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Por agora, ainda responde pelo nome de Naruhito, Príncipe herdeiro da Coroa do Japão. Para a posteridade, contudo, deverá ficar conhecido como o imperador da era “Reiwa” (ou 令和), que começará quando tomar posse. O filho do atual imperador do Japão, Akihito, vai suceder-lhe no cargo depois de o pai se ter tornado o primeiro a abdicar do cargo imperial desde 1817, por motivos de saúde e dada a avançada idade.
Naruhito tornar-se-á o 126.º imperador do Japão já esta quarta-feira, 1 de maio, embora a cerimónia oficial de posse — para a qual foram convidados 195 líderes políticos de todo o mundo — esteja marcada apenas para o dia 22 de outubro. Será um imperador tão pouco convencional quanto o pode ser alguém criado nos espartilhos da família imperial japonesa. Será, também, o mais velho (tem 59 anos) a chegar a imperador desde a era Meiji, no século XIX, e o primeiro líder da família imperial do Japão a reunir algumas características peculiares, como ter estudado fora do país, ter sido criado apenas pelos pais (e não por tutores e amas, como era tradição até aqui) e ter nascido depois do fim da II Guerra Mundial.
[A mudança inédita que deu um novo imperador ao Japão]
A infância e juventude com marmitas e noodles instantâneos
Nascido em 1960 em Tóquio, Naruhito foi o filho varão do então Príncipe herdeiro da Coroa (ainda não era imperador) Akihito e da sua mulher e futura imperatriz Michiko.
O pai, que em 2016 anunciou de forma histórica a intenção de abdicar do título de imperador, já tinha furado a tradição quando decidiu casar com uma mulher sem título real ou de nobreza, em vez de aceitar o procedimento de casamentos combinados que vigorava até então — casou com Michiko, precisamente a mãe de Naruhito. O casamento dos pais teve oposição dos setores mais conservadores da sociedade japonesa, não apenas pelo estatuto plebeu de Michiko mas também por esta provir de uma família católica romana e não de uma família crente no xintoísmo, a religião ancestral do Japão. A mãe de Naruhito, contudo, converteu-se à religião do futuro marido e imperador do país.
Quando o casal, que se conheceu numa partida de ténis, decidiu como criar o filho mais velho, voltou a romper o protocolo educando-o em casa. Naruhito tornou-se assim “o primeiro príncipe japonês a crescer debaixo do mesmo teto dos pais e irmãos”, aponta a Channel News Asia.
Os relatos sobre a sua infância e primeiros anos de vida não são numerosos nem muito detalhados, dado que a Agência da Família Imperial do Japão — entidade responsável por gerir todos os compromissos públicos da família imperial — preserva ao máximo a discrição e reserva sobre a vida pessoal do imperador e dos seus filhos. Sabe-se, no entanto, que a primeira professora do próximo imperador do Japão foi a sua mãe (e imperatriz) e que, em criança, teve como alcunha o diminutivo “Naru”.
Da alcunha de criança resultou um conjunto de regras de comportamento e educação quotidianas chamadas “as leis de Naru”. Todas as manhãs, por exemplo, a mãe de Naruhito garantia que o rapaz estava 30 minutos sozinho na cama, a brincar sem companhia. A ideia, segundo o site noticioso Worldcrunch, seria habituar o jovem príncipe da coroa à ideia de que “ser imperador é uma existência solitária” e estimular o “pensamento independente” e individual.
Nas refeições, a família imperial tentava que Naruhito fosse habituado também a lidar com a escassez, para “não ter a ilusão de que a comida aparece simplesmente na mesa [com fartura] por magia”, revelou o mesmo meio, acrescentando que Naru “também raramente tinha roupas novas”, vestindo sobretudo “roupa cedida pelo seu segundo primo”, mais velho. Embora tivesse sido educado pelos próprios pais, ao contrário por exemplo do seu pai e do seu avô, disciplinar o caráter do jovem príncipe da coroa terá sido desde cedo uma prioridade.
Quando começou a ir à escola — à Gakushin, a instituição de ensino privada frequentada pela elite japonesa, onde costumam estudar os membros da família imperial –, Naruhito passou a levar inclusivamente uma marmita caseira com o almoço. A medida terá sido um esforço dos pais para estreitar a proximidade e cumplicidade da família imperial japonesa com a população do país e com outras famílias (mesmo as privilegiadas, mas não imperiais) do Japão.
Um dos poucos episódios conhecidos da vida familiar do clã imperial do Japão durante a infância e juventude de Naruhito foi contado num livro da jornalista Toshiya Matsuzaki. Intitulada “Naruchan Kenpo” e citada pelo jornal The Japan Times, a obra relata um dia em que o futuro imperador do Japão regressou a casa, “entusiasmado” após uma aula de pintura, a pedir para comer “noodles instantâneos”. A mãe, preocupada com a possibilidade de o filho se sentir “isolado” na escola devido às imposições do estatuto nobre de príncipe, ter-se-á apressado a garantir que o jovem provaria (isto ainda nos anos 1960) uma refeição de ramen. Tê-lo-á mesmo visto devorar o prato “com satisfação”.
A imperatriz do país terá estado tão empenhada em garantir que o filho não crescia numa redoma, isolado do mundo e dos outros, que convidou os seus colegas de escola “em grupos de três ou quatro” a visitarem o palácio onde o rapaz e a família moravam, durante um ano, refere ainda o The Japan Times.
Na infância e adolescência, Naruhito experimentou atividades como escalada de montanha e aprendizagem de violino, além de assistir regularmente aos jogos da equipa de beisebol de Tóquio Yomiuri Giants. Nos seus passatempos contam-se ainda a corrida e o ténis. Como aluno, até ao ensino secundário foi “aplicado” mas não especialmente dotado ou preocupado com as notas — e se não tivesse nascido numa família imperial teria sido provavelmente “um empregado normal de escritório e um bom trabalhador de equipa”, acredita Koyama Taisei, escritor, autor de um livro intitulado “O Novo imperador e o Povo Japonês” e amigo de “Naru” dos tempos de escola.
Já em adulto, o próximo imperador do Japão reconheceu ter-se apercebido em criança das responsabilidades que o estatuto imperial lhe imporia no futuro: “Enquanto observava os meus pais, fui-me apercebendo gradualmente que, devido ao meu nascimento, um dia tornar-me-ia imperador”, apontou, em fevereiro do ano passado, citado pelo site dedicado ao Japão Nippon.
A vida “livre” em Oxford: os “melhores tempos” da juventude
O primeiro período em que Naruhito viveu fora do Japão foi logo aos 14 anos, quando foi enviado pela família para Melbourne, na Austrália, ficando a morar temporariamente com a família do investidor e empresário Colin Harper. Mais tarde, voltaria a viver fora do país, agora em Londres, para frequentar uma pós-gradução no Colégio Merton, da universidade de Oxford. Viver no exterior foi algo a que o próximo imperador do Japão foi sempre estimulado, dada a experiência benéfica do pai — que também fora imperador num período em que o país estava ocupado pelos Estados Unidos da América — nesse sentido.
Da sua vida em Inglaterra (e das viagens que fez na Europa nesse período) há relatos mais pormenorizados, dado que Naruhito chegou mesmo a escrever um livro (traduzido para inglês com o título: “The Thames and I: A Memoir of Two Years at Oxford”) sobre esse período da sua vida. O futuro imperador do Japão desenvolveu em Londres uma tese sobre a utilização do Rio Tamisa para transportes, no século XVIII. A tese, contudo, só viria a ser submetida uns anos depois.
Apesar de ter gostado da vertente académica da sua vida no Reino Unido, o príncipe herdeiro da coroa imperial viveu “o tempo mais feliz” — segundo relatou na própria obra de memórias — da sua juventude nestes dois anos que viveu fora do Japão por outros motivos. Mais aliviado dos compromissos diplomáticos e das restrições impostas pelo seu estatuto de príncipe, Naruhito conseguiu viver “com os colegas numa residência normal” e pôde “socializar com outros estudantes” com mais liberdade do que no Japão.
Naruhito contou apenas na obra, como é óbvio, os episódios da sua vida em Londres que achou que podiam ser partilhados com o público. Um dos mais caricatos remonta à primeira vez que o príncipe herdeiro da coroa imperial japonesa terá tentado lavar a sua própria roupa. O resultado da “experiência”? Um apartamento praticamente inundado.
Nem o estatuto nobre de Naruhito tê-lo-á salvado de algumas piadas sarcásticas de colegas da universidade. Segundo o site noticioso Nippon, o futuro imperador do país revelou a alguns estudantes a inusitada semelhança das palavras japonesas “Sua Alteza” (“Denka”) e “luz elétrica” (“denki”). Acabou por ficar, é claro, com uma nova alcunha. Outro episódio peculiar foi quando o príncipe terá tido a sua entrada num bar londrino barrada por estar a vestir calças de ganga “demasiado casuais” para os códigos de vestuário do estabelecimento.
As posições ambientalistas e a preocupação com o acesso à água
Um dos aspetos habitualmente mais destacados da vida de Naruhito é o seu historial ambientalista. Os estudos do próximo imperador do Japão revelam aliás afinidade com temas como a água potável e os transportes. Primeiro, licenciou-se com uma investigação sobre o tráfego medieval por via marítima no Mar Interior de Seto (na região sul do Japão). Em Oxford, estudou o sistema de transportes no rio Tamisa durante o século XVIII. Posteriormente, começou a dedicar atenção à ecologia e ao acesso a água potável em países em desenvolvimento.
O interesse do próximo imperador do Japão no acesso de populações carenciadas a água potável terá resultado de uma visita ao Nepal em 1987, revelou o antigo ministro japonês Kenzo Hiroki, também ele um especialista em políticas de promoção de acesso e distribuição de água. Na cidade de Pokhara, nesse ano de 1987, Kenzo Hiroki e o próximo imperador do Japão viram uma fila com mulheres e crianças à espera para encher potes com água. O primeiro acredita que terá sido nesse momento que Naruhito “começou a pensar sobre pobreza, educação, ambiente e outros assuntos internacionais urgentes, ligados a problemas relativos à água”.
Em março do ano passado, Naruhito discursou inclusivamente no Fórum Mundial da Água, que decorreu no Brasil. O herdeiro da coroa imperial japonesa chegou a presidir temporariamente ao Conselho Consultivo da ONU para assuntos ligados à Água e Saneamento e, numa conferência de imprensa citada pelo The Japan Times, defendeu: “Aprendi que no mundo atual o rácio de desastres relacionados com água — em função da totalidade de desastres naturais — é extremamente e excessivamente alto. Espero continuar a investigar antigos sismos e tsunamis para poder comunicar a importância de nos prepararmos para desastres que possam ocorrer, não apenas ao povo do Japão mas também ao resto do mundo”.
O casamento, a depressão da mulher e o choque com as imposições “imperiais”
Tal como o seu pai casara com uma mulher que irritara os setores mais tradicionais e conservadores do Japão, também o filho e próximo imperador, Naruhito, decidiu contornar protocolos e casar com uma “candidata” a imperatriz pouco convencional. Diplomata, Masako Owada— filha do também diplomata e antigo presidente do Tribunal Internacional de Justiça, Hisashi Owada — formou-se em economia na universidade de Harvard em 1985 e estudou Direito na Universidade de Tóquio. Em 1987, tornou-se uma das primeiras três mulheres, de um total de 800 candidatas, a conseguirem aprovação num exame de acesso ao Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês.
Os dois conheceram-se em 1986, durante uma visita ao Japão da infanta Helena, da família real espanhola. Só se casaram sete anos depois e com alguma relutância de Makaso Owada: o próximo imperador do Japão pediu-a três vezes em casamento, até ela finalmente dar o “sim”. O motivo para a indecisão era a necessidade de abandonar a carreira diplomática e a vida profissional a partir do momento em que passasse a fazer parte da família imperial. A diplomata e futura imperatriz do país acabou por ser convencida com palavras do príncipe herdeiro da coroa, segundo revelou a noiva após o anúncio do casamento, citada pela revista People: “Podes ter medos e preocupações quanto a juntares-te à Casa Real Imperial. Mas vou proteger-te a minha vida inteira”.
O casamento realizou-se mesmo, no Palácio Imperial, em Tóquio. Segundo o relato da revista People, à época, teve 812 convidados e não se ouviu “música nem outro som praticamente nenhum” na chegada da noiva à cerimónia. Também não houve “anéis trocados” nem sequer o beijo público da praxe a selar o compromisso.
Mantendo os “rituais centenários” da família imperial, os pais do noivo (isto é, o imperador e a imperatriz do Japão) não foram à cerimónia mas essas “leis nunca escritas” não os proibiram “de assistir à mesma em sua casa” através da televisão, relatou a People. A mãe da noiva, Yumiko, terá deixado cair uma lágrima quando viu a filha com o vestido de casamento — e mais tarde revelou, em conferência de imprensa, que disse à filha para “tomar conta de si e fazer o melhor que puder pelo país”. O pai da noiva, Hisashi, disse-lhe apenas “para ter uma vida feliz”.
Naruhito e Masako Owada foram saudados por “perto de 200 mil japoneses que abanavam bandeiras” depois do casamento, enquanto viajavam por Tóquio no seu Rolls Royce nupcial — mas os anos seguintes foram de algum choque com os formalismos e exigências do estatuto imperial. Foram, também, anos de pressão exterior para o casal ter um filho varão, já que as leis do país estipulam que a coroa deve ser passada apenas entre homens, de pai para filho.
Seis anos depois do casamento, em 1999, Masako perdeu um bebé e o casal imperial começou a queixar-se das invasões de privacidade feitas pelos media. Paralelamente à imprensa, também a ação da Agência da Família Imperial do Japão, responsável por coordenar as viagens, atividades e aparições públicas do clã imperial, começou a incomodar o casal, já que a mulher de Naruhito terá começado a ver as suas viagens ao estrangeiro restringidas e os seus movimentos mais controlados para se dedicar à família e dar ao Japão um descendente da Coroa Imperial.
Masako voltou a engravidar, mas teve uma filha — Aiko, descendente única, que tem hoje 17 anos — e não um filho. A pressão sobre o casal herdeiro dos títulos de imperador e imperatriz diminuiu quando o irmão mais novo de Naruhito, Fumihito, anunciou que a mulher Hisahito estava grávida de um rapaz. A continuidade no cargo de imperador passava assim a estar garantida na família de Naruhito, mas foi diagnosticado à mulher do próximo imperador do Japão um “transtorno de adaptação”, uma variante da depressão.
Em 2004, naquela que foi uma ação sem precedentes recentes, um príncipe que está na linha de sucessão direta ao título de imperador questionou publicamente os condicionamentos de que a mulher foi alvo. Naruhito afirmou: “A princesa Makaso, sendo obrigada a deixar o seu trabalho de diplomata para entrar na Casa Real Imperial, ficou profundamente angustiada por não lhe ser permitido fazer visitas ao estrangeiro por um longo período de tempo. Tentou adaptar-se ao ambiente da Casa Imperial Real nos últimos dez anos, mas pelo que vejo ficou completamente exausta a tentá-lo. É verdade que existiram movimentos que negaram à princesa Makaso a possibilidade de uma carreira e a parte da sua personalidade que é influenciada por essa carreira”.
A Agência da Família Imperial do Japão não foi nomeada, mas todos perceberam, em 2004, que o próximo imperador do Japão a tinha como alvo quando veio a público questionar as restrições à vida e liberdade de movimentos do casal. Ainda mais importantes do que esse confronto, posteriormente sanado, foram as palavras de Naruhito pedindo que a mulher pudesse “fazer uso da sua experiência para participar em atividades mais em linha com os tempos de mudança”. Com essa frase, Naruhito pareceu pressionar alterações nas regras impostas às famílias reais imperiais do Japão. Essa pressão pode vir a intensificar-se quando for nomeado imperador.
A futura imperatriz, por sua vez, passou mais de uma década com aparições públicas muito esparsas. Só em 2014 voltou a aparecer mais em ações diplomáticas. Já no último ano, Masako afirmou sentir-se “insegura” quanto à sua capacidade de cumprir o que dela se espera enquanto imperatriz, mas revelou ter vontade de “fazer um esforço” para “mostrar dedicação à felicidade das pessoas” .
Uma missão: chorar os mortos, confortar os vivos
Se há quem diga que os poderes de um Presidente da República de um sistema político como o português são tão limitados que este se arrisca a ser uma figura decorativa, o que dizer dos poderes de um imperador do Japão? Constitucionalmente, ele “é um símbolo da nação” mas os seus atos têm de ter recomendação ou reconhecimento “do primeiro-ministro”, que “assumirá as responsabilidades” das ações diplomáticas.
O imperador do Japão “apenas pode exercer o seu papel nos assuntos de Estado como estipulado na Constituição e não tem poder no Estado”, pelo que até “os cumprimentos, as receções e as doações de propriedades imperiais são objeto de resolução do parlamento”, refere o World Crunch. O cargo é, assim, mais cerimonioso e simbólico do que político e direto. Citado pela estação Emirates 24/7, o professor da universidade de Nagoya e especialista em História do Japão, Hideya Kawanishi, afirmou prever que o próximo casal imperial “vá seguir o método atual de ficar lado a lado com o público — visitando zonas afetadas por desastres e rezando pela paz enquanto se homenageia e lembra aqueles que morreram na guerra”.
As intervenções do próximo imperador do Japão não deverão ser assim tão importantes no plano externo — embora se preveja que possa fazer pressão para impulsionar algumas políticas ambientais — quanto no plano interno: não seria uma surpresa que algumas práticas e convenções no modo de vida e atuação dos membros da família imperial viessem a ser atualizadas durante o seu mandato.
Naruhito tornar-se-á imperador depois do legado deixado pelo seu pai, que saiu de cena como figura acarinhada após ter feito um esforço de aproximação da figura imperial à população. Tal como o antecessor, o próximo imperador do Japão parece ter vontade de estar presente em momentos importantes e dolorosos da vida dos japoneses. Uma jovem japonesa ouvida pelo Observador destacou mesmo o facto de Naruhito estar “sempre ao lado dos cidadãos japoneses quando acontecem desastres naturais” como um dos traços que mais claramente o identifica no país.
Em 2017, o próximo imperador do Japão tinha confirmado a vontade de estar presente nos momentos importantes da vida dos japoneses quando suceder ao seu pai, o que agora acontecerá: “Gostaria de continuar a pensar nas pessoas e a rezar por elas, tal como fazem Suas Majestades, estando sempre próximo das pessoas, nos seus pensamentos, para partilhar com elas alegrias e tristezas”, apontou, citado pelo The Japan Times.
Já foi também atribuído um nome à era de Naruhito como imperador do Japão: vem aí a era “Reiwa”, que significa algo como “procura de harmonia”. A escolha do nome foi feita por um painel de especialistas, mas o autor da sugestão que vingou preferiu manter a sua identidade em anonimato.