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“Quem tudo quer, tudo perde”, moraliza a fábula de Esopo que inspirou o batismo da marca, mas a rota ascendente parece desmentir fracassos motivados pela ganância, como nessa velha história da Galinha dos Ovos de Ouro. No final de maio, a italiana Golden Goose anunciava a sua intenção de entrar na bolsa de Milão no mês seguinte. Esta semana, a empresa detida pela gigante britânico de capital de risco Permira, anunciou que o intervalo de preço das suas ações se situaria entre 9,5 e 10,5 euros. Expectativa para quem tencionava colocar cerca de 30% do atual capital social em bolsa? Angariar cerca de 558 milhões de euros com a operação, descrevia então a Reuters, que com isso valorizava a empresa em 2,4 mil milhões de euros. O passo representa a maior estreia na bolsa de Milão desde maio de 2023, então a cargo da Lottomatica, que gere as lotarias italianas. Ou representaria, pelo menos até ver. Esta terça-feira, com um cenário de eleições em França pela frente, a mesma Reuters atualizava o estado do processo: a marca adiou a sua oferta pública inicial de ações devido “à volatilidade do mercado decorrente da incerteza política na Europa“.
Ovo após ovo, estima-se no entanto que um título como o que segue não perca atualidade: “Os Golden Goose de estimação de Taylor Swift esperam uma avaliação de 2 mil milhões de dólares na oferta pública inicial” — é que, melhor que uma galinha dos ovos de ouro, só duas galinhas dos ovos de ouro na mesma frase. Mas Swift não é a única celebridade a contribuir para o hype granjeado nos últimos anos pelo ganso dourado — com guerra ou sem guerra no velho continente. Reese Witherspoon, Michele Obama, Gwyneth Paltrow, Jude Law, Virgil Abloh ou Chris Hemsworth, são apenas alguns dos nomes que já foram vistos e fotografados a calçar a marca de ténis, cujas vendas, segundo a Reuters cresceram em média 23% nos últimos três anos, e devem crescer cerca de 9% no médio-longo prazo.
Da garagem para o mundo, grunge, artesanais e “fenómeno de aceitação social”
Na origem do produto-estrela (a estrela é literal) encontra-se o casal de designers Alessandro Gallo e Francesca Rinaldo, que no ano 2000 decidiram lançar a marca de roupa e calçado Golden Goose, para um olhar renovado sobre o conceito de lifestyle e do luxo com toque artesanal em particular. “Éramos uma mulher e um homem, partilhando sentimentos, ideais e pontos de vista. Rapidamente encontrámos pessoas que pensam da mesma forma, evoluindo e expandindo naturalmente”, descreve o site da marca sobre as raízes do negócio, cuja caminhada começou em Marghera, Veneza, numa discreta garagem convertida em estúdio de trabalho.
A dupla desenvolveu as primeiras peças com a ajuda de um artesão veneziano tradicional. Curiosamente, foi com uma botas, não uns ténis, que a marca hasteou uma bandeira em solo norte-americano. A Golden Boot foi criada em 2004, para a coleção outono-inverno, e revisitava a icónica texana. Mais de duas décadas depois, talvez só os crivos mais apurados tenham aderido a este primórdios, pelo menos em Portugal. “Fui das primeira a ter Golden Goose que conheço. Desde logo me encantei pelas botas de cowboy com estrela, a que ninguém liga, e que são extraordinárias. Sou filha dos anos 80 e tinha saudades daquela tendência muito americana, muito Ralph Lauren. Mais tarde surgiu a Zadig&Voltaire e trouxe muita coisa de volta”, enquadra Helena Assédio Maltez, que pouco depois haveria de comprar uns ténis Golden Goose em Londres, mais tarde outros em Roma.
Eis senão quando o fenómeno começa a atingir proporções dantescas. “Algumas pessoas por cá compravam através da Net-à-Porter. De repente, a marca instala-se em Portugal com um fenómeno que tenho dificuldade em digerir: passou a ser uma coisa importante ter uns Golden Goose, tornou-se mainstream, as pessoas davam tudo o que fosse preciso para terem uns. Vimos as classe altas comprarem Golden Goose para os teenagers, o que acho extraordinário, mais tarde vemos pessoas com nível abaixo a comprarem também porque é o seu sonho. A Golden Goose começou a ser um fenómeno de afirmação e aceitação social, um fenómeno wanna be. É com grande tristeza que isto demonstra a falta de estilo que existe neste país”, continua a Private Shopper e consultora de marcas de luxo, lembrando ainda o abundante mercado paralelo das réplicas e, claro, o golpe de mérito dos pioneiros. “Não deixei de gostar dos Golden Goose, não os posso é nem ver. Têm um design incrível, estética super gira, e [os fundadores] merecem os meus parabéns porque tiveram uma visão extraordinária.”
2007 foi de facto um ano decisivo no historial da casa: nascia o Super-Star, o icónico modelo de ténis que redefiniu e impulsionou toda a categoria. O acessório exalava o espírito californiano puro com toque de grunge que operaria a transição para o “esteticismo”, com o processo de fabrico a baralhar as regras do jogo: Gallo e Rinaldo recrutaram sapateiros italianos tradicionais para criar ténis de topo, uma peça originalmente reservada para contextos desportivos. Com a sua estrela de cinco pontas em pele, levavam quatro horas a serem feitos, seguindo-se todo um trabalho de personalização com uma seleção de cristais, brilhantes, prints, frases e patches. Falta mencionar outro detalhe essencial: o casal conseguiu que o nicho de compradores estivesse disposto a estrear uns ténis que saem da loja deliberadamente com um ar velho, sujo e gasto, e que entretanto se converteram em objetos de culto à conta desse toque particular. Como se os skaters da costa oeste se cruzassem com o saber fazer saído do Grand Canal. De resto, o skate e as viagens sempre foram motivos de inspiração para os fundadores.
“Somos como uma carteira Chanel, ou Hermès, ou Gucci”, atira o CEO Silvio Campara, que se lançou na empresa em 2013, como diretor comercial, e hoje, entre cargos executivos, antecipa ao Finantial Times os próximos passos”. “A Golden Goose não é moda. É um ícone”, sentenciava em dezembro de 2023, já com a oferta pública inicial na mira. “Quando a empresa completou 15 anos, abrimos a nossa primeira loja em Milão. Começámos a receber novos clientes, vindos da Prada, vindos da Louis Vuitton, vindos da Gucci. Eles perguntavam qualquer coisa como: ‘Estes ténis estão sujos, como assim?'”, recordou Campara à Elle quando a marca celebrou o seu vigésimo aniversário com uma grande festa na Serenissima, em pleno festival de cinema de Veneza. “Lembro-me claramente. E o que tentamos fazer, e tentamos dizer, é que cada um pode ter sua própria razão para que os sapatos sejam como são. Eles são feitos para fazer parte da vida, e a vida não é brilhante. Vejo a Golden Goose como uma plataforma. Somos o vizinho do lado. E um vizinho, por definição, é relacionável. Não se trata de ser polido e perfeito”, continuou. O allure da imperfeição explicaria o interesse na compra de algo que parece usado. E como diria a Instyle: “não é preciso entendê-los para adorá-los”. Afinal, eles são “confusos” e está tudo bem com isso.
A era da “casualização” do lifestyle
Em matéria de preços estratosféricos, é justo dizer que este ganso não está sozinho na corrida, nem sequer é o mais dispendioso. Longe disso. Em meados da década de 2010, os ténis garantiam de vez o seu lugar no streetstyle, ajudando a desconstruir guarda-roupas e formalidades de outros tempos. Mais: convertiam-se em absoluto objeto de desejo e status, uma tendência que perdura até hoje. Falar de umas quantas centenas de euros parece até uma brincadeira quando é possível encomendar uns Air Yeezy 2 SP “Red October” por quase 70 mil euros. Sim, leu mesmo bem. Setenta-mil-euros.
Do encontro entre a high fashion e a descontração do quotidiano, nasceram vários modelos que viram a parada crescer com o tempo, de tal forma que a compra de um par com assinatura de designer pode ser vista como o investimento mais vantajoso. Longe vai a fase, ainda na segunda metade do século XIX, em que o calçado desportivo se limitava a acolitar as proezas no ténis ou críquete. Já no século XX, se os Converse Chuck Taylor ditaram as regras nas quadras de basquetebol, a explosão da sneaker culture chegaria nas décadas de 70 e 80, com o alto patrocínio das principais estrelas desportivas e da música. Para a história passa a relação entre Michael Jordan e a Nike, uma parceria que transformou uma subcultura numa gigantesca indústria de 79 mil milhões de dólares.
Que o diga o rapper Drake, que em 2016 encomendou um par único de Air Jordans envoltos em ouro maciço de 24 quilates, com um valor estimado de 2,1 milhões de dólares e 50 quilos em cada pé.
Ténis, sapatilhas e chuteiras: breve história das marcas de calçado (parte 5)
Entre revivalismos nostálgicos, futurismo absoluto, promessas de escolhas conscientes e variantes vegan, edições especiais e personalizações únicas, não há marca que se queira manter à margem da maré. Em 2014, surgia a powerhouse de streetwear Axel Arigato, pelas mãos dos suecos Max Svärdh e Albin Johansson, que rapidamente elevaram o charme de uns minimalistas ténis brancos. Nesse mesmo ano, num desfile que teve por cenário um supermercado, as manequins conjugaram a alta-costura Chanel com descontraídos ténis, selando em definitivo o casamento improvável.
Alexander McQueen tornou omnipresentes as suas solas Oversized na primavera-verão 2015 (quando a Golden Goose Deluxe Brand, de seu nome completo, se expandia além fronteiras), a Balenciaga estreou os seus Triple S em 2017, e no ano seguinte a Louis Vuitton apresentou ao mundo o seus Archlight. Muito antes disso, em 2004, o diretor de arte norte-americano Prathan Poopat e o consultor criativo italiano Flavio Girolami lançavam-se no segmento do calçado de luxo com a sua Common Projet, para mais matéria de desejo sofisticada made in Italy. Fast forward para 2022, é difícil contar a história desse ano sem falar da New Balance. E a timeline prolonga-se vertiginosamente até à apoteose corrente dos Adidas/Wales Bonner.
Um arranjo que custa tanto como uns ténis (mas não como uns Goose)
Se a indústria dos ténis explodiu, o mercado para quem tenta prolongar-lhes a vida não lhe fica atrás. “A própria Golden Goose abriu as suas oficinas para arranjos. Significa que há mercado para o conserto”, nota Silvan Pinto. É a partir do Areeiro, em Lisboa, que funciona a sua loja de reparação de artigos de luxo, incluindo ténis, em geral, e “bastantes mesmo” Golden Goose em particular. “Talvez já tenhamos arranjado centenas de pares. Por semana, temos uns vinte de entrada. A nível ibérico em termos de sapateiros devo ser o que mais arranjo”, defende Silvan, que destaca a afluência de clientes portugueses mas também muitos estrangeiros. É de Itália que chegam os materiais que permitem dar assistência a cada par, pelo menos de grande parte dos modelos. “Temos solas de todas cores, fitas, atacadores, temos as técnicas. Há mesmo muita gente a usar.”, nota, lembrando duas fases de tendência e como este tipo de calçado se tornou sinónimo de estatuto social e de uma vida económica estável. “Estou aqui desde 2015, comecei a arranjar Golden Goose talvez em 2016, 2017. Lembro-me que uma das nossas primeiras clientes mandava vir online para Portugal. Na altura custavam uns 200 euros, hoje chegam aos 600. Em 2021 e 22 rebentou a febre a sério.”
Mas por quanto fica recuperar uns ténis que já por si podem chegar a umas boas centenas de euros? E que tipo de manutenção procura exatamente quem preferiu um tipo de calçado que tem como cartão de visita o seu aspeto gasto e usado? “Temos aqui clientes que pedem um toque de limpeza, um ou dois preferem que se dê uma cor, mas 70 por cento quando vem arranjar as solas quer que eles continuem sujos“, descreve Silvan, esclarecendo ainda que uma manutenção normal vai dos 90 até aos 190 euros, ou “uma média de 145 euros”. “Basta olhar para os pés para ver que se usa muito Golden Goose. E quem usa, usa muito, é como um adereço.”
De acordo com os dados divulgados por Silvio Campara à Bloomberg, mais de 80% dos compradores da Golden Goose são millennials ou da Geração Z, e sair do ciclo do produtos descartáveis “é muito importante para eles”, daí o investimento nesta área de reparação.
Um hotel na casa de partida e os próximos passos
Se a “sneakarização” da cultura foi fazendo o seu caminho, com a Golden Goose não foi preciso mexer muito na fórmula vencedora para fisgar o interesse dos investidores. A primeira casa da chamada Golden Family abriu as suas portas em 2008 na Via dell’Atomo, na fundadora Marghera. Em 2013, a Golden Goose foi adquirida pelo Style Capital Group e começou a desbravar o mercado retalhista, abrindo a primeira loja em Milão. Dois anos depois desse encetar da venda direta ao público, foram comprados pela Ergon Capital e abriram loja em Nova Iorque, a primeira em território americano. Seguiu-se também Paris, no mesmo ano.
Em 2017 os números são ilustrativos do trajeto: as receitas atingiram os 140 milhões de euros. A marca passou para as mãos do Carlyle Group e inaugurou loja em Pequim, a primeira na China. Em 2019, apostava no e-commerce e no ano seguinte celebrava vinte anos. O aniversário coincidiu com a aquisição por parte do fundo britânico de investimento de risco Permira. Por esta altura, já os fundadores se haviam desvinculado da empresa que lançaram, e a americana Maureen Chiquet, que já havia sido CEO da Chanel entre 2013 e 2016, tornou-se presidente não executiva. Chiquet assumia a presidência no lugar de Patrizio di Marco, que permanecia como acionista. Para além dos 83% detidos pela Permira, também a DVR Capital, empresa de capital de risco fundada por Carlo Daveri, que já havia sido acionista da Golden Goose junto com a Ergon Capital em 2015, mantém uma participação minoritária no seu capital. Entre os executivos com cargos executivos na Golden Goose, além de Capara, encontram-se os italianos Danilo Piarulli e Sandro Baggiani, que atuam como diretores.
Depois da fase shutdown imposta pela pandemia de Covid-19, Veneza retomou o seu lugar de íman de turistas. E Alessandro e Francesca aproveitaram os confinamentos para lançar um renovado conceito de hospitalidade de luxo na sua terra natal e dos canais. Com vista privilegiada para Rialto, nascia em 2022 o Venice Venice, um hotel artesanal, aspirante a sucessor dos boutique hotels, e mais um exemplo do circuito de lifestyle semeado pelo casal há mais de 20 anos.
No mesmo ano, em outubro, a Golde Goose rumava à Califórnia para um evento fiel ao espírito skater, no histórico Pink Motel, no Vale de San Fernando.
Aqui chegados, o volume de negócios ultrapassava, segundo dados da marca, os 500 milhões de euros. É por esta altura que adquirem a sua primeira unidade de produção em Itália e que inauguram em Milão a primeira loja Forward. O ano não terminou sem o lançamento do Yatay Model 1B, os primeiros ténis Golden Goose sustentáveis.
2023 trouxe consigo o lançamento do serviço online de reparação de ténis, a abertura do Yatay Lab, e o lançamento do Haus, plataforma multiglobal que visa abrigar debaixo do mesmo teto “a comunidade de sonhadores Golden Goose”, um projeto que tem as suas raízes onde tudo começou, em Marghera, o porto industrial de Veneza, para uma experiência imersiva e phygital. No final de maio de 2024, a marca abriu a sua primeira loja física em Banguecoque, na Tailândia, um espaço num centro comercial com 200 m² que oferece ainda o chamado serviço de “Co-Criação” que permite que os clientes personalizem 0s seus itens e a entrada na categoria F&B, com a cafetaria Younique, que deverá expandir-se para destinos como China, Seul, Dallas e Nova York.
“A palavra ‘democrático’ tem sido usada em excesso. Prefiro o conceito de ‘popular’, que significa colocar as pessoas no centro. Em 2018, queria que um potencial cliente entrasse na loja e se sentisse convidado a conversar com um artesão; queria que ele se sentisse o criador dos sapatos que estava a escolher. A Golden Goose nunca teve um designer de Moda”.”, descrevia em maio à revista Lampoon Silvio Campara.
“Tínhamos sete lojas, hoje temos quase duzentas – são lojas com uma dimensão média de 120 metros quadrados, portanto essencialmente cerca de 100 metros quadrados líquidos. Ao primeiro fundo que nos adquiriu, ou melhor, ao segundo porque fiz parte do primeiro, mostrei que a Golden Goose funcionava em todo o mundo – e que, portanto, era possível escalar a fórmula. Eu não fui o vencedor; foi a empatia do produto que venceu. Em 2018, vivíamos a era dos desejos, hoje vivemos a era dos sentimentos”, continuava o responsável, dizendo que entre abrir uma loja em Montenapoleone ou abrir cinco em redor do mundo optou pela derradeira. “A segunda loja que abri foi em Beirute e alguém achou que eu estava louco”. Mas a verdade, garante Silvio, é que a decisão permitiu tomar o pulso ao Médio Oriente. “As vendas que a Golden Goose alcançou em Dubai, Kuwait, Arábia Saudita, foram graças àquela loja que eu tinha aberto em Beirute”.
Por cá, a Golden Goose Portugal foi constituída em 2019. Ao longo de uma semana, o Observador tentou contactar a marca para obter um panorama do fenómeno em solo português, mas sem sucesso.
Na capital, é possível comprar diretamente em loja, através dos espaços físicos na Avenida da Liberdade (onde se situa a flagship) e no El Corte Inglés. Também é possível conferir o toque que faz a diferença em cada par, participando do processo de co-criação.
Encontra ainda a Golden Goose à venda em lojas multimarca como a Fashion Clinic. E se adora boas oportunidades em segunda mão, ou neste caso segundo pé, nada como explorar o inesgotável armazém da Vinted. Ou estar atento a possíveis saldos, outlets e outras campanhas que permitem um corte generoso na etiqueta.
Cautela e caldos de ganso
De acordo com a Bloomberg, os banqueiros que disputavam um papel numa possível IPO da Golden Goose surgiram nas reuniões de pitch calçados com os luxuosos ténis. Mas nem esse detalhe travou a turbulência. Como é que passamos daquela que já consideravam a mais mediática IPO de 2024 (com pelo menos sete bancos recrutados para subscreverem a oferta inicial) para uma retirada estratégica? O Finantial Times identifica três ventos que dificultam a navegação da Golden Goose, ou três Ms: (Doc) Martens, midcap e Macron. “Foi particularmente lamentável que a Doc Martens tenha reduzido pela metade os seus dividendos e anunciado uma grande queda nos lucros no mesmo dia em que Golden Goose anunciou sua intenção de negociar”, escrevem, sobre a conhecida marca de botas que é também detida pelo fundo Permira.
Claro que também não ajudou o facto de o Presidente francês Emmanuel Macron ter convocado eleições parlamentares antecipadas no rescaldo dos resultados das eleições europeias, um dia depois de a Golden Goose fixar valores de colocação em bolsa, relançando o frenesim no continente. O Financial Times aponta ainda outro ponto: este pode ser um ativo muito bom, mas não é um bem essencial, está exposto ao risco do universo da moda e concentração de produto e não deixa de fazer parte de um nicho. Seja como for, o trilho das ofertas públicas na indústria da moda segue o seu curso. Depois da Zegna, em 2021, coube ao grupo Lanvin dar o pulo em 2022. Seguiram-se nomes bem conhecidos como a Birkenstock, em outubro de 2023. Já em 2024, há pelo menos dois destaques, a Douglas AG, em março, e em maio a espanhola Puig Brands SA, que detém no seu portfólio marcas como Rabanne, Carolina Herrera, Charlotte Tilbury, Jean Paul Gaultier, Nina Ricci, Dries Van Noten, Byredo, Penhaligon’s, L’Artisan Parfumeur, Uriage, ou Apivita. Quando à oferta pública inicial da Golden Goose, “será reavaliada no devido tempo“, acrescentou a marca esta semana.