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Ricardo Bravo/Moche

Ricardo Bravo/Moche

A nova vida de Tiago Pires, "free as a bird"

Não se sentiria bem a surfar lá fora com o filho e a mulher em casa: "Ia ser injusto". A dias de fazer 36 anos e depois de anunciar a retirada, Tiago Pires contou histórias ao Observador. Muitas.

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É o início da tarde numa avenida habituada ao trânsito, no centro de Lisboa. Ouvem-se as buzinas, o rugir de motores citadinos, o esforço dos carros que arrancam depois de sinais vermelhos os mandarem parar e formar fila. O fim da hora de almoço multiplica os sons de conversas apressadas entre pessoas que vão e voltam ao trabalho. O barulho da cidade no seu melhor (pior). É esta a onda em que o Observador apanha Tiago Pires, longe da praia e no meio da urbe. Sai do prédio prevenido, agasalhado e com óculos escuros à prova de sol. Tem o braço esquerdo preso ao peito, imóvel, para dar descanso ao ombro magoado pelo fundo de rocha da Cave, na Ericeira, contra o qual embateu na manhã de 21 de fevereiro. Mazela que lhe valeu um raspanete da mulher: “Logo no hospital! Mas é um bocado como seres uma criança: sabes que não podes fazer, mas é aquilo que mais gostas de fazer e vais acabar sempre por fazer”.

Recebe-nos com um sorriso na cara e lidera o caminho até um bar ali perto. “É o meu bairro, aqui pago eu”, diria, mais tarde, depois de quase hora e meia de conversa. Fica sempre tranquilo e vai sorrindo, muito, à medida que manda a cabeça rebobinar a década e meia que passou a competir no circuito mundial de surf. Começou com 19 anos, um miúdo no meio de um tempo sem telemóveis, internet ou redes sociais, que ia muitas vezes “à aventura” sozinho e “com cinco ou seis pranchas às costas”. Acabou com 35 anos e como o único português a ter competido no Championship Tour (CT), circuito que reúne os melhores surfistas do mundo, depois de anos e anos a dar voltas ao mundo no Qualifying Series (QS). Terminou casado e pai de um filho de nove meses, os principais motivos que, cinco dias antes de sair de casa para beber um café a meio de uma quarta-feira soalheira, o levaram a anunciar a retirada do surf internacional: “‘Não teria estrutura para isso. Por isso é que a ideia de ser pai foi sempre sendo adiada”.

A conversa toca pouco ou mal passa no que muita gente sabe sobre Tiago Pires: os sete anos no circuito mundial, o hábito de conviver com os melhores, o dia em que ganhou a Kelly Slater, a vitória que faltou numa prova, o sucesso que nunca quis nada com ele em Peniche. Saca foi contando histórias, engraçadas ou sem piada, de uma vida que só agora vai começar a pensar menos em surf. Como a vez em que mandou o Glen Hall à fava — “um sítio que eu cá sei” — e deixou o irlandês a “achar que ia inventar um estratagema para o matar ou assim”. Ou como acordar um taitiano no aeroporto de Paris o safou de passar “um mau bocado” na Ilha da Reunião. Ou como um Mick Fanning “já um pouco tocado” pela bebida lhe ligou depois de o português anunciar a retirada.

Tiago Pires durante o anúncio da retirada do surf internacional, a 26 de fevereiro, na Ericeira.

És pai há nove meses e isso foi o fator que mais pesou para te retirares do circuito internacional. Não te vias a andar com a família atrás, como viste muitos surfistas a fazerem?

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Sempre admirei bastante quem conseguiu viajar com família, porque a logística de um surfista não é nada fácil. Quando andamos ao mais alto nível, acabas por ter que te proteger e preparar muito bem. Teres cinco pranchas é, mais ou menos, o mínimo para um campeonato. Andas sempre com coisas às costas. Não me imagino a viajar com pranchas, filhos, carros de bebés… Teria de montar uma estrutura muito sólida, levar a minha mulher, uma baby-sitter e outras coisas.

Há surfistas a fazerem isso?

Pouca gente, e não vão a todas as provas. Há uns loucos que o fazem, como o Joel Parkinson [campeão mundial em 2012], que às vezes viaja com três filhos. Depois vês sempre uma avó ou uma baby-sitter. Os irmãos Hobgood também viajam sempre com os filhos, desde que os têm. O Josh Kerr também. Ao fim ao cabo é um bocado a organização de cada um. Mas sempre vi aquilo como uma coisa muito difícil.

E também não depende só de ti.

Sim, casei com uma mulher que tem uma carreira, não é alguém que pode sair, ir viajar e viver a minha vida. A Matilde trabalhar no ramo da hotelaria e tem uma carreira em ascensão. Gosta daquilo que faz e não se vê a não fazer. Isso não possibilita que um casal viaje pelo mundo um ano inteiro. Consegui levá-la, esporadicamente, em uma ou duas viagens. Isto passou em tema de conversa, do género “e se?”. Nunca senti, sequer, que passássemos perto de uma decisão destas. O fator família limita bastante. Não teria estrutura para isso. Por isso é que a ideia de ser pai foi sempre sendo adiada.

"Pensas: ‘Fogo, granda maluco, está aqui a levar com os filhos agora, a berrarem antes do heat, a chegar à praia com carrinhos’. Parecendo que não, mesmo que tenhas ajudas, és sempre o guia, a pessoa que traça o caminho, que chega à área de competidores e tentas arranjar as melhores condições possíveis para a tua família. Há sempre preocupação. Sempre pensei que não daria conta desse recado."

Andar no circuito com a mulher e o filho seria uma vantagem ou uma limitação?

Pode funcionar a favor ou contra. Podes conseguir abstrair-te muito do que é o stress do ranking, dos resultados e do circuito. Mas também é possível que funcione contra ti. Pode roubar-te tempo precioso para te preparares para uma prova, ou assumir-se como uma preocupação extra. Pode complicar a coisa. É algo que nunca vivi e, pelos vistos, também já não vou viver [ri-se].

Viste algum surfista a ter problemas por estar a competir com a família por perto?

Eles geralmente até fazem coisas engraçadas, como alugar casas juntos quando levam os filhos, para as famílias ficarem juntas. Acabam por se agrupar bastante. Hoje em dia, as áreas oficiais das provas até têm zonas de kindergarden. Está tudo para aí virado já. Mas não me lembro de nenhuma história. Sempre me distanciei um bocado desse ambiente, porque não estava, nem podia estar, dentro dele. Desligas um bocado. Pensas: ‘Fogo, granda maluco, está aqui a levar com os filhos agora, a berrarem antes do heat, a chegar à praia com carrinhos’. Parecendo que não, mesmo que tenhas ajudas, és sempre o guia, a pessoa que traça o caminho, que chega à área de competidores e tentas arranjar as melhores condições possíveis para a tua família. Há sempre preocupação. Sempre pensei que não daria conta desse recado.

O Joel Parkinson, por exemplo, foi campeão do mundo e, depois, pode ter relaxado um bocado e passado a viajar com os filhos. Eu sempre fui um gajo que andei atrás dos resultados, muito concentrado. São contextos diferentes. Por outro, vi muitas vezes o Damien [Hobgood] que, em termos de resultados, teve uma carreira um pouco melhor que a minha, a viajar com a família nos últimos anos do circuito e conseguiu dar conta do recado. É uma coisa muito pessoal. Os próprios bebés, há uns que dão mais trabalho do que outros.

Tiago Pires competiu no CT entre 2008 e 2014. Chegou às meias-finais de algumas provas, mas nunca venceu alguma. Terminou 2010 como 21.º do ranking mundial, a melhor classificação que conseguiu. Em 2015 ainda participou no QS, o circuito de qualificação, mas fechou o ano na 80.ª posição.

Seres pai aos 35 anos foi mesmo ponderado ou só aconteceu nessa altura por acaso?

Sempre optei por deixar isso de lado, até achar que a coisa ia acabar. Ia ser injusto ter uma criança, deixar a minha mulher sozinha em Portugal e não viajar com a família. Sempre achei que isso não podia acontecer. Quando senti esta fase a chegar é que pensámos em ter um filho.

A fase de já não conseguir resultados lá fora?

O QS [circuito de qualificação para o CT], o ano passado, não apresentava qualquer desafio para mim. Não vou dizer que foi para cumprir calendário, mas corri o QS mais numa de desmame, de vamos lá ver o que isto ainda pode gerar em mim, cá dentro. Por sinal, tivemos azar. Foi dos piores anos do circuito, em termos de ondas. Se tivesse tido campeonatos giros, com ondas boas, até me poderia ter motivado mais. Mas não, foi horrível. Isso contribuiu para que me desligasse ainda mais.

Fartaste-te de viajar 15 horas para chegar a uma praia e apanhar ondas de meio metro?

Até houve um campeonato em que me esqueci de inscrever, em Ballito, na África do Sul. Conversei com a WSL, eles já tinham atribuído os wildcards, ainda me deram um lugar nos trials, fui lá, e surfei ondas de menos de meio metro, em cima de pedras, com maré cheia, com vento. Pensei mesmo: ‘O que é que eu estou aqui a fazer?’ O ano passado estava a surfar as melhores ondas do mundo e estava ali a fazer uns trials. Era um dos campeonatos mais valiosos do ano e não deu quase ondas nenhumas.

Foi aí que puseste na cabeça a decisão de abandonar?

Foi um bocado ao longo do ano. Estive em Tresles, nos EUA, no primeiro Prime do ano [categoria das provas que mais pontos dão para o circuito], onde também não contámos com grandes ondas. E eu, habituado a competir ali no CT, em setembro, a ir ali em abril/maio, numa altura que não conhecia. Era uma onda completamente diferente. Depois estás lá a pensar em todas as outras vezes em que apanhaste grandes ondas ali. Ainda por cima aconteceu-me algo inédito: perdi um heat por 0.01, com o Charly Martin, até saí da área um bocado furioso.

Chegaste a ter alguma discussão brava com…

Surfistas?

Sim.

Nunca tive grandes histórias. O CT tem isso de bom. Toda a gente se respeita bastante. Hoje em dia o QS também já não é o que era quando me qualifiquei. Já existem as prioridades e está tudo a tentar puxar pelo nível de surf e não pela tática ou estratégia, como antigamente. Às vezes tínhamos que marcar surfistas na água. Aí houve situações em que os meus ânimos aqueceram, porque não é uma sensação boa seres marcado por alguém que não te quer deixar apanhar ondas. Acontecia mais no QS, onde compete muita gente, do que no CT, em que é mais restrito, são sempre os mesmos surfistas, o ambiente é mais familiar, veem-se em todas as provas e até vais a reuniões do sindicato dos surfistas. Há mais proximidade.

"Felizmente, depois de entrar no CT, tens um grande salto na tua vida. Deixas de ser apenas mais um soldado que anda ali no meio da qualificação." Foto: Ricardo Bravo/Moche

Ricardo Bravo/Moche

Alguma vez sentiste que devias pedir desculpa a um surfista?

Sim, e já o fiz, quando tive atitudes menos respeitadoras. Tive uma vez um incidente com o Glen Hall, num QS, há muito tempo. Tínhamos surfado três ou quatro campeonatos seguidos, um contra o outro, e ele ganhou quase sempre. Estava com ela pela cabeça, já não o podia ver à frente. E ele sempre com uma atitude de me marcar dentro de água, era um grande competidor, tinha uma estratégia montada. Estava a sofrer um bocado com aquilo. Quando estávamos em Lacanau, em França, na terceira ronda, estávamos num heat com o Mineirinho, no ano em que ele ganhou o circuito de qualificação.

Ainda não havia prioridades, o mar estava grande, estávamos os três sempre a remar contra a corrente e o Glen, a dada altura, não parava de remar ao meu lado. Às tantas passei-me, puxei-lhe o leash e disse ‘agora vens para trás de mim, não quero saber’. Ele levantou os braços para o júri, ficou a refilar e eu continuei a remar. Estava doido, cego, fervi mesmo.

Pediste-lhe desculpa quando saíste da água?

Na altura não lhe disse nada. Foi em 2005. Acabei por perder o heat e cá fora ainda trocámos umas palavras, ficámos bem próximos de aquecer. Ele veio pedir satisfações e eu, chateado por ter perdido, mandei-o para um sítio que eu cá sei. Fui um bocado mal-educado, não tive uma postura correta.

Quando voltaste a falar com ele?

O campeonato seguinte foi na Ericeira. Apanhei-o na rua e ele sabia que eu era dali. Senti que quando ele me viu a chegar, rodeado de amigos, em casa, estava com um bocado de medo. Os anglo-saxónicos, em relação aos latinos, comparam-nos muito aos brasileiros. Sobretudo na altura, em que não conheciam bem Portugal e achavam que éramos manhosos. Na altura até havia muitas histórias de pranchas roubadas na Ericeira e eles não tinham uma grande imagem de nós. Senti que ele estava com medo de mim no campeonato.

Os melhores resultados de Tiago Pires no WCT são um 3.º lugar em Bali (Indonésia, 2008), um 3.º lugar em Hossegor (França, 2009), um 5.º lugar em Teahupoo (Tahiti, 2010), um 3.º lugar na Gold Coast (Austrália, 2011), 5.º lugar no Rio de Janeiro (Brasil, 2012).

Aí fui-lhe pedir desculpa, dizer que não me tinha portado bem, e senti que aquilo foi um alívio para ele [enche o peito de ar e suspira, bruscamente]. Ele devia achar que ia inventar um estratagema para o matar ou assim. Ainda bem que decidi fazer o que estava certo. Fiquei tão bem comigo próprio que acabei por ganhar o campeonato. Não é bonito fazer o que fiz. Mas fervi, não gostava nada de alguém que me marcasse logo a meio do heat.

E discussões com o júri?

A última que me lembro até foi em Peniche, há dois anos. Tiveram uma falha na atribuição da prioridade. Foi logo na primeira ronda. Estava a ter um heat bom e tiraram-me a prioridade numa onda em que não remei. O Owen Right acabou por apanhar uma onda e virou o heat. O mar estava manhoso, com poucas ondas boas, e fiquei quente. Cheguei a ir lá a cima, pedi para me mostrarem as repetições e deram-me razão. Mas aí pronto, o mal já estava feito. São decisões que eles têm de tomar depressa, nem sempre têm tempo para verem as repetições.

É a história da tua relação com Peniche.

Sempre tive uma sina lá de surfar os últimos heats do dia, ou os últimos heats porque o mar estava tão mau que a organização decidiu interromper a prova. Cheguei a surfar no Molhe Leste, num ano em que nem devia ter começado o campeonato nesse dia. Esse tipo de situações sempre me acompanhou. Claro que soa um bocado a desculpas, mas, para quem lá esteve e viu, as coisas nem sempre foram muito justas para o meu lado.

Acreditas no karma?

Sim, um bocado. Não sou muito supersticioso, mas gosto de acreditar que somos recompensados se fizermos o bem. É uma coisa que me guia.

Fizeste mal a alguém em Peniche?

Quando tens maus resultados, tudo te passa pela cabeça. Pensava se não estava a ir vezes suficientes em Peniche, durante o ano, para treinar. Se não gostava da onda o suficiente para ter bons resultados. Se tinha o karma do meu lado… Mas não acredito que tenha sido essa a razão.

Tiago Pires no meio de Vasco Ribeiro, à esquerda, e Frederico Morais, à direita, na apresentação da última edição do Moche Rip Curl Pro, em Peniche. Foto: José Sena Goulão/Lusa

LUSA

Alguém te ficou, ou está, a dever um pedido de desculpas?

Penso que não. No QS há muitas histórias dessas, de não respeitar o próximo, e além de ter sido o vilão dessa vez, houve muitas em que fui o lesado. Felizmente, depois de entrar no CT, tens um grande salto na tua vida. Não digo que entras num mar de rosas, mas tudo fica melhor. Há o dinheiro, as ondas que surfas, a exposição. Tudo flui. Deixas de ser apenas mais um soldado que anda ali no meio da qualificação.

É fácil um surfista deslumbrar-se?

Completamente. Aconteceu a muitos. Felizmente, sempre fui uma pessoa que conseguiu identificar esse tipo de casos. No meu primeiro ano no circuito, continuei a correr o QS como se nada fosse. Acabei por usar os pontos do QS para me qualificar de novo, no primeiro ano. De certa forma, há um certo estereótipo do surfista rookie, dos que têm o primeiro ano no CT. Se calhar um ou dois aguentavam-se, os outros saíam. São circuitos muito diferentes. Eu e o Zé [José Seabra, o treinador] sempre estivemos muito atentos a isso. Antes de entrar, agarrava-me a qualquer oportunidade de competir num campeonato do CT, fazia-me ao piso, percebes? Coisa que não vejo muitos portugueses a fazerem. O Frederico [Morais] é o único que tem essa oportunidade, porque a Billabong organiza muitos campeonatos.

Aí é que se vai buscar experiência?

Parecendo que não, são experiências ótimas. Se fores aos trials das provas dos CT, consegues surfar as melhores ondas do mundo em heats com pouca gente. Vês o que é preciso para estar ali, o que precisas de melhorar. Podes treinar muito, mas se fizeres um bom tubo no free surf ficas sempre a pensar quanto é que valeria em competição. Um grande tubo no CT, se calhar, tem nota 6. Estas oportunidades valem ouro, tens que agarrá-las. Já falei várias vezes com o Kikas e disse-lhe que tem de ser mais ativo. Que tem de ir atrás de vagas nesses campeonatos, tem que se fazer a eles. Se não for ele, há de haver algum australiano ou brasileiro a quererem um wildcard.

Eles preocupam-se muito em entrarem no campeonato de Peniche, mas a onda não é desafiadora, não apresenta nada de novo, não a podes comparar com o Tahiti ou com Pipeline. Em termos de conhecimento de onda, é normal. Às vezes está de gala e toda a gente se rói para estar ali, mas os dias de ondas perfeitas em sete edições de campeonato contam-se com os dedos de uma mão.

Tiago Pires

Conheces alguém que se tenha deslumbrado e perdido?

O Marlon Lipke. Entrou para o CT em 2009 e foi um caso de deslumbramento total [faz uma pausa, para pensar]. Lembro-me perfeitamente. Ele vive em Portugal, no Algarve, e a ASP na altura atribuiu-lhe um convite para participar no CT, porque ele tinha sido o último a ficar de fora, na classificação do QS. Acharam que era bom para o desporto. Ele tinha feito um grande ano, mas deslumbrou-se completamente. Achou que a vida dele ia mudar, que era um superstar, que ia ser muito mais fácil e surfar só ondas boas.

O circuito ajuda a que isso aconteça? Festas, convívio, mulheres…

Também. Tens acesso a muito mais coisas. Dificulta a vida se não tiveres cabeça para lidar com isso. Somos feitos das pessoas que nos rodeiam, de quem nos puxa as orelhas. Ninguém está sozinho nesta vida e a equipa de um surfista é muito importante. Acaba por ser o teu contrapeso, a tua ajuda, o teu apoio. O Marlon esteve mal acompanhado, não tinha ninguém para lhe puxar as orelhas nos momentos certos.

Tentaste ser tu a fazê-lo?

Sim. Tentei dar-lhe alguns conselhos, o Zé Seabra também. Até tentámos que viesse cá para cima treinar comigo. O Algarve é um sítio maravilhoso, mas para ir de férias. Para te rodeares de um ambiente competitivo e de evolução tens de estar perto dos atletas. Se em Portugal já não há muitos, no Algarve então, não há ninguém. Disse-lhe para vir treinar comigo e ele até pensou em mudar-se, mas não aconteceu. Ele só passou um heat no ano inteiro, foi difícil. Quando és rookie também sofres um bocado. No momento de o júri tomar decisões e pontuar ondas, pode escolher o outro lado, o do surfista com mais nome. O Marlon sofreu um bocado com isso. Depois aconteceu-lhe o pior, que é entrares e saíres logo do circuito. É uma machadada na tua imagem e nós vivemos muito disso. Se és o saco de pancada que lá entrou e saiu, deixam de acreditar em ti.

Um surfista sente muita pressão no CT?

Até ao segundo ano, em que começas a sentir que já fazes parte da mobília, acho que sim. Até lá tens de quebrar muitas barreiras. É uma multidão de pessoas, um stress. Sentes que há uma máquina e um peso à tua volta que não sentes no QS. O som nos campeonatos está muito alto, as pessoas falam muito no teu nome, estão-te sempre a identificar, a contar a tua história. Sentes que estás nos holofotes. Depois tens que estar na água e gerir isso. Ouves tudo e, de repente, tens de entrar numa onda e partir aquilo. Às vezes, a meio da onda, já estás a pensar se vais passar o heat ou não.

Havaí, 1999, o meu primeiro ano no circuito...Uma parceria que durou vinte anos e que deu muitos frutos! Tudo o que...

Posted by Tiago Pires on Wednesday, 2 March 2016

Alguma vez tiveram que te puxar as orelhas?

Sempre tive o Zé ao meu lado. É uma pessoa muito honesta e se tiver de criticar fá-lo, sem problema. Lembrava-me sempre que os pontos fracos tinham de ser trabalhados. Sempre tive um bocado essa apetência, de subir muito com as vitórias, ficar demasiado contente, e o Zé foi fundamental para me puxar para baixo. Eu entrava muito em êxtase. Felizmente comecei a ganhar campeonatos muito cedo, mas é sempre preciso olhar para a prova que vem daí a duas ou três semanas. É fácil os pés deixarem de estar na terra e começares a levitar. Aí é que acontecem as derrotas pesadas. É preferível celebrares uma vitória qb. O ano é longo. Se ganhas um campeonato a meio do ano e o resto é péssimo, o que fica é o lado péssimo.

Quem achas que gere melhor isso tudo?

O Mick Fanning sabe digerir uma vitória melhor do que ninguém. É capaz de ganhar um campeonato, festejar que nem um doido e pronto, é um dia. No dia seguinte já está a treinar outra vez, a pensar no próximo. Foi assim que conseguiu os três títulos e consegue ser um atleta de topo há vários anos.

Ele até te deixou uma mensagem, no dia em que anunciaste a tua retirada, não foi?

Desejou-me sorte para este próximo capítulo. Sabia que estava bem entregue, que tenho uma família bonita e disse que adorou viajar estes anos todos comigo. Na mesma noite, de madrugada, quando já tinha voltado da festa, ele ligou-me. Eram 11h00 cá e quase meia-noite na Austrália. Ele não estava em muito bom estado [ri-se um pouco]. Disse, na brincadeira, que também se ia retirar e que devíamos ir viajar e tal. Percebi que já estava um pouco tocado. O Mick está num momento da vida dele em que precisa de relaxar um pouco. Teve muita coisa pesada a passar por ele: o tubarão, a morte do irmão, divorciou-se da mulher… Tudo e mais alguma coisa. Foi um ano muito pesado para ele. Fez bem em tirar um tempo. É tricampeão mundial, por pouco não ganhou um quarto título, não tem nada a provar. Se calhar ainda vai ganhar mais um.

"Eu entrava muito em êxtase. Felizmente comecei a ganhar campeonatos muito cedo, mas é sempre preciso olhar para a prova que vem daí a duas ou três semanas. É fácil os pés deixarem de estar na terra e começares a levitar. Aí é que acontecem as derrotas pesadas. É preferível celebrares uma vitória qb."

E vão viajar ou não?

Vamos ver. Talvez se proporcione a seguir às provas da Austrália [em Snapper Rocks e na Gold Coast, as duas primeiras do circuito mundial].

Hoje tens mais vontade de fazer viagens de free surf?

Sem dúvida. Neste momento estou free as a bird. Tenho o projeto do documentário, que já comecei e me vai obrigar a viajar um bocadinho. Também é nesse sentido que estou a falar com o Mick e com outros. Claro que vou ter mais tempo para outros desafios. Tenho uma costela de explorador e nunca tive oportunidade de a aproveitar. Sempre que tive intervalos, eram de poucas semanas, não dava tempo para pesquisar sítios que gostava de ir. Hoje em dia é olhar para o Google Earth e escolher onde se quer viajar. Ainda tenho uma ligação à Quiksilver de cinco anos e não me vou desligar do mar assim tão depressa.

Já não te divertias a surfar?

Divertia-me. E divirto-me. Mas, às vezes, estes acidentes que acontecem até são bons. Deixas de surfar um bocado, desces de forma, e depois ficas com mais vontade para voltares a ser como eras.

Este acidente assustou-te?

Assustou-me. Não estava à espera de não dropar aquela onda, nem de bater com tanta força na pedra. Foi uma pancada muito violenta. Já tinha ido à pedra muitas vezes, em todo o lado, muitos sítios diferentes. Mas na Cave é um embate mais violento, deixa-te um bocado mais abananado. Neste caso, foi mesmo mais magoado. Claro que comecei a repensar um pouco na vida, se aquilo faz sentido para o partido que tiras, se vale a pena arriscar tanto. Mas está dentro de mim querer surfar ondas buracosas, difíceis. No dia em que deixar de ter pica é que entrego as botas de vez. Continuo a ter aquele bichinho de apanhar ondas de gala, fazer tubos mais compridos, mais profundos… O momento em que deixar de ter vontade é que vou pensar em projetos que não envolvam água.

Por tudo o que fez, momentos memoráveis para relembrar! #tiagonextchapterhttp://win.gs/211r1jc

Posted by Red Bull on Saturday, 27 February 2016

Ouviste um raspanete da tua mulher quando chegaste a casa?

Foi logo no hospital! [risos] Ouvi no Santa Maria. Foi um bocado como ser uma criança: sabes que não podes fazer, mas é aquilo que mais gostas de fazer e vais acabar sempre por fazer. Somos gulosos, queremos surfar a onda que quase ninguém surfa, viver o desafio. Já surfo a Cave há mais de dez anos, fui o primeiro, e até 2011 nunca me tinha magoado. Ia lá sempre duas ou três vezes por ano. As minhas melhores sessões foram no início e não se compara a qualquer outra onda da Ericeira. A sensação que retiras dali é muito melhor, é um êxtase. Como nunca me aconteceu nada durante anos, fiquei sempre com a sensação de que as coisas se iam repetir. Mas nunca mais surfei ondas tão boas como as do início e nos últimos anos fui-me magoando mais. E hoje estou muito mais preparado.

A Cave é das ondas mais difíceis de surfar em Portugal?

É das mais perigosas que já surfei. Eu e qualquer um com que fales. A prova é que há surfistas de topo em Portugal que nem vão lá, não querem arriscar. Se falares com um John John Florence ou um Kelly Slater, eles vão por a Cave no top-3 das ondas mais perigosas do mundo.

Levaste lá algum deles?

O Kelly. Ele sempre quis lá ir. Uma vez, em 2004 ou 2005, ele viu um vídeo que mostrava um tubo que fiz na Cave. Desde aí que ficou com vontade. Quando me qualifiquei para o circuito, das primeiras coisas que ele me disse foi que queria ir aquela onda. Assim que o campeonato foi para Peniche foi sempre insistindo. É um fanático por ondas, quando mete uma na cabeça não a esquece. Em 2011 fomos lá surfar, sozinhos. Depois ainda voltou com o John John, numa sessão que deu imagens para o mundo. E continua doido com a Cave. Dizia que queria voltar, arrancar mais atrás na onda. É um psicopata. Vai para ali, vê que a onda é muito difícil e ainda procura formas de torná-la mais difícil. Pensa mais em surf do que qualquer um.

Ajuda ter um parafuso a menos?

Acho que sim, dá jeito. É nesse tipo de ocasiões que consegues fazer coisas que os surfistas comuns nunca conseguirão fazer. Esse parafuso a menos, ou que está meio desapertado, é o que te faz ir e arriscar. Pode dar para o bem ou para o mal. Quando dá para o bem, distancias-te muito do resto da malta.

Histórias de uma vida no circuito mundial

Ondas tubulares e "buracosas". Saca diz que continua com vontade para dar e vender de surfar ondas destas. Foto: Ricardo Bravo/Moche

Ricardo Bravo/Moche

“Tem que acontecer, claro, a quem apanha 40 ou 50 aviões por ano. Várias vezes a bagagem não chegou, é uma situação muito má. Lembro-me de uma vez que fui competir ao Brasil, num WQS. Tinha um voo direto, de Lisboa para Salvador da Bahia, pela TAP. Estava confiante e fui dois dias antes, para ainda ter um para treinar. Era um voo de sete horas. Cheguei ao Brasil e fiquei quatro dias sem pranchas. Pá, nem quis acreditar. Como é que as pranchas se perdem num voo direto? Não se perderam durante um dia, foram logo quatro! Tive que competir com a prancha de um amigo, o Alain Riou, treinei com pranchas de outros. Infelizmente, este tipo de situação aconteceu algumas vezes, sobretudo em viagens com várias escalas. Mas, em voos diretos, é preciso muita peripécia para uma bagagem ficar perdida durante quatro dias. Pensei que ia ficar sem as pranchas.”

“Perdi uma vez um avião em Londres, numa escala. Uma vez tinha umas horas e fui dar uma volta ao centro da cidade e caí na ingenuidade de apanhar um táxi de volta para o aeroporto. Dei uma hora para a viagem até Heathrow e até estava tranquilo. Como também estava cansado, dormi um bocadinho no táxi, uma sesta aí de 10, 15 minutos, e quando acordei percebi que nem um metro tinha andado. Estava na mesma rua, completamente parado! Cheguei ao aeroporto e foi um filme. Cheguei ao check-in, já estava fechado, e disseram-me que ainda conseguia um voo em Gatwick, outro aeroporto. Que tinha tempo, mas que teria de ser a abrir. Nunca me tinha acontecido tal coisa. Estás ali, perdido da vida, com pranchas atrás, e pus-me num táxi muita manhoso, o homem disse que ia dar-me na boa. Claro que cheguei a Gatwick e não apanhei o voo. Senti-me o maior amador do mundo. Perdi umas quatro horas nisto tudo e não fui para lado nenhum.”

“Tirando os momentos em que estás de rastos e queres mesmo descansar, lido bem com isso. Acontece quase sempre a chegar a casa. As pessoas às vezes não percebem que estás todo roto da viagem, que estás sentado, a tentar dormir um bocadinho, com um granda jet-lag, e as pessoas vêm pedir um autógrafo ou uma foto. E tu, com os olhos trocados, a posar. Acabam por ser esforços pequenos e fazem as pessoas felizes, é bom, tens sempre de dar um bocadinho de ti às pessoas.”

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Posted by Tiago Pires on Friday, 26 February 2016

“Uma vez, logo no início do circuito, houve um QS na ilha Reunião, um sítio que agora está proibido por causa dos tubarões. Havia uma prova numa onda mágica, em St.Leu, uma esquerda quilométrica, linda. Tinha 19 anos, foi no primeiro ano no circuito. Fui para lá sozinho e não reservei sítio para ficar, fui mesmo à aventura. A única pessoa que conhecia era o Nuno Jonet, sabia que ele ia para lá comentar a prova. Fiz escala em Paris e andava lá perdido, no meio da confusão. Já estava em stress, atrasado para chegar ao voo, a correr, e às tantas dou com um gajo a dormir, muita confortável, nas cadeiras do gate para o voo. Era um taitiano e reconheci-o, era um surfistas do caraças.”

“Estava a dormir ferrado, mesmo. Percebi que ele ia no meu voo e acordei-o. Devia estar a vir do Tahiti, com um granda fuso horário. ‘Epá, ainda bem que me acordaste!’. Fomos juntos no voo, agradeceu-me e disse-me que ia ficar em casa de um local, onde também ia ficar o Nuno Jonet, e acabei por ficar com ele, sem combinar! Até o Tom Curren [três vezes campeão do mundo] estava lá, incrível. Foi top. No meio de uma situação que podia ser péssima, porque eu não falo assim tão bem francês, a ilha da Reunião é um sítio difícil e não tinha muito dinheiro para marcar hotéis. Teria passado um mau bocado. Mas acabou por ser uma viagem muita gira. Convivi sempre com o Tom Curren no ano em que ele estava a largar os campeonatos. Havia um estúdio de música em casa, foi demais. Ainda cozinhei umas vezes para eles, com 19 anos, a fazer umas massas e eles a adorarem. No campeonato não fiz nada em termos de resultados. Mas aquilo marcou-me. Quando vais sozinho nestas aventuras acabas sempre por fazer amigos. Tens que te desenrascar. É diferente de quando vais com treinador, cameraman ou família.”

“No primeiro ano também fui à Austrália, a Margaret River, sozinho. Aquilo é no meio do nada, numa reserva, e não tens sítio para ficar a não ser os casarões das famílias que lá moram. Através da Billabong consegui ficar com um shaper que vivia lá, um gajo meio maluco da cabeça. A mulher dele ia-me buscar a Perth, a três horas de carro de Margaret River. Senti-me um privilegiado. A mulher dele e a filha foram-me buscar, dormimos uma noite em Perth e partimos no dia seguinte. Ainda pensei que ele me ia fazer umas pranchas novas e tal. Mas quando chegamos a Margaret River, depositam-me no parque de campismo, a um quilómetro ou dois do campeonato, e pronto, ‘boa sorte e curte aí o campeonato’.”

“Nem havia telemóveis na altura e estava num sítio onde não dá para fazer nada a pé. Tens de ter carro, ponto. Estás perto do mar, mas as distâncias são grandes, a costa tem pequenos picos, longe uns dos outros. Aluguei uma rulote e comecei logo a pensar no filme que ia ser estar ali, sem carro, lixado da vida. De repente chegam uns brasileiros e alugam a rulote à minha frente. Era o Danilo Costa e o Marcelo Nunes. Conhecia-os, minimamente. Eram três surfistas e um cameraman, tinham carro. ‘Olha, o portuga!’. Acabei por estar com eles durante o campeonato, fiquei com amigos. Agora é muito bonito, mas quando estás lá sozinho, no fim do mundo, é um filme. Pensas sempre: ‘Ui, e agora?’.”

Como será a vida fora do circuito

Tiago Pires vai competir este ano na Liga Moche, circuito nacional de surf, e restam-lhe cinco anos de contrato com a Quiksilver. Foto: Álvaro Isidoro/Global Imagens

Álvaro Isidoro / Global Imagens

Fazer uma viagem destas sozinho, com esta idade, ainda te passa pela cabeça?

Hmm, não sei. Hoje em dia pensas logo: ‘Eu quero registar isto’. Por isso levas um fotógrafo ou um cameraman. Não sei se é por o teu tempo ser mais valioso, ou por quereres documentar tudo, hoje consegues fazer coisas que não conseguias quando eras miúdo. Hoje tens outras facilidades.

Achas que a felicidade é maior se for partilhada?

Sem dúvida. Se tiver de escolher entre ir sozinho ou acompanhado por um ou dois amigos, opto pela segunda. É o ideal. Odeio surfar no meio da multidão, dou-me mal mesmo, não fico de mau humor, mas não gosto. Ter de estar a disputar ondas ou ficar muito tempo à espera. Tento sempre evitar ou isolar-me o mais possível. Mas acho que o surf é um evento de partilha. Mesmo se estiveres sozinho, acabas por contar um amigo próximo: ‘Eish, altas ondas que apanhei ali’. Se não contares a ninguém não tem magia. Hoje em dia até gostas que as sessões estejam filmadas. A cena solitária é um bocado pesada.

Falta-te ir a algum sítio?

Muitos. Sinto que há sítios onde o homem ainda não passou por lá. Que há muitas ondas por descobrir. Há tantos fatores que vão fazendo com que as ondas mudem de cara. Os próprios tsunamis partem reefs e fazem com que outros apareçam. É uma constante mudança. Até aqui perto de casa, na Ericeira, sei que há ondas que ainda não foram descobertas e surfadas. Não se pode dizer que está tudo feito. A Cave passou anos sem ser surfada, por exemplo. Só que precisas de ter tempo e alguma sabedoria para ir aos locais certos, nas alturas certas. Isso requer muito engenho e tens de gostar mesmo de fazer isto.

Imaginas-te a ser treinador ou comentador?

Comentador tiro logo do baralho. Treinador, até hoje, nunca me cativou. Até tive uma primeira experiência recente, na Ericeira, durante o Campeonato do Mundo de juniores. Um miúdo americano da Quiksilver, o Kanoa Igarashi, que este ano até vai estar no CT, pediu-me ajuda. Fiz um bocado de tudo: surfei com ele na onda, víamos vídeos em casa, falámos muito da aproximação à onda, a linha de surf. Ele sabia que tinha muita experiência ali e, nesse sentido, ele foi esperto. Aceitei o desafio para ver no que dava. Mas não mexeu comigo como achei que ia mexer. Acho que tens de gostar da pessoa, querer trabalhar com ela, e essa pessoa querer muito trabalhar contigo, para te saber ouvir e respeitar. Comigo foi a longo prazo, uma relação de irmão. Assim as coisas têm força para andar. De outra maneira, se for apenas uma relação laboral, acho que é curto e não resulta. Mas não descarto totalmente essa hipótese. Para já não, o que quero mesmo é estar em casa, a relaxar.

Se for o teu filho?

Ui, espero que não. É uma relação muito intensa! Ainda por cima os miúdos, hoje em dia, começam a viajar aos 12 anos. Com treinadores e com os pais. É um bocado aquilo que tens de fazer, andar atrás dos melhores, a ver o que eles fazem. Obriga-te a sair de Portugal.

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