Multiplicam-se nas redes sociais as publicações que afirmam que Albert Bourla, diretor executivo da Pfizer, foi detido na manhã de 5 de novembro por fraude relacionada com a eficácia da vacina contra a Covid-19. As mensagens dizem que a Pfizer está a ser acusada de “falsificar dados”, “pagar grandes subornos”, “mentir sobre a eficácia das vacinas”, “enganar clientes sobre as reações adversas sérias que as vacinas podem produzir” e de “pagar a governos e à comunicação social convencional para ficar calada”.

Nada disto é verdade e as declarações que a própria farmacêutica proferiu nos últimos tempos provam-no. Amy Rose, fonte oficial da Pfizer, confirmou ao USA Today que as afirmações que constam na publicação são “absolutamente falsas”. Também Keanna Ghazvini, associado sénior de relações públicas da farmacêutica, também garantiu à Reuters que “esta é uma alegação falsa”. Uma fonte oficial da Pfizer também confirmou ao Full Fact que “o Doutor Bourla não foi detido”.

A publicação em análise.

Uma busca na internet por notícias sobre uma eventual detenção de Bourla não devolvem qualquer resultado que tenha origem em fontes credíveis. Na verdade, essa busca revela uma entrevista com o CEO da Pfizer, transmitida nesse dia 5 de novembro, em que Bourla fala à CNN sobre o fármaco que a empresa está a desenvolver sob a forma de um comprimido e que, de acordo com a própria farmacêutica, reduz o risco de internamento e de morte em doentes considerados de elevado risco que acabem por contrair o vírus.

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Os documentos oficiais das autoridades americanas também provam que Albert Bourla não foi detido “no subúrbio afluente de Scarsdale, Nova Iorque, na manhã de sexta-feira”, como descreve a publicação. O nome “Albert Bourla” não surge em qualquer pesquisa na base de dados “Inmate Lookup”, uma ferramenta do Departamento de Punição e Supervisão Comunitária do estado de Nova Iorque. Da mesma forma, o nome do diretor executivo da Pfizer não consta no Sistema Judicial do Estado de Nova Iorque.

A origem destes rumores é a página Conservative Beaver, um site com origem no Canadá que tem por hábito publicar notícias falsas. Na escala criada pelo PolitiFact, a página de verificação dos factos do Instituto Poynter, o Conservative Beaver atinge o nível mais preocupante por ter duas avaliações que mencionam informações “que não são precisas e fazem afirmações ridículas”.

A mais recente, relacionada com a Pfizer, publicada a 10 de novembro, diz respeito à suposta morte de Myriam Bourla, mulher de Albert, à conta de “complicações relacionadas com a vacina contra a Covid-19”. Essa afirmação é falsa, como alertou a própria Pfizer num esclarecimento enviado à imprensa: “A mulher do nosso CEO está viva e bem, ao contrário do que foi dito na internet”, diz fonte oficial, citada pelo PolitiFact. E prossegue:

É injusto que uma pessoa que se passa por jornalista espalhe mentiras tão ultrajantes sobre o nosso CEO e a sua família com o objetivo de minar a confiança numa vacina que foi dada a centenas de milhões de pessoas em todo o mundo”.

Conclusão

Não é verdade que as autoridades norte-americanas tenham detido o diretor executo da Pfizer. A confirmação de que Albert Bourla não foi detido foi repetida em várias ocasiões por fontes oficiais da farmacêutica e comprova-se com pesquisas pelo nome do empresário nos sistemas judiciais do estado de Nova Iorque — estado onde a publicação afirma que o CEO foi detido. A origem das informações falsas serve ela mesma de sinal de alerta: trata-se de um site dedicado à publicação de informações falsas ou imprecisas.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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