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Vinho Verde e gastronomia: um casamento perfeito

Vinho verde e gastronomia andam de mãos dadas. Apesar de ser uma companhia natural para a variada gastronomia regional, o Vinho Verde apresenta um leque de harmonizações com comida de todo o mundo.

Passear pela Região dos Vinhos Verdes é também usufruir da excelência da sua gastronomia tradicional, sempre baseada em produtos originais e sazonais, numa tradição que se mantém. Petiscam-se coisas simples, passeando por muitas tascas, algumas delas centenárias, e que prometem dos melhores petiscos regionais.

Em toda a costa que vai de Caminha à Póvoa de Varzim, a abundância de mariscos e peixe fresco dá origem a alguns pratos muito populares, sendo as caldeiradas e as massadas de peixe os mais apetecíveis. Mas também o peixe fresco grelhado e assado no forno, ou as deliciosas fritadas de peixe miúdo, são muito populares.

De maio a novembro, saltam as sardinhas para as brasas em toda a região. E lá estão os Vinhos Verdes a fazer a companhia adequada a todos eles. No entanto, é o bacalhau que recolhe a maior procura e que tem grande tradição. Desde o simples bacalhau cozido ou à lagareiro, até pratos mais elaborados, este fiel amigo faz parte da nossa gastronomia e é provavelmente na Região dos Vinhos Verdes que é mais consumido. A acompanhar esta tradição, está o Enoturismo de muitos produtores que servem petiscos em que o bacalhau está presente.

Há mais de 90 anos, em Braga, uma tasca muito popular, a “Narcisa”, criou um prato emblemático, hoje muito conhecido, mesmo noutras zonas do país: o Bacalhau à Narcisa. Frito em azeite, a que se juntam rodelas de cebola – também fritas -, louro, alho, cravinho e colorau, é acompanhado com batata frita às rodelas grossas. Qualquer tipo de vinho verde liga perfeitamente com este bacalhau, desde os brancos secos aos mais frutados, passando pelos rosados e mesmo pelos Verdes tintos.

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Um dos restaurantes mais famosos, se não o mais famoso, na oferta do bacalhau à lagareiro, é o “Victor”, na povoação de S. João de Rei, muito perto de Amares. Já muito para lá dos oitenta anos de idade, o senhor Victor Peixoto continua a receber os clientes com o mesmo sorriso de um homem que tanto faz pela divulgação deste produto e deste prato, juntamente com os muitos Vinhos Verdes da sua carta.

Outra região famosa também pela qualidade da gastronomia é Monção e Melgaço, no extremo norte do país. Na gastronomia é também o bacalhau um dos mais procurados, disponível em quase todos os restaurantes, e há mesmo uma receita em que o bacalhau é temperado com vinho Alvarinho.

Depois, nas carnes, temos dois pratos que se destacam. Em Monção, o cordeiro de Monção, assado em forno de lenha, com a carne a pingar por cima dos alguidares de arroz de açafrão é o protagonista. Em Melgaço o destaque vai para o cabrito, normalmente originário da serra de Castro Laboreiro, também assado em fornos de lenha, na companhia de arroz de forno com os miúdos do bicho.

Quinta do Soalheiro, um produtor de referência 

Em Melgaço, com a Galiza mesmo em frente do outro lado do rio Minho, a Quinta do Soalheiro é um produtor da Região dos Vinhos Verdes de referência. Com um portefólio vasto, este produtor é bem conhecido pelos seus vinhos Alvarinho, pelo espumante e pelas aguardentes. Mas não se ficou por aí, tendo apostado também na produção de plantas para preparar infusões, já com grande sucesso, que podem ser provadas, na sua grande variedade, e adquiridas na loja.

Sabendo que é em Melgaço que começa a vasta região onde se cria o porco da raça bísara, este produtor criou uma pequena produção destes animais, de que prepara presunto e enchidos de grande qualidade.

Ali o enoturismo é uma festa: fazem-se visitas variadas às vinhas e à moderna adega e provam-se os vinhos e as aguardentes, muitas vezes na companhia dos vários tipos de enchidos da casa, além dos queijos da região. Apostando sempre na evolução, têm ofertas de enoturismo muito fora do vulgar, que comunicam muito bem. Se pretende pernoitar pela Quinta do Soalheiro, pode fazê-lo numa antiga construção rústica existente na propriedade. E dali partir para explorar esta região onde o vinho verde está muito presente.

  • Quinta do Soalheiro
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  • Quinta do Soalheiro
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Continuando esta viagem pela gastronomia da região dos Vinhos Verdes, Ponte de Lima tem um carisma muito especial, recebendo peixe fresco de Viana do Castelo e da Póvoa de Varzim, mas servindo, na sua época, a famosa lampreia em várias confeções, assim como o sável, de finas postas fritas com açorda das sua ovas.

Os vinhos desta região – da casta Loureiro – são uma aposta certa. Mas os pratos mais famosos e procurados de Ponte de Lima são os sarrabulhos: sejam as papas de sarrabulho, ou o arroz de sarrabulho, que fazem boa companhia aos rojões à moda do Minho. Tudo bem regado com Vinho Verde Loureiro ou com um verde tinto da casta Vinhão.

Ainda no vale do rio Lima, nos Arcos de Valdevez, os Vinhos Verdes são ótima companhia para a broa dos Arcos e os pratos de carne de vaca Cachena, produtos que são certificados pelo World Slow Food.

Quinta do Tamariz: a propriedade familiar rodeada por jardins fantásticos

Já em Barcelos, para além do já falado bacalhau, é o galo assado no forno recheado que é o prato de referência, com direito a um concorrido concurso anual. Ali perto encontra a Quinta do Tamariz, uma propriedade familiar muito antiga, situada entre Barcelos e Famalicão, com uma casa do século XVI que está rodeada por jardins fantásticos, onde pode apreciar imensas árvores de grande porte e uma enorme coleção de roseiras e camélias.

A seguir são as vinhas, que descem até perto de um bosque, atravessado por um ribeiro, numa paisagem bucólica, que proporciona passeios encantadores para os enoturistas. As visitas às vinhas e adega também são possíveis e, no final, podem provar alguns dos vinhos da casa, numa bonita sala de provas, na companhia de petiscos tradicionais. Também os espumantes e as aguardentes vínicas deste produtor são já reconhecidos a muito apreciados em Portugal e no estrangeiro.

  • Quinta do Tamariz
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Outro dos pratos mais tradicionais na Região dos Vinhos Verdes é o arroz de galo de cabidela. Nas zonas de Amarante, Lixa e Lousada é mesmo um ritual, onde o prato é popularmente acompanhado por Vinho Verde tinto, servido nas tradicionais canecas e malguinhas de louça branca.

Em terras de Basto apreciam-se vários pratos tradicionais onde ainda se encontra a truta dos rios e viveiros, que se podem visitar. É a carne de vitela a mais popular desta região marcada pela qualidade nas peças de carne grelhadas em brasa de lenha e em excelentes assaduras no forno, existindo mesmo uma importante confraria que celebra este prato.

Quinta de Santa Cristina: a propriedade moderna que tem vindo a crescer

Em Celorico de Basto está a Quinta de Santa Cristina, produtor de vinho verde bem conhecido, com uma grande variedade de vinhos, que inclui vários espumantes famosos e procurados. Uma propriedade familiar, que tem vindo a ser modernizada e aumentada, enquanto têm plantado mais vinhas.  Este produtor tem a curiosidade adicional de possuir o único vinho engarrafado da casta Batoca da região, um branco de grande qualidade.

A adega é muito moderna, bem equipada, esteticamente muito interessante, e está inserida no meio das vinhas, usufruindo de toda a paisagem circundante, com a imponência da Senhora da Graça mesmo em frente. Para além de uma loja, tem uma sala de provas bem equipada e uma sala ainda maior para serviços, podendo mesmo servir refeições completas.

  • Quinta de Santa Cristina
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A oferta de enoturismo é uma aposta deste produtor, onde pode encontrar disponíveis passeios nas vinhas, devidamente guiados. Para além disso, durante as vindimas, os visitantes podem participar no corte das uvas e na pisa a pé nos lagares de granito onde se produz Vinho Verde tinto. À volta há muito para descobrir nesta região montanhosa de Basto.

Numa pequena vila do conselho de Paços de Ferreira festeja-se, a 13 de Dezembro, a festa do capão de Freamunde, que começa na feira – institucionalizada por El-rei D. João V no século XVIII -, passa pelo concurso do melhor capão assado no forno e acaba num jantar de capão assado, pois claro, com a receita tradicional. Este prato de capão é um dos que tem grande tradição no almoço do dia de Natal.

Na Região dos Vinhos Verdes há também muita doçaria, desde a doçaria conventual à base de ovos de Amarante, até ao famoso pudim do Abade de Priscos, da zona de Braga. Pode passar ainda pelos beijinhos de amor e as cavacas de Lousada, as cavacas de Resende e os vários tipos de pão de ló. Para desenjoar, prove deliciosas laranjas do Ermelo, dos Arcos de Valdevez.

O nosso país, e em específico a Região dos Vinhos Verdes, está repleto de sabores que nos fazem viajar no tempo. Aproveite para marcar uma escapadinha numa destas regiões e desfrute deste casamento perfeito entre o vinho verde e a gastronomia. Bom apetite!

Saiba mais em Saberes e Sabores na Rota dos Vinhos Verdes

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