Praticamente todos os dias circulam nas redes sociais publicações que envolvem o nome de Elon Musk, um dos homens mais ricos do mundo. Algumas mencionam os negócios a que está ligado, como os carros da Tesla ou os satélites da SpaceX, mas outras sugerem que tem promovido uma plataforma de negociação de criptomoedas chamada Panlenex.

Um vídeo que tem sido partilhado, ao longo dos últimos meses, na rede social Instagram aparenta mostrar Musk a ser parado, junto ao seu carro, por alguém que lhe pede um conselho financeiro. “Perdi mais de cinco mil dólares em investimentos. Podes dizer-me como investir corretamente?”, pergunta essa pessoa ao empresário.

De seguida, as imagens mostram, alegadamente, o multimilionário a responder o seguinte: “Não conheces o meu novo projeto Panlenex, pois não? (…) Vê e experimenta. Posso oferecer-te a ti e aos teus subscritores um pequeno presente. Queres?” Depois de ouvir um “sim” do outro lado da câmara, Elon Musk explica que, para receber 10 mil dólares na sua conta, a pessoa deve ir ao site da plataforma de criptomoedas e colocar a “palavra especial”, que é “wafe”. O vídeo termina com um “tenta só não perdê-los [aos 10 mil dólares]”.

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Ao longo dos vários minutos em que dura a interação, há pormenores que chamam, desde logo, a atenção. O movimento dos lábios de Elon Musk não coincide com as palavras ouvidas no áudio que está por cima do vídeo. O rosto do multimilionário fica, por vezes, desproporcional relativamente ao pescoço e ao tronco e a voz que se escuta nas imagens também não parece ser a sua.

Desta forma, soam os alarmes de que possa tratar-se de um deepfake, um vídeo manipulado com recurso à inteligência artificial para incorporar, de forma ultrarrealista, o rosto e a voz de uma determinada celebridade. As suspeitas são confirmadas por uma ferramenta da organização não governamental TrueMedia, que pode ser utilizada por qualquer pessoa (mediante ‘inscrição’ numa lista de espera), que analisa vídeos que circulam nas redes sociais para perceber se são reais ou se foram manipulados.

O Observador colocou um dos vídeos que, supostamente, mostra Musk a aconselhar investimentos na plataforma de criptomoedas Panlenex no site da TrueMedia, que determinou que as imagens eram “altamente suspeitas” .

No caso do rosto que aparece no vídeo, a maioria dos detetores de manipulação utilizados pela TrueMedia — um deles com uma percentagem de certeza de 99% — considerou que se tratava de um deepfake criado para fazer-se passar por Elon Musk.

Quanto à voz que se ouve nas imagens partilhadas nas redes sociais, um dos detetores considerou, com “100% de confiança”, que existem “muitas suspeitas” de que o áudio foi gerado por inteligência artificial. Por outro lado, outro mostrou ter mais dúvidas e determinou que existem “poucas provas”, mas não descartou essa possibilidade.

Ao comparar o áudio do Instagram com as muitas entrevistas que Elon Musk deu ao longo dos anos — e que estão disponíveis online — é possível perceber que as vozes são distintas.

Relativamente à Panlenex, vários sites especializados em detetar fraudes online, como o Malware Tips, têm alertado para o facto de se tratar de um esquema de burla que utiliza a imagem manipulada de figuras públicas, como Elon Musk, Mark Zuckerberg ou até Cristiano Ronaldo, para atrair e roubar dinheiro às pessoas.

Conclusão

Não é verdade que Elon Musk esteja a promover investimentos na plataforma Panlenex. Os vídeos que circulam nas redes sociais foram manipulados com recurso à inteligência artificial para convencer as pessoas a investir nessa aplicação, que na realidade não negoceia criptomoedas. Trata-se de um esquema de burla que utiliza as imagens de figuras públicas para atrair a atenção dos indivíduos.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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