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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Um dia com Madeira Rodrigues: exercício em casa, o quarto de Jacinta e a desistência de madrugada

Começou às 10 na Antena1, anunciou aos mais próximos o acordo com Ricciardi às 2h. Teve aula com um PT em casa, rezou na Estrela. Estivemos com Madeira Rodrigues no dia em que deixou de ser candidato.

Com o passar dos dias na estrada com os candidatos, e quando estamos a menos de uma semana do sufrágio eleitoral do Sporting, os segredos (nem todos mas alguns) começam a tornar-se coisas que duram poucas horas até se tornarem notícias. E este fim de semana, sobretudo no domingo, a hipótese de haver uma espécie de pré-acordo eleitoral entre candidaturas (o termo fusão, na sua essência, nunca pode ser aplicado por não haver hipóteses de mexer nas listas entregues em Alvalade) ganhou um redobrado peso nos casos de José Maria Ricciardi e Pedro Madeira Rodrigues. E por uma razão simples: os contactos entre elementos ligados aos sete cabeças de lista têm sido mais do que muitos, intensificaram-se nos últimos dias, mas acabam sempre por bloquear em questões basilares que são inultrapassáveis. Neste exemplo, as coisas não eram bem assim.

É neste contexto que passamos o dia com Madeira Rodrigues, que começa a manhã com uma entrevista em direto na Antena 1. Ao sair dos estúdios, entra no carro e segue em direção à Estrela, num caminho que iria repetir mais tarde por causa de um lapso de agenda que só quase a chegar se lembra. Primeira coisa que faz antes de arrancar? Ligar à mulher, que se encontra fora, para falar sobre a entrevista. “Gostei muito, não consegui ouvir tudo por causa do sinal mas foi quase tudo”, diz. O candidato não consegue disfarçar o orgulho da sua “fã número 1”. Mas este é um dia com muito mais, longo, com chamadas fora de horas em busca de uma possível convergência de projetos com Ricciardi. E é um dia feito com ginástica de manhã, um almoço de trabalho com o núcleo duro da candidatura, reuniões, uma paragem para rezar e uma entrevista na Sporting TV.

[Veja o vídeo em que Pedro Madeira Rodrigues responde às perguntas do Observador – e dá uns toques na bola]

Aos 47 anos, o gestor nascido em Lisboa já não é um desconhecido no universo verde e branco, depois de ter avançado contra Bruno de Carvalho nas últimas eleições. “Se eu fosse dizer as pessoas todas com quem fui falando, no início sem sequer colocar a hipótese de ser eu o cabeça de lista, e que diziam que estavam comigo, que acreditavam na minha visão e que me apoiavam sem dar a cara em 2017… E pessoas que disseram que votaram em mim mas depois andaram a dizer publicamente que afinal tinham votado no Bruno de Carvalho…”, desabafa. Teve um tiro muito falado, que poderia ter impacto mas ficou diluído com o tempo e com o bom arranque de campeonato, chamado Claudio Ranieri, que admite já ter soltado do compromisso que tinha assumido perante o primeiro lugar de José Peseiro. “Mas gostava muito que um dia viesse”, acrescenta.

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Quando era mais novo, Madeira Rodrigues, então conhecido como o “canina” ou o “rodas baixas”, jogou no Sporting entre os 11 e os 14 anos, como lateral direito – e era por isso que tinha como principal referência o internacional Artur Correia. Os estudos acabaram por ganhar ascendente e o futebol passou a ser resumido aos encontros entre amigos. Formou-se em Gestão e Administração no ISCSP – Universidade Técnica de Lisboa, fez a especialização em Recursos Humanos, tirou uma MBA na Nova e cumpriu ainda o Programa de Desenvolvimento de Liderança de Harvard, numa passagem pelo estrangeiro que acabou por lhe abrir uma nova perspetiva em relação a vários pontos do fenómeno desportivo como entretenimento. No meio da formação, foi ganhando algum dinheiro com traduções e estudos de mercado, passando ainda pelos Recursos Humanos de empresas como Gás Portugal, Aki e Ernst & Young. Chegou ao governo, sendo chefe de gabinete dos ministros da Economia Carlos Tavares (Durão Barroso) e Álvaro Barreto (Santana Lopes), e passou depois para secretário-geral da Câmara do Comércio e da Indústria Portuguesa, cargo que deixaria para avançar pela primeira vez num ato eleitoral do clube para quem fez o musical “1906 – O nosso grande Amor” (escreveria ainda uma adaptação de “Godspell”, que mereceu muitos elogios).

Madeira Rodrigues foi mantendo contactos ao longo do dia com Ricciardi mas a decisão só chegou a madrugada

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O candidato gosta de dar importância os à família (é casado com Patrícia Lopo de Carvalho da Costa Félix e tem cinco filhos entre os 12 e os 21, Leonor, Graça, Francisco, Rosário e Diogo) e um mundo extra desporto onde se inclui o cinema (com destaque para o filme “A Vida é Bela”, ponto alto da carreira de Roberto Benigni) ou a música (Pink Floyd). Depois da derrota no sufrágio de 2017, voltou à “base”; agora, saiu de novo da zona de conforto perante o cenário de eleições antecipadas após a queda da Direção do clube em Assembleia Geral.

10h-15h

A primeira entrevista, os treinadores versão gentlemen e uma aula personalizada em casa

“Aquela primeira sondagem, que na verdade é uma espécie de estudo de opinião feito num ambiente muito próprio, foi muito penalizador para mim. E tenho consciência disso”, admite. Vamos em direção ao Mosteiro do Imaculado Coração de Maria, na Estrela, onde quer passar aproveitando a pequena folga na agenda que tem depois da primeira entrevista. Ao mesmo tempo que vai elogiando Claudio Ranieri, “um gentleman que partilha os mesmos valores e que é um ótimo condutor de homens”, recorda também a figura de Bobby Robson. “Foi uma coisa de que nunca me esqueci. Lembro-me de ver aquele jogo com o Salzburgo, de ser despedido quando estava no primeiro lugar… E recordo-me até que na altura considerava ter um jogador com grande capacidade, que dizia nas conversas ser um dos melhores em potência: Cherbakov. Foi uma pena”, comenta.

O tema anda pelos treinadores e de lá não sai tão cedo mas por outras razões. “Não conhecia aquele local ali na Estrela e por acaso até foi o Marcelo Bielsa que me falou nele e da história das clarissas. É outro senhor do futebol, mas se calhar nesta altura podia não ser a melhor opção para o Sporting”, admite, prosseguindo: “Costumo rezar o terço todos os dias e ganhei o hábito de lá ir. Se não se importarem, vou aproveitar agora antes do almoço que tenho marcado porque mais logo pode ser complicado”. Tudo certo até que o telefone toca. “Tínhamos marcação? Eh pá não me diga nada, então não é que me esqueci? Mas vou já a caminho de casa”, responde. “Acredito na ideia do corpo são, mente sã. Era o meu PT, hoje tenho aula”.

O dia começou com uma entrevista à Antena 1. No final, a primeira chamada que fez foi para a mulher. "Gostei muito", disse

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O pequeno terraço costuma receber aulas de manhã duas a três vezes por semana, sempre que possível com a mulher também. Neste caso, é um dos filhos, Francisco, que acompanha o pai em quase uma hora de exercícios monitorizados por um personal trainer que conhece bem os cantos à casa e que com poucos acessórios consegue deixar ambos com um esgar de esforço de quem foi ao limite. Pedro Madeira Rodrigues não demora muito tempo a trocar de roupa e surge com uma t-shirt do Sporting, como não poderia deixar de ser. Passa pela cozinha, tira a garrafa de vidro com água fresca para colocar na mesa cá fora, aperta os atacadores dos ténis e está pronto para o abrir das hostilidades. Ao lado estava também o telefone.

O momento obriga a alguma concentração para fazer os exercícios propostos de uma forma correta, mas de vez em quando existem algumas exceções. Por exemplo, quando pergunta ao filho a que horas vai jogar ao certo João Sousa nos oitavos de final do US Open, frente a Novak Djokovic (encontro que o português que já fez história ao chegar a este patamar viria a perder em três sets). “Este elástico? Não, prefiro aquele”, diz, apontando para o verde para evitar o vermelho. Nas paragens, vai desligando ou colocando em silêncio as chamadas que recebe. Uma, duas, três, quatro, cinco. Apenas no final do programa olha com mais atenção para o telefone e responde mesmo a uma mensagem. Segue para a parte de cima da casa para tomar banho e arrancar para o almoço que estava marcado para as 12h30/13h na zona de Belém, ali mesmo ao lado do rio.

De manhã, já se tinha esquecido da marcação mas foi a tempo de ir a casa para ter uma aula com um personal trainer no terraço, na companhia de um dos filhos. Pelo meio, recebeu pelo menos cinco chamadas. Algumas acabou por rejeitar, outras tocou no botão do silêncio. Só no final agarrou no telefone.

As notícias do dia começam a ser discutidas pelo núcleo duro da campanha de Madeira Rodrigues, mas são as memórias do Sporting de antigamente que acabam por assaltar a conversa. Como por exemplo os célebres Vapores do Rego, uma espécie de primeiro ensaio para a formação de claques no Sporting que se confirmaria de forma efetiva com o nascimento da Juventude Leonina, em 1976. Quando era mais novo, o gestor preferia ver a bola na Superior, mesmo não estando propriamente no meio da “molhada”; por causa do pai, acabou depois por passar a ter uma cadeira na Bancada Central do antigo José Alvalade. E foi aí que um dos melhores amigos lhe pregou uma partida. “No final do jogo, também porque era mais jovem, virei-me para cima e acabei por atirar algumas bocas ao presidente da altura, que era Jorge Gonçalves. Nessa semana, recebi uma carta timbrada com o logo do Sporting dizendo que tinham reparado no meu comportamento no jogo. Nem sabia o que deveria pensar ou como teria sido possível no meio daquela confusão toda identificarem-me, mas foi uma brincadeira de um amigo”, diz.

Madeira Rodrigues já se tinha esquecido que era dia de aula mas não faltou. "Corpo são, mente sã", diz

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As gambas à brás ganham por maioria naquela mesa, Madeira Rodrigues, que bebe uma Pepsi, prefere o bife com batatas fritas e esparregado. Tinha chegado sozinho no seu BMW, deixa também o local dessa forma depois de se despedir de todos. E com uma curiosidade: no dia que acabaria com a aliança com José Maria Ricciardi, tem a viatura estacionada numa zona onde é só atravessar a estrada e chegamos à zona do CCB onde o banqueiro apresentou de forma oficial a candidatura às eleições. “Vou estar por ali pelo centro de Lisboa”, salienta. “Estas reuniões serão muito importantes mesmo”, acrescenta. 

“Estou mais confiante, no ano passado fomos os únicos a aparecer”. Madeira Rodrigues formaliza candidatura

15h-20h15

Ricciardi, três reforços e uma passagem pelo Mosteiro do Imaculado Coração de Maria

Durante três horas, Madeira Rodrigues “desaparece”. As pessoas mais próximas sabem os temas que estão em cima da mesa, mas ninguém arrisca colocar o maior peso da balança num eventual acordo com Ricciardi ou numa candidatura reforçada com a negociação de três jogadores livres com possibilidade de entrarem de forma direta no plantel em caso de eleição para outras tantas posições mais carenciadas (central, lateral esquerdo e avançado). Depois, ainda há a questão Ranieri, que tem recebido sondagens e propostas mas que continua fiel ao acordo que tinha sido estabelecido com o gestor.

O almoço na zona de Belém serviu para discutir o Sporting, recordar histórias do passado e preparar o aconteceria mais tarde

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Recuando ao dia em que apresentou de forma oficial a candidatura, a ideia conceptual dos três ‘V’ que anunciou e que comandava a lista ‘O Grande Sporting’ continuam atuais: valores, visão e vitórias. No entanto, aquele prognóstico com que arrancou, e onde previa partir “com uma larga vantagem”, foi-se desvanecendo com o tempo. “A última candidatura teve um contexto especial, não tinha os conhecimentos e a notoriedade que tenho hoje em dia. Na altura já me sentia preparado, agora estou muito mais preparado. Conheço muito melhor o Sporting e as pessoas também estão mais recetivas para me ouvir”, referiu então. Hoje, a realidade mudou. E já consegue admitir que, mais importante do que uma lista sua, pode ser o futuro dos leões, um futuro para o qual considera não estarem preparado os candidatos mais novos, como João Benedito e Frederico Varandas.

Madeira Rodrigues apresenta-se com um ás de trunfo: Claudio Ranieri será o treinador em caso de vitória

“Está tudo a correr muito bem mas ainda não existem novidades que possa revelar”, diz a certa altura. A ronda de reuniões, de telefonemas e de contactos termina pouco antes das 18h, tendo ainda uma pequena janela temporal para passar pelo Mosteiro do Imaculado Coração de Maria, na rua da Estrela. “O senhor Pedro costuma vir mas hoje ainda não chegou”, explica a clarissa que nos abre a porta. Dez minutos depois, “o senhor Pedro” toca à campainha. “Já conhecem este espaço? Eu vinha cá de vez em quando deixar comida mas não conhecia bem. É um local com muita, muita história”, ressalva.

"O senhor Pedro costuma vir mas hoje ainda não chegou", explica a clarissa que nos abre a porta. Dez minutos depois, "o senhor Pedro" toca à campainha. "Já conhecem este espaço? Eu vinha cá de vez em quando deixar comida mas não conhecia bem. É um local com muita, muita história", ressalva.

Aquilo que forma hoje em dia o Mosteiro são dois edifícios antigos de apartamentos naquela zona. Num deles, então gerido pela madre Godinho, que seria consagrada Terceira Franciscana, foi recebida Jacinta, uma das três crianças que afirmou ter visto a Virgem na Cova da Iria em 1917. “Como homenagem à minha e nunca esquecida afilhada a quem Nossa Senhora apareceu, Jacinta Marto, Vidente de Fátima, onde em meados de janeiro até 2 de fevereiro de 1920, quando no decurso do seu repouso feito neste orfanato lhe apareceu novamente Nossa Senhora antes de ser internada no Hospital de Dona Estefânia, onde faleceu a 20 de fevereiro desse mesmo ano”, pode ler-se numa lápide colocada na parede e datada de 1953.

Foi através de Bielsa que o gestor conheceu o Mosteiro do Imaculado Coração de Maria, onde costuma rezar no quarto que foi de Jacinta

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É no silêncio do quarto que um dia pertenceu a Jacinta que Pedro Madeira Rodrigues fica durante 45 minutos. Com educação católica, reza o terço de forma diária todos os dias desde que perdeu um familiar num desastre. Percebemos de outra sala quando acabou esse momento muito pessoal e reservado quando ouvimos parte de um discurso seu. “Terminei e estava aqui a ver um vídeo novo que fizemos e que me tinham enviado entretanto”, explica. E volta a recordar a forma como conheceu o espaço através de Marcelo Bielsa, técnico argentino que já esteve por mais do que uma vez na órbita do Sporting em altura de eleições e que se encontra agora, e com sucesso até ao momento, no segundo escalão inglês (Leeds United). “Agora tenho apenas de passar 15 minutos por casa antes de seguir para a Sporting TV, não me posso atrasar que é em direto”.

20h15-2h

Uma entrevista com muitas revelações antes do acordo final com Ricciardi

Trocou a camisa e calças azuis escuras pelo fato mas chega à Sporting TV ainda sem gravata, que coloca apenas quando entra na sala de caracterização. Antes de entrar no estúdio, e enquanto se prepara para a entrevista, vai trocando algumas impressões com a sua assessoria de imprensa. Ao contrário da maioria dos seus adversários, não leva apontamentos, nem cadernos, nem folhas para a mesa. Até a garrafa de água que ao longo de quase uma hora esteve sempre à sua frente é aberta já nos últimos minutos, numa conversa que não deixa grandes pistas em relação a uma possível saída da corrida.

Na sala de caracterização antes da entrevista na Sporting TV, casa onde já conhece quase todos os funcionários

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“Estou muito perto de apresentar jogadores para entrarem já para o Sporting. Se quisesse apresentaria três jogadores. Só não anuncio porque não posso ultrapassar um certo limite. Era muito fácil apresentar agora os três jogadores, mas estou a negociar ao cêntimo. São estrangeiros. Um defesa esquerdo, um ponta de lança e um grande campeão, um homem para o balneário, tipo Peter Schmeichel. Jogadores que não têm contrato. Perdemos o Marchisio para o Zenit, seria jogador do Sporting se fosse presidente na semana passada. Hoje perdemos um para o Olympiacos [Yaya Touré]. Se eu não fechar estes jogadores amanhã, não os fecho”, começou por dizer no canal do clube. “Posso dizer um, porque já me apanharam com ele. É o John Terry, um grande campeão, jogador que não vem para ganhar jogos, vem para ganhar jogos nos treinos. É um capitão sem braçadeira. É este tipo de carácter que precisamos de trazer para o Sporting. Agora, não posso pagar-lhe o que está habituado a receber, mas acho que está muito perto de ser nosso jogador”, admitiu, sem falar noutras possibilidades, como Evra ou Rossi.

“Foi uma aposta de risco. O Sporting nestes dois anos tem de arriscar, não podemos ficar fora da Liga dos Campeões. Não sou jogador de casino, são apostas conscientes. O Sporting está em primeiro, as coisas têm corrido bem. Temos dez pontos e eu aprendo muito com a história. A última vez que mandámos alguém embora demo-nos mal, com Bobby Robson, que depois foi campeão no FC Porto. Não vamos repetir erros. Mesmo para ele [Ranieri] é uma situação complicada, substituir um treinador que está em primeiro. Demos um passo atrás e vamos acreditar, um pouco como os outros seis candidatos, que Peseiro pode ser a solução para já, mas defendo um perfil como Ranieri”, acrescentou ainda no âmbito do futebol.

"A última vez que mandámos alguém embora demo-nos mal, com Bobby Robson, que depois foi campeão no FC Porto. Não vamos repetir erros. Mesmo para ele [Ranieri] é uma situação complicada, substituir um treinador que está em primeiro. Demos um passo atrás e vamos acreditar, um pouco como os outros seis candidatos, que Peseiro pode ser a solução para já, mas defendo um perfil como Ranieri", disse sobre a questão do treinador, na última entrevista como candidato à presidência.

“O que esteve em cima da mesa antes de nos lançarmos na corrida foi falar com candidatos e possíveis candidatos, tal como já tinha feito no ano passado. Foi o primeiro passo que tomei. Continuo a achar que, com sete candidatos, estamos a dar uma imagem de desunião lá para fora. Sete candidatos são candidatos a mais, apesar de todos terem a sua legitimidade, e quem der um sinal de união vai ser reconhecido pelos sócios. Preciso de ter a humildade para perceber que posso ter uma equipa fantástica mas que podemos colaborar com outros para termos uma liderança mais consistente. Não gosto da solução de saco de gatos, que é o pior para o Sporting, mas é preciso haver entendimentos. Não tem de ser com José Maria Ricciardi, pode ser com Tavares Pereira. É fácil também pelas ideias em comum haver esse entendimento. Há dois candidatos que têm liderado as sondagens e que não têm quaisquer condições para liderarem o Sporting. Isso deixa-me preocupado e já lhes disse isso cara a cara. Não temos tempo a perder, o Sporting não pode ir para mãos de gente inexperiente e viu-se essa falta de maturidade ao longo da campanha. Entre todos vejo cinco que estão completamente inflexíveis… Cinco não, são quatro. E às vezes isso tem a ver com as equipas que estão com eles”, comentou, sobre a possível junção com a lista de Ricciardi.

A entrevista conduzida por Sérgio Sousa foi a última como candidato; às 2h da manhã, chegou a acordo com Ricciardi

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No final da entrevista, foi pedindo uma opinião geral. Considerou ter sido uma conversa mais pessoal em alguns momentos, por ter falado mais do que uma vez em situações vividas com o pai e por ter contado também um episódio no estádio da Luz, quando viu com dois amigos cerca de 20 adeptos do rival darem pontapés a um miúdo do Sporting que estava no chão e saltou para cima deles — mas gostou do registo ligeiramente diferente. Ainda gravou depois o vídeo para o Observador, onde mostrou ter a tal boa ligação com a bola e o jeitinho para o futebol, leu algumas notícias que já circulavam sobre um possível acordo que ainda não tinha sido alcançado com José Maria Ricciardi, não gostou muito da forma como as coisas estavam a ser colocadas. Quando abandonou as instalações em Carnaxide, por volta das 22 horas, sabia que o dia estava ainda longe de acabar e foi de forma privada que, após mais uma ronda de conversas, anunciou a algumas pessoas mais próximas o acordo para desistir da corrida já de madrugada, por volta das 2h da manhã. E, em vez de sete, o Sporting passa a ter apenas seis candidatos, faltando apenas saber em concreto algo que fechou também com o banqueiro: o cargo que ocupará na SAD com Pedro Baltazar, entre outros.

O Observador vai publicar até às eleições do Sporting reportagens com todos os candidatos à presidência do clube.

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