Numa imagem em que se vê Jair Bolsonaro e Donald Trump nos momentos em que sofreram tentativas de assassinato pode ler-se que “a extrema-esquerda tenta sempre resolver os seus problemas na faca ou na bala”. A publicação surge depois de o ex-Presidente dos EUA ter sido alvejado durante um comício em Butler, na Pensilvânia, e sugere que o autor do ataque era próximo da extrema-esquerda.
Uma das primeiras informações sobre o responsável pelo ataque, Thomas Crooks, a ser conhecidas é que estaria registado como eleitor do Partido Republicano (nos EUA, os eleitores podem registar-se como simpatizantes de determinado partido ou como independentes), ainda que tenha chegado a doar 15 dólares a um grupo ligado ao Partido Democrata, o Progressive Turnout Project. Não há qualquer referência a outras filiações políticas, pelo que as informações existentes não correspondem a alguém que pudesse ser conotado com a “extrema-esquerda” no país.
Também não são conhecidos quaisquer antecedentes criminais do homem que o Serviço Secreto, responsável pela segurança de Donald Trump enquanto candidato à Presidência dos EUA, matou depois dos disparos no comício, nem há informações sobre atividades ou ligações suspeitas.
As motivações para o ataque não são conhecidas e o próprio Presidente dos EUA, Joe Biden, pediu aos norte-americanos que não façam suposições precipitadas sobre o que aconteceu, nem sobre as filiações do suspeito.
No caso do ataque contra Jair Bolsonaro, em 2018, há registo de que uma pessoa com o nome Adélio Bispo de Oliveira — o mesmo que o autor da facada — teria sido militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), de acordo com os meios de comunicação social e com os verificadores de factos do Brasil. Essa ligação ao partido teve início em maio de 2007 e terminou em dezembro de 2014, quatro anos antes do atentado contra o então candidato presidencial.
Na altura, o PSOL repudiou o ataque e no mesmo ano Adélio Bispo de Oliveira foi considerado inimputável pela Justiça brasileira, depois de lhe ser diagnosticado um transtorno delirante persistente. Ficou também provado que agiu sozinho e não cumpriu ordens de terceiros.
Conclusão
Há duas informações sobre ligações políticas de Thomas Crooks: que é eleitor do Partido Republicano e que doou 15 dólares para um grupo ligado ao Partido Democrata — e nenhuma das duas sustenta a afirmação de que é alguém da extrema-esquerda. A ligação entre o atentado e motivações políticas ainda está por explicar, sendo que mesmo as autoridades desconhecem o que terá levado o jovem a disparar contra Trump. Desta forma, a afirmação que circula nas redes sociais não tem qualquer base sustentável.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.