Uma imagem partilhada no Facebook mostra uma alegada mensagem enviada através do WhatsApp na qual se afirma que “três soldados desenvolveram necrose”, afirmando que “médicos militares” descobriram que 250 “testemunhas” tinham sido contaminadas por uma “bactéria biológica”. Na mesma da mensagem vê-se também uma hiperligação para uma suposta notícia de um site apelidado de Real Raw News. Trata-se de uma afirmação que tenta enganar quem a vê e respetiva tentativa de redirecionamento para um artigo falso.
Não é a primeira vez que a imagem de um alegado militar norte-americano com uma zaragatoa no nariz, que consta na suposta hiperligação noticiosa, é partilhada em redes sociais com o intuito de ludibriar os utilizadores. Como mostra a plataforma de verificação de factos “Check Your Fact”, no artigo ao qual pode aceder nesta hiperligação, outros utilizadores já tentaram partilhar imagens com a referência à mesma notícia falsa.
A publicação aparenta à partida ser de caráter duvidoso por tratar-se de uma captura de ecrã de outra plataforma — neste caso, o WhatsApp, como se pode verificar através do fundo da imagem.
Por outras palavras, não há aqui uma partilha direta de uma hiperligação na publicação. Mostra-se assim que quem fez esta partilha poderá estar a tentar enganar os algoritmos de filtragem do Facebook que impedem a publicação de hiperligações para páginas com notícias falsas. Com imagens — e não texto –, os sistemas são menos precisos. Prova disso é que até quem quer levar outros a publicar conteúdos que podem ser censurados fala deste mecanismo, como é, por exemplo, explicado neste artigo no “The Hay Ride”, um site que ensina “truques” para se enganar o sistema da rede social.
Mesmo assim, uma captura de ecrã pode ter conteúdos verídicos. Porém, neste caso, claramente comprova-se a tentativa de se estar a tentar ludibriar os mais incautos pela hiperligação que consta no texto da imagem.
A mesma levará o utilizador do Facebook para o site Real Raw News, uma plataforma que já foi objeto de inúmeros fact-checks que mostram que foi feita com o único intuito de tentar espalhar notícias falsas, como comprovaram, entre outros órgãos de verificação de factos, o PolitiFact através desta hiperligação ou o Poynter Institute através desta. No site em questão, apesar de a mesma frase não continuar acessível no mesmo, chegou a ser referido que o mesmo publica artigos de “humor, paródia e sátira”, referem estas fontes.
Ora, sendo o site uma base de partilha para artigos e afirmações falsas, a notícia em questão desmente-se sem muita dificuldade. Como explica o CheckYourFact, o artigo cita um “Capitão Jacob Downin” que trabalha no Walter Reed National Military Medical Center. Porém, como comprovou o mesmo verificador de factos junto deste centro de saúde militar, não há aí ninguém com esse nome. O mesmo pode ser comprovado através da página do estabelecimento de saúde.
Nos EUA — país onde alegadamente terão ocorrido estas situações –, nenhuma outra fonte refere estes efeitos nos militares que teriam sido submetidos a testes de despistagem da presença de vírus no organismo com recurso a zaragatoas. Indo mais longe nesta pesquisa, vê-se que nem o Departamento de Defesa dos EUA nem o Centro de Controlo de Doenças e Infeções (DOD e CDC, nas siglas em inglês) alguma vez referiram casos destes relacionados com testes PCR, como é possível ver nesta e nesta hiperligações.
Por fim, um porta-voz do DOD disse ao mesmo verificador de falsos que tudo se tratava “de uma falsidade”.
Conclusão
A imagem em questão tenta levar os utilizadores de Facebook a visitarem uma plataforma popular de notícias falsas que já várias vezes foi desmascarada com o intuito de enganar os utilizadores. Além disso, os factos da suposta notícia citam fontes falsas, não sendo o conteúdo alguma vez comprovado através de vias oficiais.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook