A informação de que o Spotify vai mudar as regras para os artistas com audiências mais baixas e passar a cobrar-lhes uma taxa por usarem o serviço de streaming está a circular nas redes sociais. Nas publicações, é sugerido que se trata de uma “notícia absolutamente terrível para a cultura mundial” e que retira espaço a artistas pequenos ou em ascensão — um dos pontos fortes da plataforma.

Em causa está o valor que o Spotify paga pela cloud (hospedagem de recursos) para alojar todas as músicas que estão na plataforma e na publicação é referido que a empresa revelou que há “67 milhões de músicas com menos de 10 reproduções anuais”, pelo que não estaria interessada em continuar a alojar este conteúdo.

As partilhas nas redes sociais baseiam-se num artigo publicado num site sobre música que, logo no arranque do texto, esclarece que os textos pertencem a um conjunto de “análises (e às vezes opinativas) relativamente a questões do mundo artístico.

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Nesse mesmo artigo é feito um paralelismo entre os conteúdos pagos no Twitter e a alegada necessidade de o Spotify fazer o mesmo. São analisados vários dados, entre eles o facto de haver 67 milhões de músicas com menos de 10 reproduções anuais e de 24% dos 158 milhões de faixas em serviços de streaming analisadas nunca terem sido reproduzidas.

Twitter Blue. O serviço pago da rede social de Elon Musk já está disponível em Portugal

Perante os dados, o autor admite que o caso o “fez pensar”, associou a análise aos valores que o Spotify paga para alojar conteúdo na cloud e concluiu que a empresa devia “pegar numa folha do livro de Elon Musk” e começar a distribuir os custos para os artistas. “No pay, no stay”, escreve, o que significa que quem não paga não teria direito a divulgar os seus conteúdos no Spotify e a manter o serviço — o que afastaria quase por completo artistas pequenos ou em ascensão.

Ainda assim, trata-se apenas da opinião do autor do artigo e da forma como olha para a situação, considerando que, se o Spotify paga milhões para ter conteúdo na cloud, os artistas que não têm ouvintes devem também pagar para ter as músicas na plataforma por ser uma montra para o trabalho que produzem e por não trazerem retorno para a empresa.

Conclusão

O texto em causa é um artigo de opinião em que o autor expõe a sua forma de olhar para o Spotify e para os gastos da empresa em termos de armazenamento na cloud. Faz comparações com os serviços pagos do Twitter e a possibilidade de a empresa de streaming passar a cobrar aos artistas que são pouco ouvidos. Porém, trata-se simplesmente de uma opinião (o próprio faz questão de o sublinhar) e não há qualquer evidência de que o Spotify esteja a pensar fazê-lo.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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