Nas redes sociais têm surgido afirmações de que no Peru as antenas 5G estão a ser retiradas porque a população “se consciencializou dos perigos inerentes para a saúde”. Mas as imagens em causa mostram mesmo a remoção das torres 5G e as razões são as apresentadas?

Já não é de hoje: as imagens em causa começaram a circular nas redes sociais em 2020 e foram agora repescadas com o mesmo intuito. Segundo a AFP, está em causa a retirada de uma antena de comunicações, em novembro de 2019, uma altura em que nem sequer havia rede 5G no Peru. A justificação foi a falta de autorização municipal e não uma questão de saúde na população.

No site da autarquia de Miraflores pode ler-se, num artigo dessa altura, que uma “antena instalada ilegalmente foi desmontada em frente ao Parque das Tradições”.  “A antena, com mais de 30 metros de altura, foi instalada de madrugada para surpresa de moradores e autoridades. Após uma exaustiva investigação, os inspetores de Miraflores confirmaram que a companhia mencionada procedeu sem contar com autorização oficial”, referia a nota.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Também no Facebook foram transmitidos vídeos do momento e é possível ver as imagens do local no dia 29 de novembro e a remoção da torre.

O tema do 5G é um dos maiores alvos de fake news, nomeadamente nas redes sociais, com acusações de que a nova tecnologia é responsável por problemas de saúde e até de mortes associadas ao coronavírus, mas nunca ninguém provou qualquer uma destas teorias, bem pelo contrário.

Fact Check: É a cobertura 5G que está a provocar as mortes associadas ao coronavírus?

Tal como o Observador já confirmou noutro fact check, embora seja verdade que Wuhan foi um dos locais onde a rede 5G foi lançada no ano passado, não existem quaisquer evidências científicas de que esta cobertura seja prejudicial para a saúde. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as mortes relatadas na China foram provocadas pelo coronavírus.

Não existe, até ao momento, qualquer evidência científica que indique que a radiação eletromagnética da quinta geração de internet móvel possa ser prejudicial para a saúde humana. Apesar dos rumores sobre uma eventual ligação ao cancro, à demência e a outras doenças, não existem motivos de preocupação relacionados com o 5G, que, nos próximos anos, deverá substituir o 4G, com velocidades de internet móvel mais rápidas.

Conclusão

Ao contrário da sugestão feita na publicação, não é verdade que a torre em causa tenha sido removida por ser uma antena de 5G que estava a provocar problemas de saúde à população. A própria autarquia, responsável pela eliminação da mesma, justificou que se tratou de uma construção ilegal que, após investigação, acabou por ser removida por falta de licença. Como tal, e à semelhança do tem acontecido com várias questões sobre o 5G, é falso que esta tecnologia seja prejudicial para a saúde e que esteja a ser eliminada.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

IFCN Badge