Índice
Índice
A Apple tem novidades, fresquinhas, daquelas que põem os fãs numa azáfama gigante. Esta segunda-feira, 21 de março, organiza o primeiro evento deste ano. Será na sede da marca em Cupertino, no estado norte-americano da Califórnia. E acontece numa altura em que a empresa se vê a braços com a justiça por recusar desbloquear o iPhone de um dos terroristas que matou 14 pessoas em São Bernardino em dezembro do ano passado.
Porque é isto relevante? Por dois motivos. Primeiro: duas fontes independentes confirmaram que a data inicial estava marcada para 15 de março, algo que acabou por não se verificar. Segundo: a Apple terá optado por adiá-lo pois a 22 de março — isto é, no dia a seguir ao evento — haverá uma nova audiência judicial no âmbito desse caso, de acordo com a agência Reuters. É bem provável que o diretor executivo da Apple, Tim Cook, aproveite o evento para reforçar a posição da empresa em não abrir mão dos mecanismos de proteção de dados. Talvez.
Estamos mais do que habituados ao secretismo em torno dos lançamentos da empresa e também à imensa onda de rumores que os antecedem. Mas agora, com a data fixada, importa saber o que esperar deste “evento especial”. Vamos a isso.
Um novo iPhone, mais pequeno e “barato”
É o rumor mais falado. E também o mais inesperado tendo em conta que, por norma, a Apple só apresenta novos modelos do iPhone em setembro. Tem sido assim desde o iPhone 5, lançado em 2012. Porém, este ano o caso muda de figura: a Apple terá um trunfo na manga chamado iPhone SE.
Em cima da mesa estiveram outros nomes, como iPhone 5SE ou mesmo iPhone 6C. De acordo com o The Verge, tratar-se-á de um telemóvel mais pequeno, de desenho semelhante ao iPhone 5S, mas com características que o aproximam mais dos últimos iPhone 6 e 6S. Será também o regresso da Apple aos aparelhos com ecrã de quatro polegadas. Para ter uma ideia do que poderá ser o novo iPhone, o especialista em tecnologia Steve Hemmerstoffer garante que “uma fonte” lhe passou estes dois esboços, alegadamente “testados pela Apple”:
According to my source, two prototypes of the new 4" #iPhone were tested by #Apple. Here's what they look like... pic.twitter.com/RgVblGdCRi
— OnLeaks (@OnLeaks) February 24, 2016
O que se espera é um smartphone mais pequeno mas com algumas das características técnicas dos grandes, nomeadamente uma câmara fotográfica equivalente. Segundo o site 9to5Mac, o novo iPhone terá uma câmara principal (traseira) com 12 megapíxeis, com capacidade para filmar em 4K e suporte para Live Photos — tal como o iPhone 6S. O mesmo site reportava em janeiro que a câmara principal teria apenas oito megapíxeis, enquanto a frontal, para selfies, teria 1.2 megapíxeis — como as do iPhone 6, portanto.
Da gama 6S deverá receber o leitor de impressões digitais TouchID e a tecnologia NFC, que permite efetuar pagamentos com o serviço Apple Pay. No entanto, não deverá integrar a nova tecnologia 3D Touch que, segundo o site MacRumors, continuará a ser exclusiva dos últimos 6S e 6S Plus. Destes, o iPhone SE recebe ainda o processador A9, avança a Bloomberg, acompanhado por um chip M9 — ou seja, por outras palavras, poderá invocar a assistente Siri em qualquer altura, dizendo “Hey Siri”.
Quanto a memória RAM, não deverá ser superior a 1 GB. Conte também com duas versões deste telemóvel, com 16 ou 32 GB de armazenamento disponível, assim como a gama de cores padrão da Apple: Gold, Rose Gold, Silver e Space Gray, segundo o MacRumors — ou seja, dourado, rosa-claro, cinzento-claro e cinzento-escuro (pela ordem da imagem abaixo).
Em relação ao preço, os rumores parecem convergir num ponto: será mais barato do que o iPhone 6S, o que não quer dizer que seja efetivamente barato. Deverá situar-se entre os 400 e 500 dólares, fazendo cair o preço do iPhone 5S para 225 dólares, refere o MacRumors.
Um iPad Pro do tamanho do iPad Air 2
Outro rumor que ganhou fôlego nos últimos meses indica que a gama de tablets iPad Pro conhecerá um novo elemento: um iPad Pro de 9.7 polegadas. Sim, com o mesmo tamanho do iPad Air 2. A justificação parece óbvia. Em setembro do ano passado, a Apple apresentou o primeiro — e, até agora, único — iPad Pro, com 12.9 polegadas. Ora, trata-se de um aparelho bastante grande e por isso menos portátil. Com esta aposta, a Apple mantém todo o potencial do iPad Pro, mas num formato bem mais transportável. Eis a maquete alegadamente testada pela Apple, de acordo com o site Engadget:
Neste iPad Pro, o Engadget destaca o processador A9X, as duas colunas colocadas nos cantos do aparelho e a porta Smart Connector, que permite acoplar uma capa/teclado semelhante à do Surface Pro 4, da Microsoft. Tão semelhante que deverá também ser vendida em separado, por “apenas” 179 euros. O novo iPad Pro terá ainda um flash LED na parte traseira e, segundo o 9to5Mac, mais memória RAM do que a primeira versão. Quanto ao espaço de armazenamento, o site MacRumors fala em duas versões: uma de 32 e outra de 128 GB. Os preços deverão começar nos 600 dólares para o modelo Wi-Fi de 32 GB.
Novas braceletes para o Apple Watch
Ainda não deverá ser desta que vamos conhecer o sucessor do relógio da Apple. Mas os rumores sugerem que o Watch não ficará esquecido. Espera-se que a marca lance novas braceletes esta segunda-feira, permitindo uma maior personalização do relógio.
Chegados aqui, um pormenor interessante: a Apple tem por hábito deixar dicas ou mensagens subliminares nos convites para os seus eventos. Desta vez, diz-nos: Let us loop you in. E embora ainda não se saiba ao certo o que significa, poderá estar relacionado com o lançamento de uma bracelete específica: a versão preta da Milanese Loop, em harmonia com o Apple Watch Space Black. Para suportar a ideia, o MacRumors avança que, em janeiro, a combinação dos dois itens terá aparecido na Apple Store online da República Checa, como se vê pela imagem:
A marca poderá aproveitar o evento para lançar também uma atualização do sistema operativo watchOS (2.2), com melhoramentos nos mapas e, talvez, a possibilidade de ter dois relógios emparelhados com um único iPhone, refere o The Verge.
A última atualização do iOS 9 (para iPhone e iPad)
Em janeiro a Apple anunciou o iOS 9.3, a terceira e, provavelmente, a última atualização para o iOS 9, o sistema operativo dos iPhone e iPad. Na altura, esperava-se que o lançamento definitivo acontecesse logo no mês a seguir. Mas passou-se fevereiro e do iOS 9.3 nada mais se ouviu falar, apesar de terem sido lançadas diferentes versões beta (de teste) deste sistema em intervalos de tempo cada vez mais curtos.
Assim, é bastante provável que a Apple aproveite o evento desta segunda-feira para lançar oficialmente a atualização. Além disso, já se fala do iOS 10, uma versão completamente nova do sistema operativo que se espera que seja anunciada em meados deste ano.
E o que é que o iOS 9.3 traz de novo? Já fizemos o resumo aqui no Observador. Entre as novas funcionalidades vocacionadas para o ensino (e para os iPad), surgirão pequenas melhorias às aplicações News, Health e Notes. Esta última será talvez a mais apelativa ao público em geral: poderá proteger as suas notas com uma senha ou com o TouchID do dispositivo A Apple preparou ainda melhorias para as funcionalidades baseadas no 3D Touch e, se tem um iPhone 6S ou 6S Plus, passará a ter disponíveis novos atalhos de acesso rápido no painel inicial do aparelho.
Além disso, o iOS 9.3 terá ainda o modo Night Shift, uma funcionalidade que reduz os distúrbios do sono associados à luz emitida pelos aparelhos eletrónicos. Já testámos este “modo noturno” na versão beta e admitimos que funciona muito bem. Encontra mais detalhes aqui.
Em suma, as novidades da Apple deverão passar por um novo iPhone, um novo iPad, novas braceletes para o Apple Watch e uma atualização para o iOS. Mas tudo pode não passar de rumores e só esta segunda-feira saberemos ao certo o que a marca preparou. No entanto, a política de secretismo da marca é cada vez menos eficaz e, nos últimos eventos, os rumores não fugiram muito à realidade. O evento começa às 10h locais, 17h em Lisboa. E poderá ser acompanhado em direto no site oficial, mas apenas num dispositivo Apple e no browser Safari, ou num PC com o Windows 10 e no browser Microsoft Edge.
Resta apenas uma pergunta por responder: porquê um novo iPhone em pleno mês de março? A explicação pode estar nos números. O iPhone está a vender pouco. No último trimestre de 2015, as vendas do telemóvel quase estagnaram, registando um crescimento de 0,4% em relação ao período homólogo (o ritmo mais lento desde o lançamento do iPhone original). E, com o lançamento deste novo aparelho, a Apple estará à espera de recuperar alguma quota de mercado.
Tim Cook, diretor executivo, desvaloriza a situação, mas as vendas dos iPhone têm vindo a perder terreno para os modelos Android (Samsung, Huawei, LG, etc.). São factos: a Apple já nem sequer é a empresa mais valiosa do mundo, foi destronada em fevereiro pela Alphabet (grupo do qual faz parte a Google).
Steve Jobs tinha por hábito terminar as keynotes (apresentações) com uma frase que se tornou célebre: “But there’s one more thing” (mas há mais uma coisa). O atual mestre-de-cerimónias, Tim Cook, irá revelar esta segunda-feira que coisas mais a Apple vai acrescentar (ou não) ao negócio mais bem-sucedido da história recente da tecnologia. Seja o que for, cá estaremos para contar.