Há cerca de duas semanas, começou a circular nas redes sociais uma alegada fotografia da entrada do edifício do Cartório Notarial de Óbidos, que mostrava várias folhas afixadas com informações traduzidas em diversas línguas. Numa das supostas informações lê-se que “a obtenção do número de identificação fiscal, ou a alteração da morada, ou a obtenção de senha só serão atendidas por marcação prévia, que poderá ser realizada presencialmente neste balcão quando houver possibilidade, pela ordem de chegada”. E depois lê-se a respetiva tradução em inglês e, alegadamente, em árabe.

Mas as partilhas começaram a surgir pela indignação. “Degradação e desrespeito”, escreveu um dos utilizadores que partilhou a fotografia no dia 13 de setembro. “A inércia do Estado português está a degradar as suas próprias instituições. Nas Finanças de Óbidos, a realidade é absurda: incerteza em conseguir uma senha e mais letreiros em línguas estrangeiras do que em português. Esta falta de respeito pelos cidadãos reflete um governo que virou as costas à eficiência e ao serviço público”, acrescentou.

Esta mesma fotografia também foi, aliás, partilhada por André Ventura, líder do Chega. No entanto, a informação não é verdadeira. Em comunicado, a Ordem dos Notários esclareceu que a imagem divulgada “representa um atentado ao bom nome dos notários portugueses” e que a mesma “não corresponde a um Cartório Notarial” e coloca “em causa a qualidade do serviço público que estes profissionais da justiça prestam aos cidadãos e às empresas”.

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Jorge Batista da Silva, bastonário da Ordem dos Notários, garantiu que a alegada informação é falsa e “não corresponde, nem poderia corresponder” a um dos cartórios notariais. “Os notários portugueses são reconhecidos pelo serviço público que prestam a todos os cidadãos, independentemente da sua nacionalidade ou país de origem”, acrescentou ainda, uma vez que a publicação criticava o facto de existir tradução da informação para que todas as pessoas, além das portuguesas, pudessem perceber.

“Não podemos compactuar com este tipo de acusações irresponsáveis que põem em causa a nossa imagem, o nosso bom nome e a qualidade do nosso trabalho”, referiu o bastonário.

Perante a partilha de informação que considera falsa, a Ordem dos Notários deixou ainda, também em comunicado, um alerta para que os utilizadores de redes sociais “resistam à tentação de partilhar publicações como a que aqui está em causa, sem terem a certeza de que as situações que retratam correspondem, de facto, à verdade”.

Conclusão

A alegação de que existe um cartório em Óbidos que tem afixadas informações em várias línguas é falsa. De acordo com a Ordem dos Notários, esta imagem não corresponde a nenhum cartório, não é verdadeira e “representa um atentado ao bom nome dos notários portugueses”.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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