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André Villas Boas, novo presidente do FC Porto, sempre criticou o protocolo de venda de bilhetes que Pinto da Costa ultimou com os Super Dragões liderados por Fernando Madureira
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André Villas Boas, novo presidente do FC Porto, sempre criticou o protocolo de venda de bilhetes que Pinto da Costa ultimou com os Super Dragões liderados por Fernando Madureira

André Villas Boas, novo presidente do FC Porto, sempre criticou o protocolo de venda de bilhetes que Pinto da Costa ultimou com os Super Dragões liderados por Fernando Madureira

Venda de bilhetes pelo clã de Fernando Madureira seria "moeda de troca" pelo apoio ao clube liderado por Pinto da Costa

Autoridades suspeitam que enriquecimento ilícito de clã Madureira e consequente prejuízo patrimonial do FC Porto era aceite pelo clube como "moeda de troca" pelo apoio dos Super Dragões ao clube.

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Uma operação especial de buscas judiciárias a um domingo é algo que não é muito comum — muito menos se for a um conjunto alargado de alvos. A Operação “Bilhete Dourado”, que nasce de uma certidão extraída da Operação Pretoriano, conseguiu causar surpresa ao promover a entrada do DIAP Regional do Porto e da PSP no Estádio do Dragão, mas também realizou buscas domiciliárias que visaram vários funcionários do FC Porto e membros dos Super Dragões.

As autoridades visaram especialmente o clã familiar liderado por Fernando Madureira, em prisão preventiva desde fevereiro, tendo a PSP realizado buscas à casa de Sandra Madureira (mulher e vice-presidente dos Super Dragões), Catarina Madureira (filha) e a Maria Júlia Silva (avó de Sandra) — existindo ainda suspeitas do envolvimento dos sogros de Fernando Madureira.

DIAP do Porto e PSP investigam desvio de fundos do FC Porto por intermédio de vendas de bilhetes

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Todos estes arguidos são suspeitos de alegadamente participarem num esquema de venda irregular de ingressos para os jogos do FC Porto e alegada falsificação dos mesmos bilhetes, que terão levado a um alegado enriquecimento ilícito de Fernando e de Sandra Madureira numa quantia que ainda não está apurada.

O inquérito do DIAP Regional do Porto investiga ainda o alegado crime de abuso de confiança qualificado, o que implica que o alegado enriquecimento ilícito do clã Madureira terá sido feito à custa do património do FC Porto e do seu grupo empresarial.

As autoridades, que acreditam que o Estado também é lesado devido aos bilhetes falsificados, referem mesmo nos mandados de busca que tal esquema lesivo dos interesses patrimoniais do FC Porto é “conhecido e aceite” no seio do clube como “moeda de troca” pelo apoio dos Super Dragões ao clube que foi liderado por Jorge Nuno Pinto da Costa até ao passado dia 7 de maio.

Além dos quatro funcionários do FC Porto alvos de buscas domiciliárias e visados na investigação, o DIAP Regional do Porto imputa a Rui Portovedo Lousa (administrador da Porto Comercial, SA) e a José Pedro Dias (diretor comercial da Porto Comercial, SA) um alegado conhecimento e cumplicidade no esquema da venda de bilhetes.

Além dos quatro funcionários do FC Porto alvo de buscas domiciliárias e visados na investigação, o DIAP Regional do Porto imputa a Rui Portovedo Lousa (administrador da Porto Comercial, SA) e José Pedro Dias (diretor comercial da Porto Comercial, SA) um alegado conhecimento e cumplicidade no esquema da venda de bilhetes. Há também uma referência explícita nos autos ao levantamento de bilhetes por parte do líder dos Super Dragões via órgãos dirigentes do FC Porto.

Ao que o Observador apurou, a investigação do DIAP Regional ainda continua à procura de mais elementos de prova que permita perceber se há outros membros de administrações de empresas do Grupo Porto e de titulares de órgãos sociais do FC Porto que tivessem conhecimento do esquema que terá beneficiado o clã Madureira. Há mesmo uma referência explícita nos autos ao levantamento de bilhetes por parte do líder dos Super Dragões via órgãos dirigentes do FC Porto.

Como o esquema de vendas de bilhetes funcionava — e terá beneficiado Madureira

A investigação do DIAP Regional do Porto e da PSP ao alegado esquema de venda irregular de bilhetes iniciou-se noutros processos e consolidou-se na Operação Pretoriano, o que já permitiu a aquisição de um profundo conhecimento sobre a forma como Fernando Madureira liderava a sua operação.

Assim, e ao abrigo do protocolo estabelecido entre o Futebol Clube do Porto e a Associação Super Dragões em setembro de 2023, Fernando Madureira tinha acesso direto aos títulos de ingresso para os jogos do Porto de duas formas:

  • Através de Cátia Guedes, funcionária da Porto Estádio, coordenadora da bilheteira na Loja do Associado;
  • Ou através de órgãos dirigentes do Futebol Clube do Porto e também de Fernando Saúl, oficial de ligação aos adeptos do FC Porto e funcionário do clube.

Do ponto de vista criminal, o problema começa quando, segundo o DIAP Regional do Porto, existiu um alegado conluio entre Fernando Saúl e Cátia Guedes para que Fernando Madureira ficasse com os bilhetes e retivesse os fundos conseguidos com a venda. Na prática, Saúl e Guedes terão permitido que alegadamente Fernando Madureira se apropriasse de tais fundos que pertenciam ao FC Porto.

Operação Pretoriano. Super Dragões suspeitos de ameaçarem idosos de muletas e agredirem mulheres

Outra questão prende-se com a organização que o líder dos Super Dragões construiu para vender os bilhetes de forma irregular, segundo o DIAP do Porto. Tudo começava com um número de telefone associado a uma conta na rede social WhatsApp que pertencia à Associação Super Dragões, sendo que tal conta no WhatsApp funcionava como uma espécie de balcão que servia para os adeptos pedirem um bilhete, receberem os dados para pagamento e recolherem os bilhetes.

O pagamento era feito através de MB Way, criando-se um código que permitia o levantamento de dinheiro por parte de elementos dos Super Dragões. Após o pagamento, os bilhetes poderiam ser enviados por formato digital.

Outra forma de operar desta rede liderada por Fernando Madureira implicava novamente um alegado conluio de responsáveis da Porto Comercial. Segundo o DIAP Regional do Porto, a responsável pela bilhética, Cátia Guedes, sabia de antemão quem eram os sócios do FC Porto com lugar anual que iriam de facto ver determinado jogo. Com a posse dessa informação, que era reforçada pelos cobradores oficiais do clube Manuel António e Leonel Araújo, que cobravam no Estádio do Dragão as quotas aos sócios que queriam assistir aos jogos, Cátia Guedes podia dar ordens para emitir novos bilhetes para os lugares que estavam livres.

Essa emissão era feita e, segundo a investigação, os bilhetes eram vendidos pela estrutura liderada por Fernando Madureira no mercado paralelo em locais específicos: nas imediações do Museu do Dragão/PS, no Contentor dos Super Dragões, Cogumelo (bilheteira) e no Alameda Shopping.

A responsável pela bilhética Catía Guedes sabia de antemão quem eram os sócios do FC Porto com lugar anual que iriam de facto ver determinado jogo. Com a posse dessa informação, que era reforçada pelos cobradores oficiais do clube Manuel António e Leonel Araújo que cobravam no Estádio do Dragão as quotas aos sócios que queriam assistir aos jogos, Cátia Guedes podia dar ordens para emitir novos bilhetes para os lugares que estavam livres. O que acontecia, sendo os bilhetes vendidos pela rede liderada por Fernando Madureira.

As operações de vigilância realizadas pela PSP do Porto nos últimos jogos em casa permitiu identificar a rede liderada por Fernando Madureira, mesmo após a sua detenção em fevereiro. Assim, e além de Fernando e Sandra Madureira, a PSP identificou ainda os seguintes membros dos Super Dragões: Vítor Oliveira, Vítor Bruno Santos Oliveira, João Vasconcelos e Manuel Barros.

Outro facto indiciário que está igualmente sob suspeita prende-se com a utilização das casas do Futebol Clube do Porto, que não têm sede física, para a introdução de bilhetes no mercado negro, visto que se verificará uma apropriação de bilhetes que se destinam a afiliados dessas casas do Porto mas que nunca lhes são entregues.

Filha de Madureira continuou o negócio da venda de bilhetes e o envolvimento do resto da família

Apesar de Fernando Madureira ter sido preso preventivamente, sendo Sandra Madureira sujeita a apresentação periódica na esquadra da PSP mais próxima da sua área de residência, a investigação da PSP não abrandou. Assim, foram feitas ações de vigilância em fevereiro, em março e em abril a diversos membros dos Super Dragões, nomeadamente aos que faziam parte da rede liderada por Fernando Madureira.

E foi assim que a PSP terá descoberto que Catarina Vale Madureira, filha de Fernando e Sandra Madureira, que foi igualmente alvo de buscas judiciais durante este domingo, tinha assumido o papel de líder da rede da venda de bilhetes. Catarina terá sido contactada por “dezenas de pessoas” que queriam comprar bilhetes, tendo a mesma vendido tais ingressos nas imediações do Estádio do Dragão, nomeadamente no Contentor dos Super Dragões.

Em tais ações de vigilância, foi igualmente constatado que os bilhetes eram vendidos por valores superiores ao valor facial dos mesmos. O que significa que, além de uma alegada apropriação de fundos do FC Porto, a rede liderada por Fernando Madureira ainda cobrava um comissão aos adeptos que lhe compravam bilhetes.

A PSP terá descoberto que Catarina Vale Madureira, filha de Fernando e Sandra Madureira que foi igualmente alvo de buscas judiciais durante este domingo, assumiu o papel de líder da rede da venda de bilhetes após a detenção dos seus pais. Em tais ações de vigilância, foi igualmente constatado que os bilhetes eram vendidos por valores superiores ao valor facial dos mesmos. O que significa que, além de uma alegada apropriação de fundos do FC Porto, a rede liderada por Fernando Madureira ainda cobrava um comissão aos adeptos que lhe compravam bilhetes.

Toda a operação de venda terá sido feita em numerário, que ficaria na posse da filha de Fernando e Sandra Madureira, o que implicava o transporte faseado do dinheiro por elementos dos Super Dragões.

De notar que os investigadores da PSP conseguiram ainda a colaboração de várias pessoas que pertenceram no passado aos Super Dragões e que conheciam bem a forma de atuar de Fernando Madureira. Terá sido uma dessas fontes que alertou para o papel da mãe de Sandra Madureira na guarda dos bilhetes e da receita que provinha dos mesmos.

Além de buscas à casa dos pais de Sandra Madureira e ao estabelecimento “Torta de Noz”, propriedade do clã Madureira, foi igualmente feita idêntica diligência no domicílio de Maria Júlia Silva, avó de Sandra Madureira. Tudo porque a PSP detetou a sua presença junto do contentor dos Super Dragões para ajudar a bisneta Catarina na venda de bilhetes para os jogos do FC Porto.

Como tudo começou: as suspeitas na Operação Pretoriano

O esquema de venda de bilhetes já estava a ser investigado nos autos da Operação Pretoriano, que em fevereiro levou à detenção de Fernando Madureira, da sua mulher Sandra, de mais outros nove elementos ligados aos Super Dragões e de dois funcionários do FC Porto (Fernando Saúl de Sousa e Tiago Pais).

Tal como o Observador noticiou então, o DIAP Regional do Porto suspeitava que o clima de intimidação e de coação que os Super Dragões criaram durante a Assembleia Geral de 13 de novembro junto de elementos afetos à candidatura de André Villas-Boas tinha um objetivo claro: manter o status quo do órgãos dirigentes do FC Porto e a influência dos Super Dragões na gestão do clube e da suas empresas.

As suspeitas contra Madureira. “Quem não está com Pinto da Costa vai morrer!”

A procuradora titular dos autos já suspeitava que era do interesse de Fernando Madureira, da sua mulher Sandra e de Fernando Saúl (um funcionário do FC Porto então detido) garantir que Jorge Nuno Pinto da Costa mantinha o cargo de presidente do clube nas eleições marcadas para Abril, de forma a assegurar a continuidade dos ganhos tirados da venda de bilhetes para os jogos de futebol.

Ora, e tal como o Observador revelou então, André Villas-Boas era um grande crítico do protocolo que tinha sido estabelecido pelo FC Porto com os Super Dragões para permitir a venda de bilhetes. Villas-Boas dizia que esse acordo prejudicava patrimonialmente o clube e foi precisamente isso que terá ido testemunhar aos autos da Operação Pretoriano.

André Villas Boas sempre foi um grande crítico do protocolo que tinha sido estabelecido pelo FC Porto com os Super Dragões para permitir a venda de bilhetes. Villas Boas dizia que tal acordo prejudicava patrimonialmente o clube e foi precisamente isso que terá ido testemunhar aos autos da Operação Pretoriano.

Por outro lado, alguns dos pormenores da alteração estatutária que foi discutida na Assembleia Geral de 13 novembro — muito contestada por apoiantes de Villas-Boas — visavam precisamente reforçar o poder dos Super Dragões, ao instituir o “direito do clube de financiar os grupos organizados de adeptos”, como os Super Dragões. Daí o interesse financeiro que Fernando Madureira tinha na desestabilização daquela Assembleia Geral de 13 de novembro.

O caso de Vítor Oliveira ‘Aleixo’ a quem foram apreendidos 90 bilhetes em fevereiro

Este inquérito que nasce de uma extração de certidão da Operação Pretoriano não é caso único em termos de invesitgação do DIAP Regional do Porto e da PSP ao mercado negro de venda de bilhetes de futebol, nomeadamente para os jogos do FC Porto.

Os mandados de busca e apreensão de documentação descrevem outros inquéritos, como um relacionado com Vítor Oliveira, adepto do FC Porto conhecido por ‘Aleixo’ que tinha sido detido em fevereiro no âmbito da Operação Pretoriano.

Num inquérito em que ‘Aleixo’ é um dos visados, a PSP conseguiu detetar várias operações de venda fora dos locais habituais e apreender inúmeros bilhetes que tinham várias designações, como “jovem”, “recursos humanos”, “relações públicas”, “sócios atletas” ou gratuitos. Tais designações correspondem a diferentes categorias de títulos de ingressos, sendo que alguns deles são pessoais e intransmissíveis e exclusivos de funcionários do FC Porto. O grande problema é que tais bilhetes eram vendidos no ‘mercado negro’ liderado pelos Super Dragões.

A PSP conseguiu detetar em várias operações de venda fora dos locais habituais bilhetes com as designações "jovem", "recursos humanos", "relações públicas", "sócios atletas" ou gratuitos. Tais designações correspondem a diferentes categorias de títulos de ingressos, sendo que alguns deles são pessoais e intransmissíveis e exclusivos de funcionários do FC Porto. O grande problema é que tais bilhetes eram vendidos no 'mercado negro' liderado pelos Super Dragões.

Vítor Oliveira ‘Aleixo’ foi mesmo detido por suspeitas de especulação e venda irregular de bilhetes para espetáculo desportivo. Já nas buscas da Operação Pretoriano, foram-lhe apreendidos cerca de 90 bilhetes para jogos do FC Porto, nomeadamente da Liga dos Campeões. Os bilhetes eram de tal forma específicos — como bilhetes “Convite” e outros com o número de sócio e o respetivo nome — que só poderiam ter sido levantados com o conluio de membros da estrutura interna do FC Porto ligados à bilhética.

Artigo atualizado às 22h com subtítulo “O caso de Vítor Oliveira ‘Aleixo’ a quem foram apreendidos 90 bilhetes em fevereiro”

 
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