“É oficial: Texas declara crime levar a bandeira do orgulho gay para a sala de aula”. A afirmação corre nas redes sociais em publicações onde são partilhados link para outros sites que não são informativos (um deles é satírico, os outros são de divulgação de notícias falsas).

Nas imagens surgem duas raparigas com t-shirts com a inscrição “Texas State” e, na outra imagem, uma outra rapariga segura a bandeira arco-íris, símbolo da comunidade gay e do movimento LGBTQIA+. O link da publicação em análise reencaminha o utilizador do Facebook para um site de propagação de informações falsas. Noutras publicações, o link partilhado reencaminha os utilizadores para um site satírico chamado Esspots — onde terá tido origem esta publicação.

Existe um aviso no site sobre o que nele é publicado: “Trata-se de um website especializado em sátira, paródia e humor. Antes de ler qualquer conteúdo, gostaríamos de sublinhar que nada do que está neste site é real. Todos os artigos, histórias e comentários são inteiramente ficcionais e criado com o único propósito de entretenimento”.

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Não há qualquer registo de uma decisão deste género tomada no estado americano do Texas. Nos artigos partilhados em link também surgem declarações do governador do Estado, o republicano Greg Abbot, durante uma suposta cerimónia de assinatura da legislação referida. “Nenhuma criança no Texas deveria ser exposta a um arco-íris, a menos que esteja num livro para colorir, na previsão do tempo ou no supermercado na caixa de Lucky Charms”, surge na citação. Mas também não há qualquer registo, em sites credíveis, destas declarações terem sido proferidas.

No site satírico onde este texto apareceu pela primeira vez é referido que a legislação tem como nome “Lei da santidade da sala de aula” (“The classroom sanctity act”), no entanto, não há qualquer registo de uma lei com este nome nos sites oficiais do estado. Também não há registo de qualquer cerimónia com a presença do governador do Texas, como a que é descrita.

Greg Abbot tem sido criticado pelas organizações que defendem os direitos LGBTQIA+ que, no início deste ano, escreveram uma carta às Nações Unidas a alertar para a situação no Texas, referindo sete peças de legislação específicas que consideravam que iam “perturbar as vidas de pessoas LGBTQIA+ de várias idades e origens”. As leis, constava na carta, “são um ataque sistémico aos direitos fundamentais, dignidades e identidades de pessoas LGBTQIA+”. Entre a legislação que é referida não está nada como o que consta nesta publicação aqui analisada.

Conclusão

Nos últimos anos o Texas tem estado no centro das críticas das organizações que defendem os direitos LGBTQIA+ devido a legislação aplicada que consideram lesiva desses mesmos direitos. Mas não há qualquer registo em sites oficiais ou credíveis sobre uma proibição de uso da bandeira do orgulho gay em ambiente escolar. As publicações que estão a ser partilhadas têm por base um texto que foi originalmente publicado num site humorístico.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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