A publicação que circula no Facebook pretende demonstrar, através de exemplos de vários países, que o uso generalizado de máscaras tem sido desencorajado um pouco por todo o lado. “Se você está saudável, a máscara é indicada apenas caso esteja cuidando de alguém infetado”, diz o texto, referindo-se às indicações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Outro exemplo garante que na Alemanha “não existem evidências mostrando que o uso de máscaras seja capaz de reduzir suficientemente o risco de uma pessoa saudável se infetar”. Estas informações estão desatualizadas e não correspondem ao que as diversas entidades defendem agora.

Publicação de 11 de agosto refere vários países e a própria OMS

A publicação faz referência a um artigo publicado na revista científica “The Lancet” a 20 de março mas retira alguns excertos do contexto. Por exemplo, descrevendo as recomendações dos Estados Unidos da América, a partilha no Facebook diz que “o CDC [Centros para Prevenção e Controlo de Doenças, o instituto nacional de saúde pública) não recomenda que pessoas saudáveis usem máscaras. Por meio do Twitter, o US Surgeon General [o cargo máximo que coordena o departamento de saúde pública] solicitou que as pessoas parem de comprar máscaras”. No entanto, o que a publicação nas redes sociais não incluiu foi um dos motivos para essa orientação. “Uma importante razão para desencorajar o uso generalizado de máscaras é para preservar o stock limitado para o uso profissional em unidades de cuidados de saúde”, como explica o artigo de “The Lancet”. Além disso, esse pedido de Jerome M. Adams, o surgeon general (o cirurgião-geral dos EUA), aconteceu a 29 de fevereiro e as suas indicações mudaram radicalmente desde então. Num Tweet de 28 de junho publicou até um vídeo no qual ensina a fazer uma máscara caseira.

As orientações relativas ao uso de máscara têm sido revistas pelas entidades competentes e pelos países à medida que a pandemia vai evoluindo. No início, o equipamento de proteção não era recomendado para toda a gente porque também não havia quantidades suficientes disponíveis no mercado.

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As orientações da OMS mais recentes são de 5 de junho. No documento, a organização recomenda que, “para prevenir efetivamente a propagação da COVID-19 em áreas com transmissão comunitária, os governos devem incentivar o público a usar máscaras em situações e configurações específicas, como parte de uma abordagem abrangente para travar a transmissão do vírus SARS-CoV-2”.

Tendo isto em conta, cada país tem decidido as suas regras em função dos respetivos números. Em Espanha, por exemplo, é obrigatório usar máscara ao ar livre. Quem não cumprir, arrisca-se a pagar uma multa até 100€. Em França, o equipamento de proteção tem de ser utilizado em todos os espaços públicos fechados. O mesmo acontece em Portugal, onde a Direção Geral da Saúde reforça que “o uso de máscara é uma medida de proteção adicional ao distanciamento social, à higiene das mãos e à etiqueta respiratória”. “A população geral poderá utilizar as máscaras comunitárias e quem pertence ao grupo de risco deverá usar máscaras cirúrgicas”, pode ler-se no site oficial do Serviço Nacional de Saúde.

Conclusão

No início da pandemia chegou a ser desaconselhado o uso generalizado de máscaras, sobretudo porque se temia que não houvesse stock suficiente para os profissionais de saúde e muito menos para a restante população. Entretanto as diretrizes mudaram, a OMS diz que a utilização do equipamento de proteção individual deve ser incentivado, apesar de deixar a decisão final à consideração de cada país. Em Portugal continental a máscara é obrigatória em espaços públicos fechados, como transportes, escolas ou comércio. Na região autónoma da Madeira, a máscara é obrigatória também na via pública.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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