Circula nas redes sociais uma publicação que recupera um artigo do site News Punch, em que se afirma que o presidente do Fórum Económico Mundial (FEM), Klaus Schwab, defende que os cães e gatos devem ser “aniquilidados” para reduzir a “pegada de carbono” resultante do consumo de carne.

Segundo o site — que tem promovido várias informações falsas ao longo do tempo —, o economista alemão, fundador e presidente da organização considera que esta é uma “medida necessária” para “reduzir o número de animais de estimação no mundo” e, como tal, “diminuir o aquecimento global e os problemas ambientais causados pelo excesso de população”, bem como proteger os animais dos maus-tratos.

A publicação vai mais longe e diz que o Fórum Económico Mundial “ordenou” aos principais meios de comunicação a “promoção” desta narrativa, com o objetivo de “introduzir uma política internacional que exige que a maioria dos donos sacrifiquem os animais de estimação”.

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O site News Punch cita um artigo da CNN e um da Bloomberg, mas nenhuma destas notícias cita o Fórum Económico Mundial ou aconselha os donos a “sacrificarem” os animais de estimação. Da mesma forma, não é possível encontrar qualquer referência a artigos de meios de comunicação fidedignos que sustentem a afirmação de que o Fórum Económico Mundial defende a morte de animais domésticos como solução para as alterações climáticas ou como uma via para reduzir o impacto do “excesso de população” no planeta.

Há, no entanto, estudos que alertam para a pegada ecológica que os animais de estimação provocam no ambiente. Um artigo da revista Science Focus, da BBC, que lançava a questão sobre se estes animais são “maus para o ambiente” citava um estudo académico que concluiu que “o maior impacto ambiental associado aos animais de companhia decorre da produção de alimento” para estas espécies. Uma produção que “usa terrenos, água e recursos energéticos e que é uma importante fonte de emissão de gases com efeito de estufa”. À alimentação junta-se os brinquedos, os cuidados que lhes são prestados e os vários acessórios produzidos a pensar nestes animais. “De acordo com uma estimativa, ter um cão de médio porte pode representar uma pegada ecológica semelhante à de um SUV [um carro que se assemelha a um jipe]”, aponta o mesmo estudo.

Ainda assim, essas conclusões não se traduziram numa tomada de posição de responsáveis do Fórum Económico Mundial. O Observador procurou junto da assessoria do FEM conhecer a veracidade desta notícia, mas até à publicação deste Fact Check não obteve resposta. À AFP, um porta-voz do Fórum Económico Mundial classificou estas afirmações como “falsas”. Nas páginas da organização também não encontrámos qualquer comunicado que sugira a morte de cães e gatos como solução para combater as alterações climáticas.

Conclusão

Ao contrário do que afirma a publicação do site News Punch, não é verdade que o Fórum Económico Mundial quer matar milhões de cães e gatos de estimação para combater as alterações climáticas. Um porta-voz do FEM desmentiu as declarações: “O Fórum Económico Mundial nunca fez tal declaração.”

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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