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“Não acredito nunca mais
Numa só palavra tua
Quando apareceres novamente
Ficas no olho da rua”
O duo Musical Latino 2 estava só à espera que Assunção Cristas chegasse para arrancar com o Baile do Dia do Idoso na Congregação de Nossa Senhora da Caridade, um lar de idosos em Viana do Castelo. A escolha musical, um kizomba, talvez não tenha sido a mais óbvia para receber um político, mas isso pouco importava a quem lá estava — uma boa parte com mais de 90 anos — que só queriam puxar a comitiva do CDS para dançar, incluindo a “senhora dona Cristas”. A líder do CDS defendeu o setor social, mas também que os idosos devem ficar nas suas casas o tempo que for possível e que o partido vai continuar a apoiar o aprofundamento do estatuto do cuidador informal.
Quando questionada sobre o facto de António Costa mudar a agenda para dar apoio ao Governo Regional dos Açores na passagem do furacão “Lorenzo”, Assunção Cristas manteve-se monotemática: “Deixe-me falar dos idosos, que acho que é algo que preocupa muito o nosso país.”A líder centrista, que completou 45 anos no último sábado, revelou ainda como se vê a envelhecer: “Feliz e acompanhada por aqueles de quem mais gosto“.
De atualidade, Cristas só reagiu ao facto de deputados do PSD se terem queixado de não ter autorizado que as suas assinaturas seguissem no pedido de fiscalização sucessiva enviado para o Tribunal Constitucional a propósito do estatuto de associação pública da Casa do Douro. A líder do CDS responsabilizou-se apenas pelos seus: “As assinaturas do CDS foram todas autorizadas“. Antes de sair da congregação, Assunção Cristas ainda visitou a Igreja.
Cristas seguiu depois para um passeio de Viana do Castelo, que terminaria com uma das famosas bolas de Berlim do Natário. Antes disso, a líder do CDS voltou a mostrar empatia com os eleitores e chegou a parar o trânsito. Isto porque houve duas mulheres que deram duas voltas de carro só para cumprimentar Assunção Cristas e — quando conseguiram finalmente parar — a líder do CDS teve uns segundos à conversa com as suas fãs, o que fez logo uma pequena fila. A líder saiu satisfeita da conversa: “São votos seguros e vão levar mais dois ou três a votar.” É isso sempre que Assunção Cristas pede quando lhe garantem o voto.
Mais à frente, na esplanada do Café Paris, conheceu um militante inscrito no partido pelo antigo líder José Ribeiro e Castro e pediu-lhe logo: “Tem de levar mais alguém“. O militante centrista apontou para a mulher e disse: “Levo a minha companheira de vida”. Mas Cristas não ficou satisfeita: “Não chega. Tem de levar mais.”
Antes disso tinha ouvido um conselho de uma lojista. “Tem de fazer mais barulho: o povo gosta é de chouriço música e bombos, sem bombos não vai lá“, atirou. Ao que Cristas respondeu: “Não, isto é uma campanha discreta. Somos discretos.” Mas a lojista não desistiu: “Olhe, o Rio esteve cá ontem e era só barulho. Devia andar com bombos”.
O antídoto anti-Costa: CDS vai já pressionar Ferro a enviar declarações ao MP
Para grandes males, grandes remédios. O primeiro-ministro continua a ignorar as perguntas do CDS sobre o caso de Tancos, mas Assunção Cristas não desiste de encontrar a receita que fará António Costa reagir. Após uma visita à farmacêutica Bluepharma, em Coimbra, Cristas antecipa que o CDS vai aproveitar a conferência de líderes de quarta-feira para questionar e pressionar o presidente da Assembleia da República a enviar as declarações de Costa e Azeredo Lopes para o Ministério Público. Segundo a candidata centrista, o líder parlamentar, Nuno Magalhães, “vai aproveitar esse momento para fazer a pergunta direta [a Ferro Rodrigues] e se responde ao repto do CDS, se já enviou todos esses elementos”.
Mas não vai ficar por aí e o passo seguinte é mesmo uma prescrição formal. “No caso de uma resposta negativa, nós faremos esse pedido formalmente por escrito“, antecipa Assunção Cristas na primeira ação de campanha desta terça-feira. Na noite de segunda-feira já se sabia da conferência de líderes, mas a líder do CDS decidiu guardar as respostas sobre o assunto para esta terça-feira. O objetivo é claro: mais um dia a falar de Tancos.
Insistindo no tema, Cristas tinha na mão uma folha com as respostas do primeiro-ministro à Comissão de Inquérito, que fez questão de ler em voz alta. “Para não me enganar, vou citar e ler a resposta que o primeiro-ministro deu por escrito a essa comissão: ‘O professor doutor Azeredo desempenhou com lealdade as funções de ministro da Defesa Nacional, transmitindo-me sempre em todos os assuntos a informação que considerou relevante ou que eu solicitei’.” Ora, para a líder do CDS atualmente “existe muito mais informação”, o primeiro-ministro” tem de explicar se continua a entender que o ministro da Defesa Nacional exerceu as funções com lealdade”, se lhe “transmitiu toda a informação que considerou relevante” e ainda se solicitou a Azeredo Lopes “alguma informação que, porventura, não lhe foi facultada”.
Na mesma lógica de pressão a Ferro Rodrigues, Cristas nem admite que o presidente do Parlamento não convoque a comissão permanente antes das eleições. A líder CDS destaca que “o Parlamento atua numa lógica de maiorias, a permanente pode ser reunida quer por iniciativa do presidente da Assembleia da República(AR), quer a pedido dos grupos parlamentares”. E acrescenta: “Mal seria que o presidente da AR não convocasse a conferência de líderes para analisar e marcar a reunião.”
Cristas não gosta das 35 horas, mas não há remédio (barato) para isso
Antes das declarações, Assunção Cristas visitou a Bluepharma e reuniu-se com a administração. O presidente do conselho de administração, Paulo Barradas, fez-lhe queixas sobre o fim das 40 horas na função pública, já que lhe traz problemas de explicar aos trabalhadores no privado que têm de trabalhar mais cinco horas por semana. Assunção Cristas concordaria com as 40 horas na função pública, mas como isso teria de ser pago à parte e os recursos do Estado são escassos, prefere aplicar esse dinheiro em “baixar os impostos”. “Temos de ter prioridades”, comentava com Paulo Barradas.
Cristas também concordou com o presidente da Bluepharma na questão da redução dos impostos sobre o trabalho, em particular com a frase de que a empresa “paga um salário justo” aos trabalhadores, mas depois de impostos estes recebem um “salário injusto”. A líder do CDS defendeu novamente a medida de chegar ao IRC da Irlanda em 2026, Paulo Barradas concordou e registou que algumas das grandes farmacêuticas da Europa estão precisamente sediadas na Irlanda.
Artigo atualizado ao longo do dia de campanha