Uma mulher feita de silicone, que não tem alma, nem precisa de comer, “sem discussões, sem exigências ou ordens”. Esta descrição tem sido partilhada nas redes sociais, sugerindo que a China fabricou uma “mulher artificial” e que o produto já foi lançado no mercado. “Uma única carga funcionará por 72 horas sem interrupção”, refere a publicação partilhada a 14 de abril. E mais: “Funciona com inteligência artificial, portanto, pode falar qualquer idioma com 99% de precisão.”
A informação que circula nas redes sociais refere ainda que a empresa responsável pela alegada criação de uma mulher artificial está também a preparar a entrada no mercado indiano “para atingir a juventude da Índia”, que é neste momento o país mais populoso do mundo, com cerca de 1400 milhões de habitantes, tendo já ultrapassado a China. “Cozinha, faz o dever de casa, sem discussões, sem exigências ou ordens”, acrescenta o texto que acompanha um vídeo que mostra a suposta “mulher artificial”.
Mas no vídeo partilhado pode ouvir-se que a suposta mulher criada pela China diz que o seu nome é Chloe, pergunta ao interlocutor qual é o nome dele e acrescenta: “Sou a primeira assistente pessoal construída pela CyberLife.” Ora, a CyberLife não é mais do que uma empresa que cria androides, ou robots, para videojogos. Aliás, o vídeo que circula no Facebook é parte de uma partilha feita pela PlayStation em 2018, no Youtube, a propósito de um jogo chamado “Detroit — Become Human”.
O jogo, que ficou disponível em maio de 2018, foi distribuído pela Sony e o objetivo era influenciar as decisões tomadas por três androides e até decidir quem vive ou quem morre. E essas decisões iriam, claro, determinar o futuro de Detroit.
Também no site da PlayStation, esta empresa explica melhor a história de Chloe, que foi o primeiro androide criado com sucesso pela CyberLife e que apresentou “uma inteligência equivalente, ou indistinguível, de um ser humano”. “Quis oferecer-lhes uma certa realidade biológica. A criação apenas foi possível graças à combinação de duas novas tecnologias: os biocomponentes, módulos internos que funcionam como órgãos, e a energia gerada pelo sangue azul, que percorre o corpo inteiro dos androides”, explicou Elijah Kamski, fundador da CyberLife.
Conclusão
A informação partilhada no Facebook não é verdadeira. Os vídeos que circulam indicam que a China criou e está a comercializar uma mulher artificial, mas o que aparece no vídeo não é mais do que um androide criado por uma empresa para um videojogo. Chama-se Chloe e foi o primeiro androide construído pela empresa CyberLife.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.