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Antigo empresário, 40 anos, cosmopolita, uma nova figura na política e alguém que quer a reconciliação da Rússia com o Ocidente. Vladislav Davankov é um dos quatro candidatos às eleições presidenciais russas, marcadas para este domingo — e um dos três que se candidataram contra o atual Presidente. E aquele que também mais contrasta com Vladimir Putin, um antigo espião do KGB de 71 anos à frente dos desígnios da Rússia há quase 25 anos e que apostou numa guerra na Ucrânia que quebrou com todos os laços com os países ocidentais.
No programa eleitoral de Vladislav Davankov, um dos objetivos é transformar a Rússia num país mais liberal e mais aberto. “Sim às mudanças” e “Tempo para novas pessoas” são os dois slogans da campanha do homem que foi o número dois numa empresa de cosméticos, ainda que tenha trocado há anos o mundo dos negócios pela política, desempenhando atualmente o cargo de vice-presidente da câmara baixa do Parlamento russo, a Duma.
As ideias do antigo empresário são antagónicas às de Vladimir Putin, que aposta num cenário de continuidade e numa Rússia mais fechada e conservadora. Porém, por mais surpreendente que possa parecer, o apertado crivo do Kremlin deixou passar a candidatura presidencial do homem de 40 anos, contrariamente ao que aconteceu com Yekaterina Duntsova e Boris Nadezhdin. Críticos da guerra e do regime, a Comissão Eleitoral Russa primeiro criticou obstáculos às duas candidaturas e depois acabou por não as autorizar. Isso não aconteceu com Vladislav Davankov — e esse já é motivo suficiente para que a oposição russa franza o sobrolho.
Para além de Vladislav Davankov, há mais dois nomes que concorrem contra Putin nestas eleições. Um deles é o veterano do histórico Partido Comunista da Federação Russa, Nikolai Kharitonov. Muito crítico das medidas sociais impostas pelo regime de Vladimir Putin, os comunistas adotam o lema para estas eleições de que o país já “brincou ao capitalismo” e que agora “basta”. Porém, apesar dos efeitos económicos adversos que gera o conflito na Ucrânia para a generalidade da população, o candidato de 75 anos, admirador confesso de Lenine, manifesta-se a favor da guerra no país vizinho.
Noutro extremo ideológico, quem igualmente se candidata à presidência da Rússia é Leonid Slutsky, pertencente ao Partido Liberal Democrático da Rússia (LDPR, sigla em inglês). O nome da força política não se traduz, contudo, na generalidade das ideias que defende. Slutsky, de 56 anos, é conotado com a extrema-direita nacionalista e pan-eslava. Assim, as suas ideias são ainda mais conservadoras e mais nacionalistas do que as de Vladimir Putin, para quem, confessou numa entrevista, não se “importava de perder” no próximo dia 17 de março: “Apenas sonho em vencer a operação militar especial”.
Nikolai Kharitonov. O veterano comunista
Num regime que se centra na imagem de Vladimir Putin, o Presidente russo parece ter olhado sempre com alguma condescendência para um partido que tem ficado todas as vezes em segundo lugar nas eleições presidenciais russas: o Partido Comunista da Federação Russa (PCFR). Herdeiro assumido do politburo do Partido Comunista da União Soviética (e até dos bolcheviques), a força política tem vindo, contudo, a perder eleitores ao longo dos anos.
Segundo uma sondagem publicada na segunda-feira pelo Centro Russo de Pesquisa da Opinião Pública, o Partido Comunista deverá manter o segundo lugar nas intenções de voto, mas não irá além dos 6%. A confirmar-se, será o pior resultado de sempre dos comunistas. Em contraponto, a candidatura de Vladimir Putin angariará, mostra a mesma sondagem, 82% dos votos — o melhor resultado de sempre.
E isso nem incomoda propriamente o atual Partido Comunista, que parece estar conformado a participar de forma muito limitada na vida política russa. “Putin é responsável pelos seus mandatos, porque é que eu deveria criticar?”, questionou o candidato presidencial Nikolai Kharitonov, em declarações numa ação de campanha citadas pela agência estatal russa TASS. O comunista, de 75 anos, sublinhou igualmente que “entendia perfeitamente o quão pesada era a responsabilidade de ser Presidente russo” e que, por isso, não ia reprovar as ações do Presidente russo durante a campanha.
Fazendo parte da vida política do regime russo, o Partido Comunista na Rússia aceitou as regras do jogo e o papel que Vladimir Putin lhe permitiu desempenhar: uma oposição tímida que não levanta grandes ondas e que serve para não hostilizar diretamente os saudosistas do regime soviético. Há algumas diferenças entre o regime construído pelo chefe de Estado e os comunistas, ainda assim. Como se lê no manifesto publicado no site, o PCFR declara como grande inimigo o capitalismo; por seu turno, o Presidente russo não se opõe à economia de mercado.
Em sentido inverso, há outros pontos em que o Partido Comunista na Rússia olha com bons olhos para Vladimir Putin, principalmente no que diz respeito à política externa. “Depois da destruição da União Soviética e a restauração do capitalismo no espaço pós-soviético e na Europa de Leste, os Estados Unidos e os seus aliados mais próximos seguiram uma política de globalização imperialista”, lê-se no manifesto. Ora, o discurso encontra vários paralelismos com as posições que o Presidente russo tem adotado, principalmente desde a anexação da Crimeia em 2014.
Assim sendo, não é de estranhar que o Partido Comunista tenha apoiado a guerra na Ucrânia lançada por Vladimir Putin. O secretário-geral comunista, Gennady Zyuganov, denunciou, num discurso esta terça-feira, que existe uma “guerra para destruir o mundo russo”, apontando o dedo ao Ocidente. “Hoje, a maior maldade no mundo é a política externa norte-americana e a agressão da NATO. Vemos isto na Ucrânia, onde o povo unido da Rússia foi colocado um contra o outro.”
Lembrando a herança de Estaline — e como derrotou os nazis na Segunda Guerra Mundial —, Gennady Zyuganov disse mesmo que se deve tomar notas “das lições” da vitória daquele líder soviético. Em tempos de guerra, o secretário-geral comunista considera assim que o país deve estar “unido” e que não deve ser criada “tensão interna na sociedade russa”: “Ninguém precisa disso. E acima de tudo, o Presidente Vladimir Putin não precisa”. “As próximas eleições presidenciais devem consolidar a nossa sociedade o mais que se puder para maximizar as forças para a vitória na linha da frente.”
O rosto escolhido pelos comunistas para chegar à “vitória” contra a Ucrânia e contra o Ocidente foi o de Nikolai Kharitonov, que já disputara as eleições presidenciais de 2004. Na altura, concorrendo contra Vladimir Putin, o candidato do PCFR ficou em segundo com 13,69% dos votos contra 71,31% do Presidente russo.
Nascido na aldeia de Rezino, localizada no oblast de Novosibirsk, Nikolai Kharitonov foi engenheiro agrónomo durante 15 anos antes de entrar na política. Após a queda da União Soviética, ajudou a fundar o Partido Agrário, mas cedo o abandonou e se associou ao Partido Comunista, pelo qual foi deputado durante quase vinte anos na Duma. Nesta câmara do Parlamento russo, o homem chefia desde 2011 a comissão de desenvolvimento das regiões árticas e do Extremo Oriente.
https://twitter.com/Syrian_Assyrian/status/1760752593888800811
Ganhando quase o estatuto de senador no Partido Comunista, além de Nikolai Kharitonov, havia mais dois nomes apontados para concorrer a estas presidenciais: Gennady Zyuganov e o deputado Yuri Afonin. O homem de 75 anos foi o escolhido, mas vários setores do partido preferiram apostar no secretário-geral. Ainda assim, por conta da situação interna na Rússia e receando um resultado aquém das expectativas, o partido apostou em Nikolai Kharitonov, ainda que este conte com o respaldo de Gennady Zyuganov.
O objetivo do Partido Comunista nestas eleições, escreve a imprensa russa, é não perder o segundo lugar, ao mesmo tempo que defende os “assalariados” e os reformados. Nikolai Kharitonov pretende ainda levar a cabo uma reforma agrária, impondo uma coletivização agrícola, de forma a “resolver o problema alimentar” da Rússia. Na política externa, apesar dos impactos da guerra na economia, o candidato está completamente a favor do conflito na Ucrânia, quase numa frente contra o Ocidente e a NATO.
No entanto, Nikolai Kharitonov não entusiasma particularmente o eleitorado. Como nota o jornal International Politics and Society, o nome do homem de 75 anos apenas atrai os “nostálgicos pela altura soviética”: “Kharitonov, que começou a sua carreira política na União Soviética cumpre este papel”. Numa análise escrita pelo jornalista alemão Roland Bathon, lê-se que muitos ficaram inclusivamente “surpreendidos” pela escolha de um “candidato tão fraco”.
Tendo como mínimos olímpicos o segundo lugar, o Partido Comunista na Federação Russa espera novamente obtê-lo nestas presidenciais — e o Kremlin até agradece. Ainda que possa reivindicar mudanças internas e a implementação de direitos sociais, o regime de Vladimir Putin olha para Nikolai Kharitonov como uma segunda escolha dentro do seu partido com pouco carisma. Tudo isto diminui as chances de os comunistas roubaram votos à candidatura do Presidente russo. E ainda há um bónus para o Kremlin: é que o homem de 75 anos nem sequer se atreve a criticar o chefe de Estado.
Vladislav Davankov. O opositor tolerado pelo regime
Em terceiro lugar na sondagem publicada pelo centro de estudos russos está Vladislav Davankov, com os mesmos 6% do Partido Comunista. Concorrendo pelo partido “Novo Povo”, criado em 2020, a candidatura do homem de 40 anos é a que mais se assemelha ao conceito de oposição na Rússia. Pretende acabar com a “perseguição a dissidentes” e com a “censura ideológica” vigente no país. E quer terminar com a guerra na Ucrânia.
Sublinhando que o povo russo “quer viver num país pacífico”, Vladislav Davankov advoga a resolução do conflito — não pela retirada de tropas russas, mas antes através de negociações. “Gostaria de paz a todo o custo? Não, não é essa posição que defendo. Mas é importante resolver o assunto da ‘operação militar especial’ e não deixá-lo às nossas crianças”, afirmou o candidato, que já admitiu, ainda assim, que nunca vai revelar a “100%” qual é a sua opinião sobre a “operação militar especial”.
No programa eleitoral do partido para estas presidenciais, não se explica em que termos e em que moldes é que ocorreriam as negociações de paz. Apenas existe uma vaga referência de que seriam pautadas pelos “termos” da Rússia, que se deveria manter “forte e independente”, e não haveria qualquer “reversão” — o que pode indiciar que a ideia é que os territórios conquistados por Moscovo na Ucrânia ficariam sob controlo russo.
Em contrapartida, Vladislav Davankov foi o único deputado na Duma que se absteve em relação à independência das regiões de Donetsk e Lugansk nos dias que se antecederam à invasão total da Ucrânia, recordando que uma guerra implica “perdas humanas, sanções e o aumento do preço da comida”. No entanto, quando a guerra começou, o candidato nunca se opôs à mesma, preferindo apontar outros caminhos para a “desmilitarização” e “desnazificação” de Kiev, nomeadamente através de negociações.
Ainda que também tenha criticado a mobilização parcial imposta pelo Presidente russo em setembro de 2022 para fazer face às adversidades que as tropas de Moscovo estavam a enfrentar na Ucrânia, a União Europeia acrescentou, em dezembro daquele ano, o seu nome à lista de sancionados por conta da guerra.
Apesar disso, contrariamente aos restantes adversários, Vladislav Davankov sonha com uma “Rússia grande e pacífica” que não se impõe apenas por meios militares. “Também quero que seja respeitada pelos seus avanços na ciência, na tecnologia e na cultura. Quero ter orgulho no país em que todos podem alcançar o infinito através do trabalho honrado”, lê-se no site do Nosso Povo, partido que apela à construção de uma “Nova Rússia”. Numa crítica ao regime, o candidato de 40 anos deseja que os “políticos abandonem a busca por inimigos internos e externos”.
As suas ideias para a Rússia não deverão começar a ser implementadas a 17 de março. Pelo menos é o acredita o próprio Vladislav Davankov, que duvida que vá ganhar as eleições. “Honestamente, vemos que o Presidente [Putin] tem muito apoio. A nossa tarefa é garantir que o máximo de pessoas votem em nós. Só assim é que seremos capazes de avançar com a nossa agenda”, disse num evento partidário em São Petersburgo.
A falta de críticas assertivas contra Vladimir Putin e a posição ambígua relativamente à guerra na Ucrânia fazem com que a generalidade da oposição russa olhe com muita desconfiança para Vladislav Davankov. E não só. O candidato do “Novo Povo”, ainda que se assuma como um liberal, elaborou uma lei para impedir mudanças de sexo na Rússia.
Tendo candidaturas abertamente contra a guerra como a de Yekaterina Duntsova e a de Boris Nadezhdin sido chumbadas pela Comissão Eleitoral russa, seria de esperar que os votos dos apoiantes daqueles dois nomes fossem para Vladislav Davankov. Porém, nem no Kremlin estão preocupados com essa possibilidade. Ao jornal independente Layout, fonte da presidência russa descreve o candidato do “Novo Povo” como um “rico que vive num apartamento, pacífico e sem experiência”: “Como é que alguém vai confiar numa pessoa assim?”
A mesma fonte do Kremlin comparou Vladislav Davankov a Boris Nadezhdin. Enquanto o segundo tinha “uma posição abertamente contra a guerra” e era um político “experiente”, o primeiro é apenas — para os críticos do regime — o “menos mau de todos os candidatos”. E isso origina que não haja uma forte mobilização em redor da candidatura do homem de 40 anos.
Nem mesmo os aliados do principal opositor a Putin, Alexei Navalny, declaram o seu apoio a Vladislav Davankov. “Ele é alguém que apoiou a anexação da Crimeia, é um dos criminosos de guerra, não é melhor nem pior do que Putin”, atirou Leonid Volkov, um dos principais apoiantes do dissidente que morreu a 16 de fevereiro. “Se encorajarmos todos a votarem nele e ele não tiver 2%, mas 6%, a administração presidencial vai dizer orgulhosamente: ‘Aqui estão todos os votos antiguerra'”.
Como realça o opositor e analista político Fedor Krasheninnikov, o candidato de 40 anos e o partido em que está inserido aceitaram participar no jogo com regras detidas pelo regime, tais como “evitar criticar o statu quo, Vladimir Putin e as decisões das autoridades”. Sem esses três fatores, a margem de manobra para um candidato que se oponha ao regime é demasiadamente apertada — e Vladislav Davankov não se atreve a pisar nenhuma linha vermelha.
Leonid Slutsky. O homem envolto em escândalos
Com 5% dos votos, atrás de Nikolai Kharitonov e Vladislav Davankov, está Leonid Slutsky, de acordo com as sondagens. Filho de membros das elites soviéticas, o jovem cedo entrou no mundo político, assumindo o seu primeiro cargo aos 22 anos, quando acabou o curso de economia. Foi eleito pela primeira vez à Duma em 2000, sempre representando o Partido Liberal Democrático, que adota abertamente posições de extrema-direita.
Após a morte do fundador do partido Vladimir Zhirinovsky — que concorreu às eleições de 2008, 2012 e 2018 —, foi Leonid Slutsky o eleito para disputar as presidenciais. Mas parece ter sido mais uma obrigação partidária do que propriamente uma vontade em participar nas eleições. Logo na apresentação da candidatura, o homem de 56 anos salientou que não ambiciona “tirar votos” a Vladimir Putin, prevendo mesmo que o atual Presidente “vá ganhar com um grande resultado”: “Eu não vou apelar a votar contra Putin. Um voto em mim e no LDPR não é um voto contra Putin”.
Com um cargo de relevo no LDPR, Leonid Slutsky é conhecido pela generalidade da maioria da sociedade russa, se bem que não pelos melhores motivos. Em 2018, rebentou um escândalo na Duma, envolvendo o nome do agora candidato presidencial. Várias mulheres, algumas das quais jornalistas, denunciaram episódios de assédio sexual por parte do político, que na altura era deputado. Ekaterina Kotrikadze, uma das vítimas, acusou Leonid Slutsky de a trancar no seu escritório, quando o abordou para o entrevistar. “Ele fechou a porta, colocou-me contra a parede, beijou-me e tocou-me. Eu consegui fugir.”
Apesar dos testemunhos e do coro de críticos — no qual se incluiu a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova —, os dirigentes da Duma decidiram não lhes dar provimento. Por conseguinte, em termos políticos, a carreira de Leonid Slutsky não saiu prejudicada, mantendo o cargo na câmara baixa do Parlamento russo. Contudo, os danos na reputação do político permanecem até hoje.
Claramente alinhado com o regime, Leonid Slutsky defende ainda uma posição mais dura no que diz respeito à “operação militar especial”: “Deve acabar com a vitória da Rússia e das armas russas”. No programa eleitoral para estas presidenciais, o candidato considera que é necessário adotar uma postura ofensiva para “atingir os objetivos militares na Ucrânia”. “O nazismo vai ser derrotado outra vez, como foi em 1945. Não há ninguém com quem falar do outro lado.”
The campaign videos from Russia’s presidential also-rans are a sight to behold…
This gem is from Leonid Slutsky of the LDPR, who seems to be keenly aware that the party died in 2022 along with its founder Vladimir Zhirinovsky pic.twitter.com/TPZgH6qO2j
— Francis Scarr (@francis_scarr) March 5, 2024
Tendo servido enquanto líder da comissão de Assuntos Internacionais na Duma, Leonid Slutsky manteve sempre uma retórica contra o Ocidente e a Ucrânia e é igualmente presença assídua nos canais estatais, nos quais difunde propaganda nacionalista. O seu discurso é muito idêntico ao de Vladimir Putin, sendo que o atual candidato presidencial foi um dos escolhidos pelo regime para integrar a delegação russa que tentou terminar com o conflito na Ucrânia durante os primeiros meses.
Uma pergunta fica no ar: devido à sua proximidade a Vladimir Putin, por que é que Leonid Slutsky se candidata? O jornalista alemão Roland Bathon corrobora que não se deve “esperar qualquer oposição” do candidato e que apoia “todas as iniciativas importantes do Kremlin”. Mas é alguém que, no entender da presidência russa, “capta votos” dos nacionalistas com uma linha mais dura do que a do chefe de Estado, oferecendo-lhes uma alternativa nestas eleições.
Num ato eleitoral que o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, definiu como “burocracia cara”, nenhum dos candidatos deverá fazer mossa na previsível vitória retumbante de Vladimir Putin. Com uma guerra que pode colocar em causa a liderança russa, o plano era mesmo esse: afastar todos aqueles que pudessem fazer sombra ao Presidente.