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Ninguém acredita que vão ficar sardinhas por vender. “É uma festa que toda a gente gosta. As pessoas não vão deixar de vir”. Quem o diz é uma representante da Associação Cais do Sodré. Pode estar certa quando diz que as pessoas vão conseguir chegar aos arraiais. Mas quando chegarem, a sardinha pode é já estar fria. É que está prevista uma paralisação dos comboios da CP durante as Festas de Santo António, em Lisboa. E os transportes que sobram como alternativas para entrar em Lisboa não vão fazer reforços nos serviços. Vir de carro pode ser uma opção mas que tornará a circulação na cidade caótica, durante aquela que os agentes da PS apelidam de “noite mais longa do ano”.
A “Renovar a Mouraria” nem sequer tinha conhecimento que a greve estava prevista. “Veja lá que eu nem sabia que havia greve”, disse ao Observador uma representante da associação. A greve não irá “criar um problema” para Maria de Lurdes Pinheiro, presidente da APPA – Associação do Património e População de Alfama. De facto, não será um problema para a Associação e para quem já está em Lisboa. Um problema será para quem não vive na capital e precisa de recorrer aos comboios e aos barcos para chegar e poder comer uma sardinha.
Como não entrar em Lisboa
Nos comboios da CP e de carro
Para os dias 12 e 13, está agendada uma greve da CP – Comboios de Portugal e das operadoras ferroviárias de transporte de mercadorias Medway (antiga CP Carga) e Takargo. Em causa está a circulação de comboios só com um agente. Foi este também o motivo da greve do passado dia 4 de junho — que suprimiu 85% dos comboios em todo o país. Desta vez o Tribunal Arbitral decidiu definir serviços mínimos e irão circular, pelo menos, 25% dos comboios. Ou seja, poderá circular um máximo de 3 em cada 4 comboios. “Os comboios referidos no número anterior deverão ser escolhidos pela CP, dando prioridade às situações com maior impacto na mobilidade das pessoas”, pode ler-se no acórdão.
Também não vale a pena trazer carro para a cidade. “O centro de Lisboa vai parar ao trânsito a partir das 18h00“, avisou o subintendente da PSP Paulo Flor, durante uma conferência de imprensa na passada sexta-feira. Só vão entrar transportes públicos. O trânsito vai estar cortado a partir da Avenida Mouzinho de Albuquerque, junto ao viaduto antes da estação de Santa Apolónia. A zona do Marquês de Pombal vai estar cortada entre a Avenida Fontes Pereira de Melo até ao Largo do Rato. “Quem vem na Avenida 24 de julho, ao chegar ao IADE – Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing, vira em direção à Assembleia da República, não vai até ao Cais do Sodré”, explicou Paulo Flor.
Entrar em Lisboa de carro não é uma boa opção até porque “vai haver um reforço quer na entrada quer na saída” da capital. “Não é de estranhar anteciparmos já que na noite de 12 e madrugada de 13 é muito natural que em alguns dos percursos que sejam feitos para sair de Lisboa sejam feitas também com operações de fiscalização de trânsito“, adiantou Paulo Flor, deixando um apelo: “Devemos tentar evitar conduzir em noites como estas em que os excessos normalmente acontecem.”
O subintendente confirmou que a PSP está ciente de que, por força da greve, “poderá existir um volume mais anormal de veículos para o interior da cidade”. E, por isso, deixou um pedido: “que as pessoas utilizem tanto quanto possível os parques de estacionamento antes das zonas” que vão estar cortadas e que, depois, façam o acesso pedonal até aos arraiais. Paulo Flor revelou que, entre colegas, costumam apelidar a noite dos Santos como “a noite mais longa do ano.”
Centro de Lisboa vai parar ao trânsito no Santo António a partir das 18h
Como entrar em Lisboa
De autocarro, barco ou nos comboios da Fertagus
“Não temos a culpa”, defende-se logo uma trabalhadora da rede de transportes públicos Vimeca. Por esse motivo,vários dos restantes meios de transportes que servem Lisboa não são claros sobre se vão reforçar ou não os serviços. Apenas dizem que o farão “caso os níveis de procura o justifique”. A exceção é a Barraqueiro, que assume: vai reforçar os expressos de e para Lisboa, para que “ninguém fique sem ser transportado”. Outros não acreditam que a greve venha a produzir complicações. É o caso da Fertagus: “Temos acolhido, noutras situações semelhantes, clientes de outras operadoras de transportes. Teremos mais afluência. Haverá mais movimento. Mas não se preveem complicações”, disse fonte da empresa ao Observador.
Há alternativas aos comboios e ao carro. Mas com menos transportes a fazer ligações, a confusão pode ser maior. É que as alternativas que restam, além de terem de transportar os clientes habituais, terão de transportar os clientes das operadoras que estão paralisadas. Mais pessoas para o mesmo espaço disponível.
Barcos da Transtejo e Soflusa. Inicialmente estava prevista uma greve de três horas em cada turno para o dia 12, algo que poderia agravar ainda mais a vida a quem quer chegar aos Santos. Agendá-la para os dias dos Santos Populares “foi uma forma de chamar a atenção”, assumiu ao Observador um dos membros da direção do SITESE. Chamou a atenção, mas a greve acabou por ser desconvocada. Durante o dia de 13 de junho, será praticado horário de feriado “em virtude da expectável quebra de procura”.
Fertagus. A empresa que pertence ao grupo Barraqueiro vai manter o “serviço comercial normal”, sendo que no dia 13, que é feriado em Lisboa, vai operar “como um dia útil normal”, esclareceu fonte da empresa ao Observador. Isto significa que durante os Santos Populares, circularão comboios entre Setúbal e a estação Roma-Areeiro. O último comboio sai de Setúbal às 00h18. O primeiro sai de Lisboa às 5h43 da madrugada.
Transportes Sul do Tejo. Outra possibilidade de deslocação da Margem Sul do Tejo para Lisboa é através dos autocarros da Transportes Sul do Tejo (TST). São as “deslocações dos seus habituais clientes” que a rodoviária vai “assegurar, em primeira linha”, explicou fonte da TST. Ainda assim, a rodoviária “estará especialmente atenta à evolução da procura” nos dias em que estão agendadas greves. A TST tem mais de 20 carreiras a ligar várias cidades da Margem Sul e a vários pontos de Lisboa.
Vimeca. Os problemas para entrar em Lisboa não são só para os habitantes da Margem Sul. Previsivelmente, os comboios da CP não vão circular na Linha de Cascais ou Linha de Sintra. Os autocarros da Vimeca são uma opção. Mas a rodoviária, além de não ter previsto reforços, vai diminuir o número de ligações a Lisboa, no feriado da capital. De 14 carreiras que chegam à capital, três não serão realizadas: 7, 13D e 115. Uma opção é apanhar as carreiras até Amadora e lá seguir de metro até aos arraiais.
Rodoviária de Lisboa. Para os moradores de Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira, a Rodoviária de Lisboa (RN) será uma alternativa. A empresa não mobilizará reforços mas, pelo menos, “os serviços habituais de transporte de passageiros previamente aprovados” estarão assegurados, confirmou fonte da RN ao Observador. Mas existem pormenores a ter em conta: os horários de três carreiras com paragem em Lisboa vão sofrer alterações e as carreiras que ligam o Campo Grande a Infantado e o Campo Grande a Vialonga não se irão realizar.
Barraqueiro. Com ligações a partir de várias zonas a norte de Lisboa, os autocarros da Barraqueiro também são uma opção para quem quer comer uma sardinha na noite de terça-feira. A transportadora vai cumprir horários estabelecidos, mas “nos serviços de e para Lisboa, designadamente os serviços de tipo Expresso” a Barraqueiro vai reforçar a oferta, por forma a que ninguém fique sem ser transportado”. “Não prevemos quaisquer dificuldades no acesso dos nossos clientes, habituais ou não”, disse fonte da empresa ao Observador.
Como circular em Lisboa
De Metro, autocarro ou de carro
A acontecer, a greve a CP deverá afetar Lisboa “mais numa perspetiva de cidade uma vez que se tratam de atividades dirigidas para os moradores”, considera ao Observador o presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luís Newton. Mas nem todas as festas dos Santos Populares são locais ou apenas destinadas a residentes e, por isso, a circulação dentro de Lisboa também é uma preocupação, assume o autarca.
Metropolitano de Lisboa. Tal como aconteceu no ano passado, o metropolitano de Lisboa diz que vai ter comboios de seis carruagens a circular durante 24 horas ininterruptamente e com tempos de espera mais curtos. Mas nem todas as estações estarão abertas fora do horário de normal funcionamento (das 6h30 à 1h00). Na linha azul, as estações da Reboleira, Amadora Este, Alfornelos, Pontinha, Alto dos Moinhos, Laranjeiras, Parque e Avenida estarão encerradas. Na linha amarela, as estações da Ameixoeira, Quinta das Conchas, Cidade Universitária e Picoas vão estar de portas fechadas. Na linha verde, só não vão funcionar as estações dos Anjos e Intendente. Na vermelha, só vão estar abertas sete estações: Aeroporto, Moscavide, Oriente, Chelas, Alameda, Saldanha, São Sebastião.
Carris. As carreiras que vão circular durante o período noturno vão ser reforçadas. Nomeadamente, nas zonas não cobertas na totalidade pelo Metro: carreira 201 Cais do Sodré – Linda-a-Velha e 210 Cais do Sodré – Oriente. A Carris não prevê que existam “grandes complicações” devido à greve, informou fonte da transportadora ao Observador, relembrando que “em greves semelhantes, o que se verificou foi alguma degradação das condições de circulação, devido à entrada na cidade de um maior número de veículos de transporte individual”.
Uber. Se, mesmo assim, os transportes públicos estiverem caóticos, optar por transportes privados, será uma opção. Os motoristas vão estar atentos aos locais onde existirão mais pessoas, informou fonte da empresa ao Observador. Se se justificar, vão ainda existir pick-up points — espaços para recolher os passageiros. Isto vai evitar que os clientes fiquem à espera em ruas que estão cortadas e onde os carros nunca vão chegar. A app da Uber vai automaticamente indicar o local para onde o passageiro se deverá deslocar para ser recolhido
Cabify. E porque muitas serão as pessoas que vão querer ir para casa no conforto de um carro, a procura pode ser mais do que a oferta. Se os motoristas da Uber forem poucos, a Cabify também é uma opção. Para evitar isso mesmo, das 18h00 do dia 12 de junho às 6h00 da madrugada de dia 13, as reservas não estarão disponíveis. Isso significa que não será possível reservar carros durante esse período. A Cabify partilhou alguns conselhos para a noite dos Santos Populares: juntar várias pessoas na mesma viagem e entrar em contacto com o motorista para evitar desencontros são alguns deles.