos sujeito a concussões: os cérebros dos nadadores parecem perfeitamente normais, enquanto os cérebros dos jogadores de futebol tinham anormalidades nos tratos de fibra da matéria branca.

A expressão de Neymar ao fazer um cabeceamento no Sérvia-Brasil. Créditos: AFP/ Getty Images

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De acordo com a Concussion Legacy Foundation, 110 em cada 111 antigos jogadores da National Soccer League (a liga do futebol americano) foram diagnosticados com encefalopatias traumáticas crónicas, um problema neurodegenerativo que normalmente acontece em pessoas que passam por múltiplas concussões. São números relevantes, principalmente se tivermos em conta que 22% de todas as lesões no futebol são concussões e que vários estudos sugerem que essas taxas são “comparáveis e frequentemente excedem as de outros desportos de contacto tradicionalmente considerados como inerentemente mais violentos, como o futebol americano e o hóquei no gelo”, diz uma investigação arquivada na Biblioteca Nacional dos Estados Unidos dos Institutos Médicos Nacionais de Saúde: “Cerca de um terço dos jogadores apresenta atrofia central leve a moderada, com alargamento dos ventrículos laterais”, as cavidades que existem nos hemisférios do cérebro. Esses danos são “o resultado de jogar futebol por muitos anos, portanto, uma consequência da exposição a longo prazo, com múltiplos pequenos ferimentos na cabeça, principalmente relacionados aos cabeceamentos”.

Segundo os autores dos estudos, isso é justificado por pelo menos dois aspetos: a anisotropia fracionada e os níveis da proteína S-100B. Ora, a anisotropia fracionada é usada para medir a integridade da substância branca, uma vez que reflete o grau de mielinização (a quantidade de mielina que envolve e protege os neurónios) e a densidade dos axónios: normalmente a anisotropia é mais alta em regiões de alta organização celular e baixa em regiões onde as células não são orientadas de uma forma específica. No entanto, e de acordo com a investigação, a alta frequência de cabeceamento foi associada a uma menor anisotropia em três locais da substância branca, onde ela devia ser alta, o que parece ter resultado num pior desempenho em testes de memória e cognitivos.

Estima-se que 22% das lesões no futebol são concussões. Essas taxas são "comparáveis e frequentemente excedem as de outros desportos de contacto tradicionalmente considerados como inerentemente mais violentos, como o futebol americano e o hóquei no gelo".

Outro dado que indica a relação entre os cabeceamentos e os problemas mentais é a espessura do córtex cerebral, a camada mais externa do cérebro que é muito rica em neurónios especializados em funções como a memória ou a atenção, a consciência ou a linguagem e a perceção. O córtex é responsáveis pelas tarefas mais sofisticadas do ser humano, mas elas parecem postas em xeque nos jogadores que mais vezes cabeceiam a bola dentro de campo: o córtex dos jogadores profissionais reformados de futebol tornam-se progressivamente mais finos à medida que envelhecem, pelo menos quando comparados com o córtex de atletas profissionais sem contacto direto entre a cabeça e o objeto com que lidam. O facto do córtex cerebral ser significativamente mais fino significa uma menor velocidade de processamento cognitivo.

Estes números, quando comparados com outros, ganharam ainda mais expressão depois dos jogadores profissionais de futebol terem feito um exame neuropsicológico que incluía testes de atenção, concentração, memória e julgamento: esse teste “demonstrou que 81% dos jogadores de futebol tinham algum grau de comprometimento cognitivo“.

Um dos exemplos mais recentes que temos de um ferimento desta natureza é o de Loris Karius, guarda-redes do Liverpool. Na final frente ao Real Madrid, o futebolista cometeu três erros crassos — crassos demais para um jogador experiente — que resultaram na vitória espanhola na Liga dos Campeões. A explicação para esses erros chegou logo no dia seguinte: Loris Karius, alemão de 24 anos, tinha sofrido uma concussão, diagnosticada por médicos de Boston, cinco dias antes da partida. De acordo com um dos médicos, Ross Zafonte, o impacto da concussão “deve ter sido sentido de imediato” e “pode ter afetado a performance” do jogador.

Loris Karius na final da Liga dos Campeões. Créditos: Getty Images

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Como funcionam os músculos dos futebolistas

Claro que jogar à bola não é um problema em todos os aspetos: “Uma pessoa que pratica desporto, especialmente se o fizer desde criança, tem ossos mais fortes, menos mau colesterol nas artérias e menores probabilidades de ter ataques cardíacos, hipertensão ou diabetes“, explicam a psicóloga desportiva Leah Lagos e a médica especialista em reabilitação Jaspal Ricky Singh, num vídeo para a TED-Ed sobre os benefícios de praticar desporto. Segundo elas, quem pratica desporto “produz maiores quantidades de hormonas chamadas endorfinas, que controlam a resposta à dor e ao prazer no nosso sistema nervoso central, o que resulta em estados de euforia. Um maior nível de endorfinas e uma atividade física regular resultam numa maior capacidade de foco, numa melhor memória e num melhor humor”.

Uma pessoa que pratica desporto, especialmente se o fizer desde criança, tem ossos mais fortes, menos mau colesterol nas artérias e menores probabilidades de ter ataques cardíacos, hipertensão ou diabetes.

Mas até isso exige um grande controlo do corpo de um futebolista: Donald T. Kirkendall, médico da Universidade de Duke, diz no livro “Soccer Anatomy” que “uns meros  2% de desidratação podem levar a um desempenho mais fraco” e que, mesmo sabendo disso, “entre 25% a 40% dos jogadores de futebol estão desidratados antes mesmo de entrarem em campo porque não foram adequadamente reidratados após o treino ou competição anterior”. Além disso, e porque os músculos de um futebolista são autênticas esponjas de nutrientes, “a restrição de hidratos de carbono” — que são “o combustível dos músculos” — “só prejudicará o desempenho. Os jogadores que entrarem no jogo com um tanque de combustível que não seja o ideal caminharão mais e correrão menos, especialmente no final da partida, quando a maioria dos golos é marcada”, explica ele.

São essas as contas que faz um estudo conjunto entre investigadores do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, do Benfica LAB e do Instituto Politécnico de Leiria. Esse estudo diz que os jogadores de elite realizam movimentos de baixa intensidade (caminhada, corrida ou ficar de pé, por exemplo) em mais de 70% da partida, intercalados com aproximadamente 150 a 250 ações intensas que incluem corrida, viragens de direção, arremesso e saltos, bem como acelerações e desacelerações rápidas. À conta disso, “os jogadores experimentam fadiga no final da partida e temporariamente após rajadas intensas“, algo que também depende da posição em que o futebolista joga porque “os defesas centrais cobrem a distância mais curta em alta intensidade. No que diz respeito às atividades de sprint, os médios e os atacantes são os que cobrem a maior distância durante a partida”.

Acontece que os corpos e os organismos dos jogadores de futebol são preparados para essa realidade: os futebolistas são normalmente mais leves e magros porque ” um corpo magro, com uma proporção maior entre músculo e gordura, é frequentemente vantajoso em desportos onde a velocidade está envolvida, já que o componente de armazenamento de gordura corporal pode agir como um peso morto durante saltos e corridas”. Cristiano Ronaldo, por exemplo, tem um percentual de gordura de 7% — o que simboliza menos 3% de gordura corporal que um supermodelo — o que combina com os dados avançados por este estudo: segundo o qual, o percentual de um jogador de elite da Premier League varia entre os 6% e os 20%.

A ciência explica como Ronaldo marca aqueles livres

Cristiano Ronaldo tem um percentual de gordura de 7% (menos 3% de gordura corporal que um supermodelo), o que combina com os dados avançados por este estudo: segundo ele, o percentual de um jogador de elite da Premier League varia entre os 6% e os 20%.

Ainda que baixa em quantidade, a gordura é importante para um futebolista: “A gordura é uma fonte de energia, vitaminas lipossolúveis e ácidos essenciais. a ingestão de gordura é essencial para a saúde e uma dieta muito pobre em gordura tem o potencial de comprometê-la, pois reduz a absorção de vitaminas lipossolúveis e o armazenamento de glicogénio no músculo“, explica o estudo português. É por isso que três das associações mais credenciadas relacionadas à nutrição desportiva (American College of Nutrition Nutrition, Comité Olímpico Internacional e Sociedade Internacional para Nutrição Desportiva) recomendam uma ingestão diária de gordura para atletas entre 20% e 35% do consumo total de energia.

A massa gorda de um futebolista sofre mudanças ao longo da temporada: normalmente ela aumenta durante a época baixa e diminui  durante a pré-temporada, quando o volume de treino é mais alto. Isso sublinha ainda mais a necessidade de fornecer energia adequada para o exercício do futebol: “Vários estudos estimaram e mediram o gasto total de energia em jogadores de futebol. O gasto energético médio para uma partida foi estimado em aproximadamente 1.107 Kcal“, indica a investigação dos dois politécnicos com o laboratório do Benfica, mas os valores podem ser mais complexos do que isso: o gasto energético médio de jogadores de futebol de elite já foi contabilizado em 3.566 kcal durante um período de sete dias, incluindo cinco dias de treino e dois jogos.

É por isto que os hidratos de carbono são tão importantes para os jogadores: depois de uma partida, “quase metade das fibras musculares do músculo vasto lateral [o que compõe o quadricípite femoral, logo por cima do joelho] foram classificadas como vazias ou quase vazias em relação ao seu conteúdo de glicogénio”, que é a principal reserva energética nas células animais e que normalmente se armazena nos músculos ou no fígado. À medida que o glicogénio vai esgotando, o organismo do jogador entra numa fadiga progressiva, por isso é que os nutricionistas costumam aconselhar os futebolistas a comer cinco a 10 gramas de hidratos de carbono por cada quilo que um futebolista pesa e por cada dia. Isto é, um jogador como Cristiano Ronaldo — que pesa 84 kg — deve consumir entre 420 e 840 gramas de hidratos de carbono [massas, batatas, cereais] para alcançar os níveis de concentração ótimos de glicogénio muscular necessários para suportar entre uma e duas horas de exercício físico intenso.

À medida que o glicogénio vai esgotando, o organismo do jogador entra numa fadiga progressiva, por isso é que os nutricionistas costumam aconselhar os futebolistas a comer cinco a 10 gramas de hidratos de carbono por cada quilo que um futebolista pesa e por cada dia.

Outro aspeto muito importante para a dieta de um futebolista que quer colocar os músculos a trabalhar em plenitude é o consumo de proteínas: cerca de 40% do peso corporal de um adulto humano saudável é composto por proteínas musculares. Ela é importante porque, se o músculo fosse como uma marioneta, as proteínas musculares eram os fios que as seguram: dentro das proteínas, um composto chamado globulina é responsável por contrair os músculos. Ora, o organismo é como um ciclo perfeito: a energia necessária para fazer contrair o músculo é fornecida pela oxidação dos hidratos de carbono ou dos lípidos.

Para manter tudo isto sob controlo os jogadores contam com a ajuda constante de fisioterapeutas, de neurocientistas e de nutricionistas. São eles os responsáveis por manter o corpo e a mente de um futebolista dentro dos parâmetros aconselhados para a sua condição, mas também dentro dos caminhos que devem seguir para alcançar os seus objetivos. Isso envolve olhar para eles ao microscópio. Mas boa parte é apenas a natureza a fazer o seu trabalho.

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