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Arranjar espaço extra no armário, despachando o que já não se usa, e caçar boas oportunidades em segunda mão. A Vinte conta já com mais de 50 milhões de membros registados, e abrange 16 mercados entre a Europa e a América do Norte © iStock

Arranjar espaço extra no armário, despachando o que já não se usa, e caçar boas oportunidades em segunda mão. A Vinte conta já com mais de 50 milhões de membros registados, e abrange 16 mercados entre a Europa e a América do Norte © iStock

“Eu vinto, tu vintas, nós vintamos.” Um ano de Vinted, o fenómeno das compras e vendas online

O primeiro unicórnio da Lituânia aterrou há um ano em Portugal, onde viu nascer uma fervorosa tribo. Neste marketplace, tanto se agarra uns Converse a 1€ como se fatura centenas a limpar o armário.

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Há um prenúncio evidente de exclusão quando se ouve: “Como é que ainda não está no Tinder da roupa?”, pergunta-nos o marido de Sarah, denunciando a surpresa sem grande cerimónia. “Não percebia o que era isto até começar a ver chegar caixas lá a casa. É todo um submundo”, continua o cético à nossa frente, que assumidamente ainda está numa relação complicada com um dos mais recentes hábitos da sua parceira. “Elas vão buscar as encomendas aos sítios mais estranhos.”

As caixas em causa guardam compras na Vinted, a plataforma para compra e venda de artigos em segunda mão. Na fase de maior adição, Sarah admite que, numa escala de zero a dez, estaria no topo. De tal forma que chegou a acusar o embaraço, de cada vez que se deslocava ao ponto de recolha de mais uma encomenda. “No meu auge de utilização da Vinted, fui acometida por um momento de vergonha dos funcionários do My Auchan pela alta frequência de entrega e levantamento de pacotes. No começo, disfarçava, aproveitava para comprar alguma coisa que estivesse em falta em casa, um pão, um queijo, um detergente, enfim.” O constrangimento subiu de tom de tal forma que chegou mesmo a desenvolver uma pequena paranoia — um pequeno subterfúgio que talvez explique a perplexidade do companheiro, com que arrancámos este texto. “Passei a pedir que o meu marido fosse algumas vezes no meu lugar levantar e entregar pacotes”, confessa, agora já numa fase mais “desviciada”, como lhe chama, acedendo à plataforma apenas quando quer ver se há alguma coisa específica que gostaria de comprar, ou quando recebe mensagem de alguém interessado num dos produtos que tem à venda. Em bom rigor, diz, nunca achou que poderia fazer dinheiro com a aplicação. “O que fiz e faço é vender roupas que estão paradas no roupeiro por valores simbólicos, apenas para libertar espaço.”

Foi no Brasil que Sarah começou a participar em grupos de Facebook específicos para a venda e troca de roupas. Sempre gostou de acessórios em segunda mão, adquiridos em lojas especializadas ou feiras, e também através de internet. Já tinha ouvido falar há algum tempo sobre a Vinted, através de anúncios no Youtube e na televisão (onde vão surgindo repetidamente), mas só foi mesmo “impactada” e resolveu experimentar quando percebeu que algumas pessoas que seguia no Instagram estavam a usar a aplicação. Em dezembro do ano passado, começava a relação com o marketplace. Primeiro, através do computador; pouco depois, através do download da aplicação para o telemóvel. “Quando ainda não conhecia bem a plataforma, perdia imenso tempo a fazer scroll naquilo, mas agora tento ter foco na hora de utilizar. Usar os filtros disponíveis o mais possível nas minhas buscas e seguir pessoas que gosto do estilo e produtos que vendem. Também verifico sempre a avaliação do vendedor antes de comprar.” E se costuma deixar e recolher os produtos principalmente no ponto pick up DPD do My Auchan que fica na sua rua (voltando ao foco do embaraço inicial), também há quem prefira que a entrega seja feita através dos CTT, numa papelaria que é também um ponto de recolha/levantamento de encomendas. “Esta fica um pouco mais distante de onde moro, mas, ainda assim, é um local por onde passo com alguma frequência.”

Ovelha Choné ou relíquia Chanel. A comunidade de milhões que compra e vende um pouco de tudo

A Vinted chegou oficialmente a Portugal em 7 de junho de 2021, anunciando-se como a “app do maior Marketplace de moda em segunda-mão da Europa”. Inclui artigos para homem, mulher, criança e casa, e entretanto viu crescer o número de categorias. “Estamos constantemente a melhorar a nossa plataforma com base nas nossas conclusões e sugestões da comunidade. Por exemplo, recentemente, expandimos e introduzimos novas categorias, Entretenimento e Pet Care, como mais uma tentativa de dar resposta à evolução das necessidades dos consumidores”, explica ao Observador Eleonora Porta, PR Manager Vinted para o Sul da Europa, num balanço deste primeiro ano a funcionar no país.

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Por aqui, tanto encontra um boné com a bandeira de Portugal como artigos de luxo à espera do investimento certo. Peças novas com etiqueta, prontas a estrear, semi-usadas em bom estado ou pechinchas já bem calejadas. Fast fashion do mais massificado que há ou pequenos grande tesouros de alta-costura. Tudo depende do target e objetivo de quem compra e vende. Sem avançar com o número atual de utilizadores, Eleonora Porta indica que a Vinted soma “uma sólida base de membros ligada à nossa crescente comunidade internacional, que conta com mais de 50 milhões de membros registados, que abrange 16 mercados entre a Europa e a América do Norte”. Adianta ainda que o público-alvo “são principalmente mulheres entre os 18 e os 45 anos”, uma tendência que não fica por aqui, apesar do claro predomínio. “Interessam-nos também públicos-alvo mais velhos, uma vez que muitas famílias escolhem moda em segunda mão para crianças e restante família, e os homens, que estão cada vez mais a optar por peças em segunda mão como forma de expressão do seu estilo pessoal.”

Em permanente expansão, o mercado dirigido aos mais pequenos não fica de fora deste vasto universo onde nada se perder e tudo se transforma – e, vai perceber já de seguida, é possível encontrar calçado de marca por uma modesta moeda, um facto decisivo se pensarmos que os miúdos crescem rápido e a roupa permanece do mesmo tamanho.“Poder reutilizar, a facilidade de compra, os preços acessíveis. Foi isto que me motivou a usar a Vinted, desde janeiro, aproximadamente”, recorda Margarida, que aposta numa procura rápida, sempre com muitos filtros, para ir direta ao que procura. “Compro pela DPD, que tem ponto de entrega e recolha perto de casa”, aponta, destacando a fácil utilização e a vasta oferta, apesar da “falta de imagens em alguns produtos”. Nada que a impeça de encontrar verdadeiros achados para os filhos: “Comprei uns ténis Converse de bebé a 1€ e praticamente novos. Ganhei 12€ em 3 vendas e gastei 5€ em duas compras”, contabiliza.

O processo resume-se assim: descarregar gratuitamente a app Vinted, tirar fotos do artigo que quer vender, descrevê-lo e definir o seu preço. Quando toca em “carregar”, o anúncio fica ativo. Uma vez concretizada a venda, deve colocar o artigo numa caixa, imprimir a etiqueta de envio pré-paga e dirigir-se ao ponto de envio num prazo de cinco dias – não há taxas de venda, por isso os ganhos são para o utilizador, recebendo o seu pagamento assim que o comprador confirmar que está tudo ok. É possível pagar através de cartão de débito/crédito válido, Apple Pay ou com o seu saldo Vinted, acumulado com o que vende. Explorando o site — e para não fugirmos da nossa versão abreviada –, é possível alongar-se na leitura, com detalhes sobre rotas de envio e transportadoras para vendedores, compensação para vendedores perante envio com etiquetas integradas ou até indicações sobre como embalar os artigos que despacha – fique a saber que quem compra, normalmente gosta que a encomenda tenha um toque pessoal ou especial (um cartão de agradecimento ou uma pequena oferta, por exemplo). Posto isto, como é que a Vinted ganha dinheiro?

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“De três maneiras: primeiro, a nossa Proteção do Comprador é incluída, por uma taxa, a cada transação feita pelo comprador com recurso ao botão “Comprar agora”. A Proteção do Comprador tem a vantagem de pagamentos seguros, política de reembolso e apoio ao cliente; em segundo lugar, a oferta de funcionalidades publicitárias opcionais (chamadas bumps e a função de destaque de guarda-roupa), de modo a que os membros da Vinted deem mais visibilidade aos seus artigos; e terceiro, as pequenas receitas de publicidade suplementares através da aplicação e da página na Internet”, enquadra Eleonora Porta.

Para quem está deste lado, na experiência do utilizador, também há surpresas em matérias de ganhos, perdas e assim-assim. Que o diga Sarah e toda uma novela envolvendo uma peça de roupa e um artigo para a casa inesperado. Tinha comprado um kimono e, quando foi levantar o produto, entregaram-lhe um pacote bastante pesado. Estranhou, mas, depois de conferir a etiqueta, tudo parecia bater certo. Era mesmo o seu nome e o símbolo da Vinted. Forneceu o seu código e seguiu em frente. “Quando cheguei a casa e abri o pacote, era um conjunto de capa de edredon mais capas de almofadas, super giro e imaculado (a embalagem original estava mesmo selada). Obviamente, imediatamente voltei ao ponto de recolha e disse “olhe, isto não me pertence”. Eles disseram que não poderiam receber de volta o produto, uma vez que a etiqueta e código que eu forneci eram referentes àquele produto. Novamente voltei para casa e avisei a pessoa que comprei sobre a troca. Ela disse que nunca tinha visto aquele produto. Contactei a Vinted, que solicitou que eu preenchesse uma ficha a explicar que recebi o produto errado. Devolveram-me o valor referente à compra do kimono e disseram que alguém da transportadora entraria em contacto para recolher o produto errado em breve. Esperei dois meses e ninguém nunca entrou em contacto. Admiti que tinha ganhado uma capa de edredon”, recorda.

Uma viciada em compras, uma ideia de negócio inesperada e um unicórnio lituano

Por falar em conjuntos de cama, nada como dormir sobre uma boa ideia para ela se tornar ainda mais promissora no dia seguinte. “Quantos de vocês têm mais de cinco pares de sapatos? E quantos sabem quantos pares têm ao certo?”, perguntava à plateia à sua frente a fundadora da Vinted numa talk da sTARTUp Day 2020. Milda Miktute lançou a empresa em 2008, quando se mudou da sua terra natal para a capital da Lituânia, Vilnius, para ir estudar, e cedo percebeu ter um problema em mãos. “Tive que alugar um apartamento, pela primeira vez vi quantas coisas tinha, contei mais de uma centena de peças que nunca tinha vestido e percebi que não era a única com esta obsessão”. A palavra não é um exagero. Aliás, Miktude começa por confessar que as compras eram a sua “droga” e que “gastava 98% do salário a comprar roupa”. Mas o que sabia em excesso neste segmento conhecia de menos em matéria de tecnologia, fundamental para alavancar um negócio desta natureza.

“Isto é como um segundo trabalho”, desabafa Ana, que ainda não reuniu a coragem suficiente para se lançar neste processo com várias etapas. “Tenho três sacos prontos com roupa para despachar, mas só de pensar no que vou ter que fazer.... Um dia, uma amiga chegou tarde à praia porque passou o dia a vintar.”

“Uns dias depois, fui a uma festa de acolhimento onde estava o cofundador da Vinted, eram duas da manhã e estava a falar do meu vício.” Frutos dessa conversa? Decidiram criar uma plataforma digital onde as pessoas pudessem fazer upload do que querem vender. Demorou duas semanas até ver todo o seu armário online, pronto a ser escoado. “Foi um sucesso desde que lançámos. A cada dez minutos, as coisas cresciam. O que fizemos foi enviar um email aos meus amigos a pedir para espalharem a mensagem. Em duas horas, toda a gente começou a ligar-nos, a pedir entrevistas”, explicava nessa intervenção.

Ao longo de dois anos, Milda conseguiu manter o emprego original, acumulando-o com este hobbie after work, em regime de voluntariado. Só mais tarde perceberam que poderiam atirar-se a um projeto com dimensão global. Quando o telefone tocou e do outro lado da linha respondeu um grande investidor interessado, tudo se encaminhou para esse cenário de expansão. “Decidimos dar o passo em frente”. Chegados a 2021, “seguimos a nossa missão de tornar a moda em segunda mão a primeira escolha em todo o mundo”, garante a PR Manager para o Sul da Europa. “Planeamos expandir-nos para novos mercados na Europa e estamos continuamente a trabalhar no nosso produto e oferta, para facilitar ainda mais a utilização e o acesso aos nossos membros”. Eleonora Porta recorda ainda que a Vinted lançou há pouco tempo uma nova funcionalidade de doação em todos os seus mercados, que permite à comunidade formas simples de doar e apoiar o esforço humanitário na Ucrânia, o que tornou possível angariar já mais de 800 000 € em donativos, por exemplo.

À semelhança da fundadora Milda, também para Rita a questão da Vinted, disponível para Android e IOS, tornou-se uma hipótese segura quando se deparou com um cenário de mudança de casa. “Quando arrumei a roupa para levar para o novo apartamento, percebi que tinha demasiada. Na mudança encontrei muitas peças que já não usava e estavam em bom estado, por isso decidi experimentar a Vinted para fazer algum dinheiro extra e também ganhar espaço na gavetas. Algumas amigas já usavam a aplicação e tinham tido boa experiências, por isso decidi experimentar.” A relação com a app remonta a fevereiro. Começou por utilizá-la exclusivamente para venda, durante cerca de dois meses nem sequer viu o que estava disponível para compra. “Até que um dia fui espreitar e nunca mais parei, a oferta é enorme e, de facto, com paciência, encontramos algumas peças que valem a pena”, aponta, admitindo que a relação se pode tornar altamente viciante e que já pensou em “apagar” a app. “Entretanto, comprei um vestido que afinal é gigante. Fiquei fula. E um blusão que espero que venha no tamanho certo.”

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Pelo menos duas vezes por semana, explora o que há de novo, procurando por marcas de que gosta e seguindo os filtros de tamanho e estado para garantir que aparecem logo as peças mais ajustadas ao perfil. “Faço uma pesquisa muito focada, para não me perder e não me distrair com peças que são muito baratas, mas que, na verdade, não são muito diferentes do que já tenho. Uso a Vinted como as lojas vintage, procuro peças diferentes a bons preços e peças de marcas boas em bom estado e a um preço mais acessível.”

O processo, diz, é simples, a qualificação dos utilizadores ajuda a perceber se são vendedores de confiança, mas também há quem demore muito a responder, seja demasiado exaustivo nas perguntas antes de comprar, apresente fotos de má qualidade, ou estejam em causa valores tão baixos que a compensação encolhe bastante. “Às vezes não é fácil vender a roupa, porque a verdade é que temos de nos deslocar para entregar o pacote, que também é comprado pelo vendedor. Se a peça custar dois euros, não compensa o tempo perdido. E, por vezes, os cartões não funcionam”, acrescenta ainda Rita, lembrando o episódio em que acabou a comprar uma peça que não estava no programa. “O meu cartão não estava a funcionar na aplicação, já tinha tentado comprar umas calças cinco vezes e não dava, por isso achei que não funcionava com peça nenhuma. No dia a seguir, vi uma saia que achei interessante e decidi experimentar o cartão, com a certeza de que não ia funcionar, mas funcionou. Comprei uma peça de roupa sem querer, tive sorte de ser algo de que gostava.”

Contas feitas, até à data, ganhou cerca de 200 euros a vender e gastou 95 em aquisições. O investimento maior foi um casaco vintage da Chloé, que chegou de França, numa embalagem que, só por si, valia a compra. “Vinha numa caixa enorme cheia de pompons lá dentro e com um cartão a dizer ‘Obrigado’.”

Compras de impulso? Sim, mas relativamente controlado, defende, como o caso do vestido que esteve nos favoritos durante semanas, e que visitava regularmente para ver se o preço baixava. “Numa manhã, do nada, acho que ainda estava a dormir, abri a aplicação e comprei-0.” Talvez às primeiras horas do dia não haja grande lucidez ou energia para negociar, mas não faltam conselhos para transações noutros momentos. Rita sugere que as fotos sejam esmeradas, se quer ter mais sucesso, e colocar sempre o preço acima daquele que pretende vender, para ter margem para negociar. “Antes de comprar, tentem fazer uma proposta ao comprador, normalmente é possível baixar um pouco o preço das peças”, aconselha ainda.

“Uma amiga chegou tarde à praia porque disse que ia passar o dia a vintar”

“Isto é como um segundo trabalho”, desabafa Ana, que ainda não reuniu a coragem suficiente para se lançar neste processo com várias etapas. “Tenho três sacos prontos com roupa para despachar, mas só de pensar no que vou ter que fazer…. Um dia, uma amiga chegou tarde à praia porque passou o dia a vintar.” A vintar? “Sim, a vintar”, reforça. É caso para dizer que o hábito pode não fazer o monge, mas, pelo menos, já originou um verbo que muita boa gente está a conjugar em permanência, qual atividade a tempo parcial à margem do trabalho. Para que não restem dúvidas, passar o dia a “vintar” significa que essa jornada vai ser ocupada com os meandros da Vinted, como fazer uma triagem às gavetas, fotografar as peças de que nos queremos livrar, embalar artigos e despachar encomendas. “Ela aconselhou-me a pedir ao meu namorado para me tirar fotos com a roupa vestida, porque rende mais. Já deve haver relações a acabar por causa disto…”, brinca.

“Acho que sou especialmente intensa na forma como uso a Vinted para vender coisas. Já dediquei uma boa parte de alguns fins de semana a vasculhar o meu guarda-roupa e a tirar fotografias às peças para publicar. Mas, no dia a dia, não me ocupa muito tempo, até porque a minha prioridade no uso da Vinted, pelo menos para já, é destralhar (e não comprar)”, justifica Maria.

Falemos então com essa amiga, Maria, cujos números do pecúlio começam a ser, de facto, impressionantes. O processo pode ser trabalhoso, mas, pelos vistos, também pode compensar — e muito. No total, olhando para todas as ações desta exímia vendedora, gastou à volta de 150 euros e já fez mais de 800 euros em vendas. “O saldo é muito positivo. Até me costumo sentir mal a partilhar esta informação porque sei que o meu rendimento está acima da média.”

Truques especiais? Tirar boas fotos, com uma luz ideal, mostrar todos os detalhes e, de preferência, fotografar sempre as peças também vestidas – “esta última dica faz toda a diferença”, sublinha. Enviar as encomendas com rapidez e demonstrar simpatia também são ingredientes que nunca caem mal, já que a comunicação é chave para conseguir boas avaliações e aumentar a probabilidade de haver mais pessoas a confiarem em quem vende.

“Acho que sou especialmente intensa na forma como uso a Vinted para vender coisas. Já dediquei uma boa parte de alguns fins de semana a vasculhar o meu guarda-roupa e a tirar fotografias às peças para publicar. Mas, no dia a dia, não me ocupa muito tempo, até porque a minha prioridade no uso da Vinted, pelo menos para já, é destralhar (e não comprar)”, justifica Maria, que começou a usar a aplicação em dezembro do ano passado, até então sem “muita fé” neste tipo de plataformas por causa de experiências menos boas no passado. “As principais vantagens da Vinted são que não precisamos de nos encontrar com os vendedores/compradores – o que torna tudo mais seguro, especialmente para as mulheres. Já tinha feito vendas pelo OLX, mas existia sempre o medo de me encontrar com pessoas que me pudessem tentar enganar. E, ao mesmo tempo, a aplicação modera os pagamentos (o que torna toda a experiência mais cómoda e segura)”, distingue a utilizadora.

Economia circular? Cinco plataformas para dar vida nova ao fundo do armário

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OLX

Em abril, a propósito do Dia da Terra, um relatório da OLX, uma das mais populares neste circuito, sustentava que as compras em segunda mão naquela plataforma pouparam 530 mil toneladas de emissões de CO2 em 2021. Os dados correspondem à venda de cerca de 250 mil artigos em oito categorias selecionadas na OLX Portugal, uma outra opção para pôr as peças a circular, onde não falta a categoria Moda.

Micolet

Artigos em saldo, gastos de envio reduzidos para valores superiores a 19,99 euros e recolha ao domicílio gratuita, são algumas das vantagens da Micolet, a loja online onde se vende e compra o que já foi de outros. Inclui moda para senhora, homem e criança, incluindo uns Vans a metade do preço ou um sobretudo para criança a três euros.

Trend Circle

É uma plataforma portuguesa de venda, compra e aluguer de produtos de moda de marcas de luxo e premium, em segunda mão. “Na Trend Circle, comprometemo-nos a oferecer uma solução que diminui a pegada ecológica da indústria têxtil, ao mesmo tempo que proporcionamos a oportunidade de obter um armário infinito”, definem. Uma carteira Vuitton? Um trench Burberry? Faça o favor de aceder.

Retry

Uma startup nacional lançada em plena pandemia, para dar uma nova vida aos artigos usados. Dos artigos mais básicos aos itens de luxo, a premissa passa por reutilizar os fundos de armário. Por aqui, todos os artigos disponíveis submetem-se a um processo de seleção prévio e, em seguida, são classificados com o Selo de Qualidade Retry. Encontrará na descrição de cada produto a sua classificação de A+ a C.

Mycloma

“Recolhemos as peças “encostadas”, mas em bom estado, em todo o país e procuramos alguém que lhes dê uma nova vida. O nosso projeto tem também como missão mudar mentalidades e acabar com o preconceito em relação à roupa em segunda mão.” Eis o mote da também portuguesa Mycloma, que promove a economia circular através do prolongamento do ciclo de utilização da roupa. Da Zara às etiquetas premium, sem esquecer o chamado pre loved luxury, encontra um pouco de tudo.

Maria também já é uma especialista na matéria quando o assunto é dominar o processo de escoamento de bens, aproveitando sempre caixas de sapatos ou de compras/encomendas anteriores para enviar as suas vendas e evitar criar mais desperdício de embalagens. “Os locais onde entrego as encomendas variam – há pontos DPD em todo o lado. Costumo deixar, principalmente, numa papelaria ao lado do escritório onde trabalho, em Algés. Quando os compradores selecionam a Mondial Relay, é pior – ainda hoje precisei de andar às voltas de carro antes do trabalho porque o primeiro ponto onde fui tentar fazer uma entrega cancelou o contrato com a empresa e o segundo não estava aberto quando lá cheguei.”

Getty Images/iStockphoto

Maria admite que não é uma grande compradora e todo este empenho é, de facto, dirigido a esvaziar o que interessa lá em casa. O que não significa que não esteja atenta a uma potencial bagatela, pelo menos na escala golden goosiana (chamemos-lhe assim) para quem frequenta o circuito dos sneakers de valor imponente. Até agora, ficou-se por uma única compra, mas, segundo a própria, o achado vale por um carrinho cheio: “Encontrei uns ténis da Golden Goose Deluxe Brand que tinham sido usados uma ou duas vezes à venda por 160 euros — estes modelos novos custam à volta de 450. Ainda consegui negociar o preço e comprar um pouco mais baratos. Chegaram impecáveis e dou-lhes bastante uso”. Mais difícil parece ser despachar artigos masculinos, seja porque a app é sobretudo frequentada por mulheres, ou quem sabe porque as subtilezas do sistema não ajudam nesse sentido. “Pus duas peças à venda (umas calças da Levi’s e uns calções da COS) e a procura não tem mesmo nada a ver. Só que não sei se o facto de o meu perfil ser feminino faz com que o algoritmo não chegue a compradores homens.” Quer isto dizer que pode ser especialmente complicado ver e ser visto nesta grande montra? Nem por isso. “Dificilmente ficamos com a sensação de que ninguém está a ver o nosso perfil. E é engraçado ter tantas pessoas de França, Espanha e Bélgica, por exemplo, a comprarem-nos coisas, sem que a distância torne as transações mais complicadas. Para quem vende, é completamente indiferente termos um comprador do Porto ou de Paris.”

Mas foi precisamente em Portugal, entre portuguesas, que se deu um dos episódios mais caricatos até agora, na sua experiência online, quando se cruzou com uma influencer a vender uns sapatos de uma marca de luxo por 15 euros. “Como me pareceu bom de mais para ser verdade, perguntei-lhe por mensagem se os sapatos eram autênticos e foi só aí que ela se apercebeu de que se tinha enganado no preço de venda. Perdi uma boa oportunidade.”

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