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O Futuro é SUVisticado (II): O SUV e as Serras

Paisagens luxuriantes, trilhos na mata e estradas de montanha. Fomos do Luso ao Caramulo, com passagem pelo Buçaco, ali perto do lugar onde Wellington venceu Massena, em 1810.

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O sol parecia flamejar sob o espesso manto de nuvens negras que ia cobrindo a quase ilha de Peniche, naquele fim de tarde, quando nos preparávamos para partir em direção a norte. Com as Berlengas no retrovisor e os melhores momentos do dia na memória, deixámos o Baleal e seguimos rapidamente pela A8 até Leiria, onde optámos por entrar na A1 com destino à região da Bairrada.

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A eficiência do SEAT Ateca em autoestrada é notável, beneficiando da mais recente tecnologia common rail do novo motor 2.0 TDi e da caixa automática de 7 velocidades. Em modo “Eco” os 190CV fazem dieta e são capazes de manter o consumo abaixo dos 8 l/100km, à velocidade legal e estabilizada pelo cruise control. Nada mau para um SUV que pesa mais de uma tonelada e meia, equipado com um motor potente mas quase virgem: marcava apenas 4300 km quando iniciámos esta aventura.

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O destino é o Buçaco / OBSERVADOR

Em menos de duas horas chegámos à pitoresca vila do Luso, ainda a tempo de jantar no restaurante do hotel e ensaiar a longa jornada do dia seguinte. A pequena vila termal, com pouco mais de 2500 habitantes, é um dos lugares mais visitados no concelho da Mealhada, em grande parte graças à Mata do Buçaco (é esta a forma correta, com Ç), famosa pela riqueza paisagística. Mas o Luso é sobretudo reconhecido pelas fontes de águas termais, utilizadas no tratamento de diversas patologias, em particular as renais e as dermatológicas.

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Pela manhã, o orvalho que forrava o Ateca dava outra profundidade ao tom laranja exótico do novo SUV da SEAT, em contraste com o céu cinzento e as tonalidades de pedra. À medida que circulávamos nas ruas da vila íamos descobrindo novas atrações espalhadas na paisagem. Uma igreja, a antiga escola primária, o chafariz, inúmeros chalés históricos, um lago, o Grande Hotel do Luso assinado por Cassiano Branco e, enfim, as Termas.

Salus per aquam

As primeiras referências datam de 1726 e surgem no “Aquilégio Medicinal”, inventário das águas minerais portuguesas, elaborado por Fonseca Henriques, clínico que refere a existência de “um olho de água quente com poderes medicinais a que chamam banho”.

Em 1852 foi a vez da rainha D. Maria II, de visita à mata do Buçaco, reconhecer as propriedades benéficas nos tratamentos da pele. Fez, na altura, a doação de 100 mil réis para a construção de um balneário que permitisse a todos beneficiar daquela água, então dita milagrosa.

O uso terapêutico da água teve grande publicidade quando a rainha D. Maria I se curou de uma maleita de pele, graças ao banho com aquela água que brota da nascente a 28º C. Terá sido o médico José António Moraes, natural da região, quem tratou a rainha e encaminhou para o Luso os primeiros doentes, a partir de 1775, conduzindo ensaios clínicos em doenças cutâneas.

Em 1852 foi a vez da rainha D. Maria II, de visita à mata do Buçaco, reconhecer as propriedades benéficas nos tratamentos da pele. Fez, na altura, a doação de 100 mil réis para a construção de um balneário que permitisse a todos beneficiar daquela água, então dita milagrosa.

“As pessoas vinham às Termas e achavam a água tão pura, tão rica, que queriam levá-la consigo para casa” conta Noémia Calado, responsável das Relações Institucionais da Sociedade Água do Luso, que nos acompanhou numa rápida visita ao buvete onde se toma o precioso líquido.

Renovado e com uma imagem mais sofisticada, mantém o vitral e a fachada original com a menina Pureza, a figura feminina que é imagem de marca. “O balneário funcionava apenas entre os meses de maio a outubro, mas perante o aumento dos pedidos e a persistência dos médicos hidrologistas, pensou-se em abrir de novembro a abril” contou-nos Noémia, a propósito das primeiras instalações para engarrafar a água do Luso, edificadas junto às Termas.

É por isso que as primeiras garrafas ostentavam a frase “Água Termal do Luso” configurando portanto “uma estratégia muito interessante em que os clientes das Termas eram os primeiros a querer comprar a água engarrafada para consumir todo o ano em suas casas”.

A Sociedade Água do Luso comemorou 160 anos em 2012, um longo percurso encetado pela “Sociedade para os Melhoramentos dos Banhos do Luso” que envolveu diversas figuras da região, ligadas à medicina e ao ensino na Universidade de Coimbra.

Conhecedores da qualidade da água, “sabiam-na puríssima mas queriam um comprovativo técnico e científico a atestar que a água do Luso é mesmo a melhor” atesta Noémia. Foi então o químico francês, Charles Lepierre, quem realizou a primeira análise bacteriológica da água termal do Luso, em 1903, classificando-a como “água muitíssimo pura”.

O casino que nunca foi

“As termas cresceram tanto que no final do século XIX já eram comparadas com Vichy” refere com entusiasmo Noémia Calado. De tal modo que em 1886, a administração das termas, preocupada em oferecer momentos de lazer aos banhistas (era esta a designação dada aos termalistas na época) decidiu criar um clube “para as senhoras tomarem chá, enquanto os cavalheiros se entretinham nos jogos de mesa, com um salão onde se faziam os bailes de gala, enfim um espaço de animação”, rematou a responsável por aquele espaço.

Apesar de nunca ter oferecido jogos de fortuna ou azar, o espaço é até hoje conhecido como casino, por causa da associação ao Casino Peninsular da Figueira da Foz que tomou conta do espaço durante oito anos, a partir de 1916.

O edifício, representativo da “Belle Époque” portuguesa, é palco de conferências, concertos e exposições ao longo de todo o ano, a par de uma galeria dedicada ao Núcleo Museológico da Sociedade da Água de Luso, onde podem ser observados instrumentos terapêuticos e peças marcantes da história das termas e da empresa.

Despedimo-nos de Noémia com a promessa de revisitar memórias onde podemos encontrar o refrigerante “Lusoranja”, e também o “Yogura”, uma bebida elaborada com essência láctea e água do Luso que é capaz de ter sido o primeiro iogurte líquido em Portugal, produzido na década de 1930.

O Ateca atreveu-se com grande à vontade em ângulos de 30º e inclinações laterais de 40º, tudo controlado visualmente no ecrã tátil que vai exibindo os múltiplos indicadores.

Onze bicas e um SEAT

A dois passos do casino encontramos outro dos ex-libris da vila, a Fonte de S. João também conhecida como Fonte das 11 Bicas, por permitir que 11 pessoas se sirvam em simultâneo. Ao longo dos anos passou por várias remodelações, mas continua a integrar no conjunto uma pequena capela dedicada a S. João Batista, no piso superior ao das bicas, onde agora se pode observar, através de uma claraboia, o fluxo de água nascente. Bruta, como consta do aviso afixado para informar que aquela água não tem qualquer tratamento, ao contrário da canalizada.

Nada disso preocupa Fátima Ramos quando nos diz, com ar feliz e tranquilo, que vai ali buscar água todas as semanas, uma ou duas vezes. Ela e talvez milhares de pessoas que vivem nas redondezas, vão ali buscar água para consumo diário. “Há quem diga que a da torneira é igual mas não gosto e prefiro vir sempre à fonte” diz-nos Fátima, destacando a pureza e o sabor daquela água que corre constantemente, de noite e de dia.

Acerca do “antes e depois” da remodelação da fonte, Fátima defende que “está melhor assim, embora haja quem se queixe das pedras à volta, mas ficou mais moderna e limpa.”

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Fátima Ramos não troca a água da fonte por nenhuma outra / OBSERVADOR

Nestes encontros fortuitos pedimos às pessoas que nos digam quais são os pontos fortes de cada local e, no caso do Luso, a estudante de Psicologia é espontânea: “Adoro o Luso, a envolvência da paisagem verde à nossa volta e as pessoas, que parecem frias, mas depois se revelam quentes no coração.” Além disso, a proximidade a Coimbra “permite viver a azáfama do trabalho e voltar rápido ao sossego deste cantinho para ter uma vida tranquila”.

A concluir o mestrado em Psicologia da Educação, em Coimbra onde nasceu, a ex-auxiliar de educação numa escola da Pampilhosa chegou ao Luso há sete anos e desde logo se apaixonou pela vila termal. Quando lhe perguntámos se compraria o novo Ateca, surpreendeu-nos com um SEAT que “já tem 210 mil km sem quaisquer problemas”. Vou a todo o lado e o meu Ibiza sempre impecável! Comprava outro SEAT de certeza!” rematou com a graça de um cliente satisfeito. Na despedida pedimos-lhe para descrever o encontro apaixonado com o Luso: “Uma vila com mil recantos para conhecer e deixar-se encantar.”

Voltámos ao Ateca, estacionado em frente à Farmácia Lucília Ruivo, onde aproveitámos para avaliar a eficácia do assistente automático de estacionamento. Os sensores perimétricos combinam a trajetória ideal, em função do espaço disponível e dos obstáculos detetados. Nós limitamo-nos a acompanhar a operação através das imagens da câmara 360º.

Uma laranja mecânica na floresta encantada

Dali subimos 550 metros em altitude para chegar ao Palace Hotel do Buçaco, no interior da mata que lhe empresta o nome. As nuvens baixas e a chuva miudinha embrulhavam a serra na atmosfera idílica que os Carmelitas Descalços tão bem descreveram como o lugar onde o Céu e a Terra se encontram.

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No século XVII, a ordem religiosa instalou ali o Convento de Santa Cruz, tendo erigido 11 capelas na mata, onde os eremitas passavam a maior parte do tempo, e também uma Via Sacra com 23 estações.

Entramos no perímetro da mata e percorremos alguns trilhos, à procura das sete fontes, com o Ateca em modo off-road. Tudo muito simples e intuitivo, basta selecionar o perfil de condução no comando rotativo, mal saímos do asfalto, e o Haldex entra em ação para gerir a motricidade das quatro rodas em terrenos de difícil progressão.

A densa vegetação caduca que se acumula nos terrenos acidentados da mata do Buçaco, com a ajuda da chuva, forma um manto acolchoado e escorregadio. Eis o cenário ideal para pôr à prova as capacidades do Ateca fora de estrada, embora esta versão “Xcellence”, equipada com jantes de 19’’ e pneus de turismo, nos colocasse algumas reservas.

Sem prejuízo do conforto, o Ateca atreveu-se com grande à vontade em ângulos de 30º e inclinações laterais de 40º, tudo controlado visualmente no ecrã tátil que vai exibindo os múltiplos indicadores.

O Hill Descent Control (HDC) para maior controlo em declives acentuados e também o bloqueio eletrónico do diferencial (XDS) em muito contribuem para que o Ateca 4Drive se comporte como um verdadeiro TT, neste caso também graças à entrega do mais potente motor da gama.

O sistema integra uma embraiagem central multidisco Haldex de 5ª geração. Em condições normais o sistema envia todo o binário do motor para o eixo dianteiro e é capaz de bloquear a 100% quando deteta qualquer derrapagem das rodas da frente, podendo então a repartir o binário até aos 50% em cada eixo.

A floresta exuberante impressiona pela densidade e variedade. Ali convivem para cima de 250 espécies de árvores e plantas arbustivas. Há pinheiros, carvalhos e medronheiros, o famoso cedro do Buçaco, loureiros, azinheiras e até sequoias, além do único adernal ainda existente no planeta.

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O microclima e a escassa presença humana têm contribuído de forma decisiva para a conservação deste paraíso da biodiversidade onde destacamos o arboreto, os vales dos abetos e dos fetos, além dos jardins do hotel.

Este majestoso edifício construído entre 1888 e 1907 foi residência de caça do rei D. Carlos, um retiro real traçado pelo arquiteto italiano Luigi Manini, que chegou a Portugal pela mão da rainha D. Maria Pia, a filha de Victor Emmanuel II, que casou com D. Luis I.

O projeto do “Edifício Monumental”, como era designado, seguiu a moda arquitetónica da época – o “romantismo castelar” – refletindo profusamente a vasta simbologia da Era dos Descobrimentos. O palácio, onde decorreu a última cerimónia oficial da Monarquia Portuguesa, foi também cenário de amor proibido quando o jovem D. Manuel II se apaixonou por uma atriz francesa, que conhecera num teatro parisiense em 1909. Várias fontes referem que o casal enamorado se refugiou secretamente ali, durante seis semanas, no verão de 1910.

Até ao Caramulo e mais além

Luso e Buçaco ficam para trás enquanto seguimos em direção ao Caramulo pela EN 234. Com o Ateca em modo sport, tirámos os cavalos da dieta e em menos de uma hora chegámos ao destino. A gestão eletrónica do motor atua como feiticeira nesta estrada de montanha transformando o SUV domesticado num carro feroz e mais rápido a curvar do que certos desportivos, cortesia da tração integral. Deixámos o clássico traçado da Rampa do Caramulo para depois e cruzámos a vila até chegar ao restaurante “Montanha”, onde já nos aguardava um belo cabrito assado em forno a lenha, iguaria obrigatória nesta região que é sede da respetiva Confraria.

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O Museu do Caramulo é um ponto de paragem obrigatório / OBSERVADOR

Depois do repasto, vamos até ao Hotel do Caramulo, inaugurado em 1997, no edifício mais recente da antiga estância sanatorial que congregava 19 sanatórios e foi uma das maiores da Europa. Originalmente inaugurado como hotel, em 1922, seria convertido em sanatório alguns anos depois, passando a receber doentes de várias regiões que buscavam a cura pelo ar da serra.

Hoje dispõe de um SPA, mas naquele tempo o único tratamento para as doenças pulmonares era o ar puro, a 800 metros de altitude. Por isso todos os sanatórios tinham amplas varandas onde os doentes eram obrigados a descansar e simplesmente respirar.

Em frente ao hotel, do outro lado da avenida, impera o Museu do Caramulo idealizado por Abel de Lacerda, “um colecionador apaixonado por arte, desde a tapeçaria ao mobiliário, pintura, escultura, um pouco de tudo, era um homem visionário”, nas palavras de Margarida Henriques.

Ali repousam relíquias como o Mercedes 770K blindado, que esteve ao serviço de Salazar mas apenas foi usado durante a visita oficial do General Franco, em 1949.

É ela quem recebe os visitantes na loja do museu, onde se encontra diversa memorabilia relacionada com as temáticas das exposições. Mas neste edifício moderno, inaugurado em 1970, Margarida é também uma guardiã da inestimável coleção de automóveis iniciada por João de Lacerda, irmão mais novo de Abel, apaixonado pelo automobilismo.

O Presidente da República Américo Thomaz, visitou o museu em 1959 e “reparou em alguns automóveis guardados no rés-do-chão, sugerindo a João de Lacerda que fizesse um museu de carros antigos. Nesse ano abriu logo uma exposição e em 1970 fez este edifício já preparado para receber a coleção” conta Margarida enquanto caminhamos entre os automóveis.

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Ali repousam relíquias como o Mercedes 770K blindado, que esteve ao serviço de Salazar mas apenas foi usado durante a visita oficial do General Franco, em 1949. Outra estrela do museu é o magnífico Bugatti 57C Atalante, de 1938, a par de exemplares icónicos de marcas como a Rolls Royce, Mercedes, Porsche, Lamborghini, Ferrari, Jaguar, Lotus, Lancia. Enfim, são tantos que apenas uma visita pode não chegar para conhecer todos os detalhes. Os apreciadores podem tornar-se “Amigos do Museu”, contribuindo para a preservação das colecções ao mesmo tempo que beneficiam de livre acesso ao museu, além de outros descontos e ofertas.

Inaugurado em 1959, o edifício principal, projetado pelo arquiteto Alberto Cruz, é considerado o primeiro espaço concebido especificamente para albergar um museu em Portugal. O acervo inclui obras de arte antiga e contemporânea, numa invulgar coleção de mais de 500 peças de pintura, escultura, mobiliário, cerâmica e tapeçarias, desde o Antigo Egito até ao surrealismo de Dali. No mesmo edifício está também instalada uma importante coleção de miniaturas e brinquedos antigos.

À saída, a propósito do clima na região, Margarida adverte: “No Caramulo só existem duas estações no ano, a estação do inverno e a estação dos correios.” Portanto, um agasalho nunca será demais na bagagem para descobrir os pontos mais altos da serra: o Caramulinho onde só se chega a pé, depois de contar 284 degraus, e o miradouro do Cabeço da Neve com vista para a Serra da Estrela.

Com a noite a cair depressa, despedimo-nos da equipa do Museu do Caramulo e partimos com destino ao Porto, onde nos espera mais uma jornada de ação e aventura. Para a semana temos encontro marcado com os Pokémons da Pesca, revelamos uma história inédita numa livraria mágica e ainda tiramos fotografias a um casal sul-coreano, junto ao rio. Sempre com o novo SEAT Ateca 4Drive, o SUV que torna a rotina numa experiência maravilhosa.”

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