Momentos-chave
- PSD deseja "boa sorte", IL ironiza, Chega vê com bons olhos chegada de Melo: "Vai contribuir para criar laços" com o partido
- Ana Catarina Mendes é taxativa: Costa "não vira as costas ao país" e "foi eleito para quatro anos"
- "Quem quer vida fácil escolhe o PS ou PSD, não escolhe o CDS"
- "António Costa tem os olhos no Terreiro do Paço, mas está já com o coração em Bruxelas"
- Melo quer CDS a fazer "oposição tão forte e eficaz como no Parlamento". Costa e a geringonça "dividiram a sociedade"
- Melo: "Tenho uma profunda crença que devolveremos o CDS ao lugar que merece"
- Melo agradece sinais "expressivos" dos antigos líderes e desvaloriza ausência de Cecília nas listas: "Tem de viver, tem de trabalhar"
- Portas veio ao congresso preocupado com "viabilidade" do partido. Conflito com Monteiro já lá vai: "Não estamos no século XX, nos anos 90"
- Paulo Portas já chegou ao Multiusos de Guimarães
- Melo assume que votação foi "mais expressiva do que esperava"
- Moção de Melo vence com 73% dos votos
- Das dez moções, só quatro vão a votos
- Nuno Correia da Silva retira-se da eleição para liderança
- Paulo Portas anuncia que vem ao congresso amanhã e vota em Nuno Melo
- Mota Soares: "Se Nuno Melo não conseguir perdemos todos"
- Lobo d'Ávila: "Nuno, que bom candidato serias se tivesses sido candidato há sete anos"
- Monteiro reafirma que não será candidato e anuncia apoio a Nuno Melo
- Nuno Melo: "Não venho aqui escavar ainda mais trincheiras"
- Miguel Mattos Chaves: "O partido não morreu, cometeu erros"
- Secretário-geral do CDS diz que Rodrigues dos Santos só fecha um "capítulo" e antevê grande "futuro político" ao líder cessante
- Diogo Feio, vice da Jurisdição, não conhecia relatório e diz que tribunal do CDS "não funcionou de forma normal"
- Bruno Filipe Costa: "Receio que seja um Congresso que não seja muito com debate de ideias"
- Nuno Correia da Silva diz que "houve um período quase autofágico", mas que é tempo de "os generais fazerem as pazes"
- Congresso chumba relatório do Conselho Nacional de Jurisdição
- Começam as intervenções. Dirigente local lembra D. Afonso Henriques para dizer que CDS precisa de "estratégia de reconquista"
Histórico de atualizações
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"Ana Catarina Mendes deve ter gostado do discurso de Nuno Melo". A análise do diretor executivo do Observador ao discurso de Nuno Melo
No discurso de encerramento do congresso do CDS, Numo Melo fala de um ensino público e SNS “muito bons”. Miguel Pinheiro acredita que “está a dar razão ao PS”. “Ideias não têm grande dimensão”
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Nuno Melo quer que hostes acreditem que pode haver eleições em 2024. A análise do Editor de Política do Observador ao discurso de Nuno Melo
No primeiro discurso enquanto presidente do CDS, Nuno Melo apontou Costa a um cargo europeu: “Está a pôr esperança nas hostes para não irem para outros partidos”. “CDS vai ter de ter bandeiras”
[Pode ouvir aqui a análise do Editor de Política do Observador ao discurso de Nuno Melo]
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PSD deseja "boa sorte", IL ironiza, Chega vê com bons olhos chegada de Melo: "Vai contribuir para criar laços" com o partido
Pelo PSD, Salvador Malheiro deseja “boa sorte” ao CDS, partido “reformista e com História”, para se “reerguer depois do desaire”. E fá-lo em “contraponto” com outras forças “de direita, populistas, menos responsáveis”. Quanto a diálogos futuros com o CDS, lembra que também o PSD irá “arrumar a casa” — vai eleger novo líder a 28 de maio — e depois se verá se há “estratégia conjunta”.
[Pode ouvir aqui a reação do PSD ao discurso de Nuno Melo no encerramento do 29º Congresso do CDS]
Vice de Rui Rio deseja “boa sorte” ao CDS. A reação do PSD à eleição de Nuno Melo
Do lado da Iniciativa Liberal, o secretário-geral, Miguel Rangel, ironizou “agradecendo o reconhecimento” (dos ataques) do CDS mas disse estar com foco na oposição ao Governo de António Costa, esperando que “o CDS acompanhe a IL no seu discurso de oposição”.
Quanto a Filipe Melo, do Chega, notou uma “grande diferença que é boa” de Nuno Melo em relação a Francisco Rodrigues dos Santos: está “finalmente alinhado com a direita”, tem hipóteses de “reavivar causas que o CDS outrora já defendeu” e assim de fortalecer uma direita unida. Até avança outra tese: “Se não fosse a anterior direção do CDS ter ostracizado o Chega, o PS não teria maioria absoluta”. Agora o Chega está convencido de que Melo irá “contribuir para criar laços e convergência à direita”. É esperar para ver.
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Ana Catarina Mendes é taxativa: Costa "não vira as costas ao país" e "foi eleito para quatro anos"
Os partidos que vieram a Guimarães para se fazerem representar no congresso do CDS acabam de reagir ao discurso de Nuno Melo.
Pelo lado do Governo, Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, frisou que o Executivo “não quis deixar de estar presente” na reunião de um partiso que “ajudou a fundar a democracia” e faz parte da direita democrática, sem se indignar com as críticas que ouviu e que lhe pareceram “absolutamente normais” e razoáveis.
Outra coisa foi a farpa que Melo lançou, sugerindo mais uma vez que Costa quererá sair do Governo a meio do mandato para assumir um cargo europeu. E aí, a ministra foi taxativa: “O senhor primeiro-ministro nunca virou as costas ao país nos momentos mais difíceis, não virará num momento em que vivemos uma guerra, e foi eleito para quatro anos”. E se tem o coração em Bruxelas, como dizia Melo, será apenas porque “as respostas” que é preciso dar no contexto da guerra “são também no plano europeu e da solidariedade europeia”, mas não mais do que isso.
[Pode ouvir aqui a reação de Ana Catarina Mendes no 29º Congresso do CDS]
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"Quem quer vida fácil escolhe o PS ou PSD, não escolhe o CDS"
Nuno Melo volta a tentar provar que o “CDS está vivo” e lembra que “enquanto houver eleitos” o CDS “não acabou.”
“Alguma vez foi fácil ser do CDS? Quem quer vida fácil escolhe o PS ou PSD, não escolhe o PSD”, diz o líder dos democratas-cristãos num dos momentos que consegue arrancar uma reação aos Congressistas.
Melo termina o discurso com um arregaçar de mangas. O hino nacional já tocava e Nuno Melo ainda abria um presente oferecido “para decorar a sala do presidente do CDS-PP”.
[Pode ouvir aqui o primeiro discurso de Nuno Melo como presidente do CDS]
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"António Costa tem os olhos no Terreiro do Paço, mas está já com o coração em Bruxelas"
Lembrando o recado de Marcelo Rebelo de Sousa a António Costa na tomada de posse, Nuno Melo não deixa de ver na hipótese da saída de Costa uma réstia de esperança para o CDS.
“Se tivermos eleições legislativas antecipadas o CDS estará preparado e será nesse dia que voltará à Assembleia da República”, diz Melo depois de criticar a hipótese de António Costa sair para a Europa e deixar o Governo nas mãos de Fernando Medina, como fez na autarquia de Lisboa (na fila da frente está Ana Catarina Mendes e Melo não resiste a dirigir-lhe um ‘não deixaria com facilidade’).
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Melo anuncia conferência sobre inflação e proposta para crianças ucranianas. E pede a Costa que reverta extinção do SEF
O CDS saberá ser útil, oferecendo soluções, promete Melo. Uma das suas primeiras iniciativas, através do grupo programático para economia, finanças e agricultura, será uma conferência sobre inflação, poder de compra, produção industrial e alimentar com “grandes talentos” que o CDS recrutou.
Refere depois os “preços proibitivos” dos combustíveis, defendendo que a solução é “fácil”: o Governo deve descer o ISP até ao limite do que seria possível, chegando ao valor que quereria descer em IVA — quando receber a autorização da Comissão Europeia, o Governo poderá então descer o IVA e repor o ISP, sugere. “A solução está toda do lado do Governo, o resto é conversa”.
Dedica ainda palavras de “orgulho” ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras pelo acolhimento dos refugiados. E pede a Costa que reverta a decisão “profundamente injusta” de extinguir o SEF, porque uma “inexpressiva minoria não esteve à altura das responsabilidades” (com a morte do ucraniano Ilhor Homeniuk nas instalações) — “não se pode tomar a parte pelo todo”.
Anuncia ainda uma iniciativa que lançará no Parlamento Europeu para que sejam dadas condições aos professores ucranianos para que possam continuar a ensinar crianças refugiadas em estabelecimentos dos países de acolhimento, para que possam continuar a falar com elas na língua mãe (enquanto elas prosseguem a sua educação normal no ensino do país, mas apoiadas por esses professores), e para que quando voltarem a casa tenham tido “o menor impacto possível” na sua educação.
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Elogios ao SNS e à escola pública. Dedos nas feridas dos governos socialistas
Nuno Melo passa em revista a pandemia, para dizer criticar a gestão que o governo fez da crise de saúde e os “preconceitos ideológicos” com o setor social e privado.
Noutra área cara aos socialistas, Nuno Melo acusa o governo de ter matado “a democraticidade do ensino” e de ter transformado “a escola pública em espaço de ideologia”.
Ainda assim, Melo fez questão de elogiar os “incríveis profissionais de saúde” e “a oferta pública muito boa” nas escolas públicas do país.
Depois, Melo seguiu para as falhas dos últimos anos: incêndios de 2017, o caso Tancos, as golas antifumo, os imigrantes em Odemira. Mas não esquece que os portugueses, ainda assim, deram a maioria ao PS — retirando o CDS do hemiciclo — e diz que “é preciso respeitar”.
Ao CDS caberá fazer uma “oposição mais eficaz para que amanhã os portugueses tenham uma alternativa”.
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Melo quer CDS a fazer "oposição tão forte e eficaz como no Parlamento". Costa e a geringonça "dividiram a sociedade"
Há ainda mais uma lição a retirar da guerra na Ucrânia, argumenta: o mundo globalizado precisa de uma reforma nas organizações multilaterais, nomeadamente nas Nações Unidas — não é possível que um país possa violar repetidamente a sua carta de valores e continue com direito de veto. Se a ONU não revir essas regras passará a ser uma “página anacrónica na História”.
Pedindo a Ana Catarina Mendes, representante do Governo, “desculpa por qualquer coisinha”, lembra que o Governo e as esquerdas são os adversários do CDS, que quer ser “uma oposição tão forte e eficaz fora do Parlamento como era quando estava lá”.
E há sinais claros a ler, diz: o PS mostrou “todo o instinto de que é feito” e num momento de economia de guerra há muito de partido e pouco de dimensão do Estado nas escolhas de António Costa para o elenco governativo. A Agricultura, durante quatro anos, “não se viu”, ataca; os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência foram “destinados à dimensão pública” e não às empresas; e a pasta do Mar passou ao ministério da Agricultura, critica.
“Cada um dos nossos empresários não consegue pagar as contas do luz, faz contas todos os dias para manter os funcionários, do Governo temos impostos; dos funcionários, imaginação”. A economia forte não existirá enquanto o Estado estiver onde “as empresas fazem muito melhor”, sublinha.
Mesmo assim, “reconhece” que o PS tem maioria absoluta agora. E lembra o Governo da geringonça, onde Costa se associou aos “extremos” da esquerda — “que agora meteu no bolso”. Esse Governo, defende, “dividiu-nos enquanto sociedade” — e agora conquista votos “por causa dessa divisão”.
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"Reforçar a NATO é garantir a paz e liberdade dos Europeus"
Nas lições que Nuno Melo retira do conflito na Ucrânia está também a importância da NATO no contexto europeu, vincando claramente a diferença para os partidos de esquerda portugueses.
“Alguns consideram nos últimos tempos que a NATO estava fora de validade. Precipitaram-se. A ameaça voltou ao espaço europeu e só a força da aliança ocidental pode travar o pior”, diz o líder do CDS frisando que “reforçar a NATO é garantir a paz e liberdade dos Europeus”.
Sobre a ligação entre a Europa e a América, nota Melo que “o vínculo transatlântico ganhou nova vida”: “Ouvimos um coro de anti-americanismo, mas é tempo de perguntar onde estaria a europa neste momento sem vínculo defensivo com os EUA”.
E continua nas lições, agora na área energética: “Nunca é boa ideia depender de uma só fonte. É preciso diversificar as fontes”.
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Melo começa pela Ucrânia e critica Europa por não apostar em Defesa. "A nossa fraqueza é um incentivo aos ditadores"
Melo diz agora que a sua primeira palavra, em circunstâncias “tão especiais”, será dedicada à embaixadora da Ucrânia, presente no congresso, e ao seu “povo extraordinário” que “luta pela democracia e liberdade, valores nossos em Portugal”. É a segunda ovação em pé que o congresso dedica à diplomata.
Este conflito promovido por “alguns russos”, argumenta, tem impacto nos outros países da UE e também em Portugal, e envolve métodos “bárbaros e medievais de conquista”: “Não devia poder acontecer num mundo civilizado”. E deixa desde já o seu apoio ao envio de equipamentos e armas defensivas dos Estados Unidos, mas também todos os esforços de diplomacia para que se passe à negociação.
Há daqui lições que como europeus é preciso retirar: a condição da paz é ter uma defesa sólida, defende. E uma das razões para Putin avançar foi saber da convicção da Europa de que teria uma “paz perpétua” e que a fez dispensar forças de defesa preparadas — porque o CDS “não é como certos pacifistas que não têm os pés na terra. A nossa fraqueza é um incentivo aos ditadores. O lado certo da História é ao lado das democracias”.
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Melo: "Tenho uma profunda crença que devolveremos o CDS ao lugar que merece"
No início do discurso, Melo agradece à família antevendo “um sacrifício que não vai ser pequeno” no mandato de presidente do CDS-PP e fala para os convidados na primeira fila.
“Agradecer a presença de cada um dos respresentantes e entidades que significa o respeito por um partido que faz falta a Portugal”, diz Melo.
Para os eleitos das listas que apresentou ao Congresso, Nuno Melo diz que começa “o desafio mais difícil da vida”.
“Tenho uma profunda crença que devolveremos o CDS ao lugar que merece. As pontes foram criadas, o nosso pensamento está no futuro e para fora. Hoje na oposição ao PS amanhã na disputa pelo Governo, é para isso que nascemos enquanto partido”, diz o novo presidente do CDS.
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Sobe agora ao palco do XXIX Congresso Nuno Melo onde fará o primeiro discurso como presidente do CDS-PP.
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Martim Borges de Freitas despede-se assim das suas funções e passa a palavra ao novo presidente do congresso, José Manuel Rodrigues, que dá assim posse aos restantes elementos da mesa que acabam de ser eleitos.
Um a um, o presidente da mesa chama os novos dirigentes do partido ao palco. Nuno Magalhães e Pedro Mota Soares entre os mais aplaudidos.
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Nuno Melo eleito presidente do CDS com 74,93% dos votos. Tem dois terços do Conselho Nacional
Estão fechados os resultados que consagram Nuno Melo como novo presidente do CDS, com 74,93% votos na sua lista para a comissão política (era a única, o resto são votos brancos). Supera assim o resultado de Francisco Rodrigues dos Santos, há dois anos (65,7%).
Para o Conselho Nacional, Melo conquistou 65,68% dos assentos (47 mandatos), contra 31,53% da lista B, liderada por Fernando Barbosa (23 mandatos); já na mesa do CN, Melo teve 70,66%, mas não tinha lista concorrente. Na mesa do congresso, Melo consegue 71,68%, de novo concorrendo sozinho.
Para os outros órgãos, os resultados são estes:
Conselho de Jurisdição — lista A (Melo): 65,79%, lista B (Barbosa): 29,31%
Conselho de Fiscalização — lista A: 65,19%, lista B: 30,11%.
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Retomam os trabalhos. Só BE e PCP não estão presentes, embaixadora da Ucrânia é aplaudida de pé
Com considerável atraso relativamente ao programa do congresso, justificado com o processo de contagem de votos, o presidente da mesa, Martim Borges de Freitas, cumprimenta os convidados que estão no congresso. Pelos partidos, estão presentes PS, PSD (que enviou o vice Salvador Malheiro), Chega, Iniciativa Liberal, Livre, o Aliança, PPM e MPT — faltam Bloco de Esquerda e PCP.
Regista-se um forte aplauso de pé quando é referida a presença da embaixadora da Ucrânia no congresso.
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Melo agradece sinais "expressivos" dos antigos líderes e desvaloriza ausência de Cecília nas listas: "Tem de viver, tem de trabalhar"
Neste que será o seu primeiro dia como presidente do CDS, Nuno Melo chegou na sua Renault 4L branca — como explicou no sábado, é um conservador e o carro clássico nunca lhe falhou –, vestiu o casaco e foi recebido por uma militante que tinha uma garrafa de água e prometeu “batizar” o novo líder.
Aos jornalistas, Melo disse não estar surpreendido pela votação alta — 73% — com que sua moção foi aprovada, porque o partido “quer estabilidade” e hoje é “só um”, disse. Sinais disso mesmo: as presenças dos antigos líderes Manuel Monteiro e Paulo Portas, que “compreendem a importância destes tempos e deram um sinal expressivo”; e os convites que diz ter feito a membros da direção cessante, mas que “entenderam neste momento não estar”.
Quando à ausência de Cecília Meireles nas listas que apresentou (apesar de ter expressado o apoio a Melo), explica-se com a vida profissional da democrata-cristã, que está fora do Parlamento: “Tem de trabalhar, tem de viver”, resumiu, lembrando que Cecília continua a ser “dos melhores ativos do CDS” e que contar com ela ao seu lado é “extraordináro”. Recebido com palmas, Melo entrou no congresso. As votações nos órgãos do partido, que deverão confirmar a sua entronização (só Melo apresentou lista à comissão política), estão quase a fechar.
[Pode ouvir aqui as declarações de Nuno Melo à chegada ao segundo dia do 29º Congresso do CDS]
“Hoje somos só um”. Nuno Melo chega ao segundo dia de congresso
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Portas veio ao congresso preocupado com "viabilidade" do partido. Conflito com Monteiro já lá vai: "Não estamos no século XX, nos anos 90"
Era um dos momentos mais esperados do congresso: Paulo Portas chegou a Guimarães pela manhã, apareceu ladeado de vários dos seus delfins e apoiantes — foi recebido por Cecília Meireles e Pedro Mota Soares, a que se juntaram depois nomes que Melo escolheu para a sua direção, como Paulo Núncio e Isabel Galriça Neto, e o próprio Melo, a quem Portas deu um abraço forte.
Aos jornalistas que o rodearam durante os poucos minutos em que esteve dentro do pavilhão, Portas explicou o “sinal” que veio dar. “Como sabem, o CDS ficou colocado numa situação de alto risco, colocando-se mesmo dúvidas que nunca existiram em 47 anos sobre a sua viabilidade”, alertou. Por isso, decidiu pela primeira vez desde a saída da liderança abdicar da sua “imparcialidade” e usar o direito de voto que tem, em “circunstâncias excecionais”.
É um voto de “confiança” e de “admiração pela coragem” de Melo, a quem desejou bom trabalho, sorte e eficácia, de se candidatar em “circunstâncias tão hostis e adversas”, mas também um sinal tanto para quem é do CDS como para quem não é e acha que “um partido como o CDS deve existir no nosso sistema” — sem qualquer intenção de voltar à política partidária, porque “tudo na vida tem um tempo”.
E por falar em passado, questionado sobre o regresso do homem que já foi seu aliado e arqui-inimigo, Manuel Monteiro, a um congresso do CDS, Portas desvalorizou os conflitos antigos dos anos em que sucedeu a Monteiro na liderança. Sobre o que ouviu de Monteiro, um discurso pacificador: neste congresso, o CDS “deitou contas à vida e não fez ajustes de contas” e todas as ajudas são “bem-vindas”, pelo que esse passo foi bom. É muito importante, defendeu, que Melo tenha um “discurso de respeito por todos os passados”. Depois, rematou: “Estamos no século XXI, em 2022, e não no século XX, nos anos 90”. Que é como quem diz: o que passou, passou.
Portas saiu do congresso com dificuldade, dada a bolha de jornalistas que se juntava à sua volta e os militantes que lhe pediam um abraço e que irromperam pelo menos quatro vezes em aplausos, à saída do pavilhão. Parecendo algo emocionado, disse adeus do topo das escadas que subiu para procurar o seu carro, aos militantes que cá em baixo acenavam de volta.
[Pode ouvir aqui as declarações de Paulo Portas no 29º Congresso do CDS]
Paulo Portas veio ao Congresso de Guimarães para ajudar a resolver “situação de alto risco”
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Lista B reúne fiéis de Rodrigues dos Santos e anti-portistas
A única lista alternativa à que Nuno Melo apresenta é a lista B e reúne alguns dos fiéis de Francisco Rodrigues dos Santos, assim como nomes conhecidos por serem anti-portistas. Resulta, assim, de uma junção de nomes que subscreveram outras moções, nomeadamente a moção A, encabeçada por José Maria Seabra Duque, que conseguu 9% dos votos, e a moção E, de Miguel Mattos Chaves, que conseguiu a mesma percentagem.
No caso do conselho nacional, a lista enclui esses dois nomes, respetivamente colocados em quarto e sétimo lugar. Mas é encabeçada pelo coordenador autárquico de Rodrigues dos Santos, Fernando Barbosa, seguido pelo seu primeiro vice, Miguel Barbosa e ainda nos lugares cimeiros a estratega do líder cessante, Filipa Correia Pinto. Contam-se ainda os nomes de Fernando Camelo Almeida, que apoiou o Rodrigues dos Santos; Margarida Bentes Penedo, da mesma direção; Bruno Filipe Costa, que apresentou uma moção alternativa mas desistiu da candidatura; e Mário Cunha Reis e Joana Bento Rodrigues, ambos da corrente mais conservadora, a Tendência Esperança em Movimento.
A lista B não tenta, no entanto, qualquer corrida à liderança, uma vez que não apresenta candidatura à comissão política, que determina quem preside ao partido. Além do Conselho Nacional, tem listas para o Conselho Nacional de Fiscalização e o de Jurisdição (o tribunal do partido).
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Cecília Meireles não está em nenhuma das listas de Melo (João Almeida também não)
As listas aos órgãos nacionais de Nuno Melo têm duas ausências de peso entre os apoiantes do eurodeputado. Apesar de, no palco, Melo ter revelado que queria muito dar espaço a novas Cecílias Meireles, não conta com a própria. No sábado, na Rádio Observador, a antiga líder parlamentar — antes de serem conhecidas as listas — revelou que estava a “mudar o chip” para voltar à sua vida profissional fora da política.
O antigo candidato à liderança da ala portista, João Almeida, também não está em nenhuma lista de Nuno Melo aos órgãos nacionais.