É sabido de todos que temos uma crise de lideranças.

Essa crise estende-se das empresas à política, das organizações às várias funções do Estado. Não é um fenómeno português, nada disso, é um fenómeno pelo menos europeu – se não for global.

Isto dito, fala-se muito em Portugal a respeito da nova geração, a mais bem formada e educada de sempre, e da sua emigração à procura de melhores posições, melhor crescimento e mais aprendizagem fora do país. Por mim, parabéns aos mais novos que escolhem sair e ter a ousadia de ir procurar tudo isto onde não o conseguem obter – infelizmente em Portugal.

Parabéns, reiterados e também merecidos, a todas as instituições de ensino superior que formam estes jovens em Portugal e que lhes permitem voar mais alto, mais longe e serem aceites por empresas de outras regiões do mundo, qualquer que seja o mundo. É muito importante para o ensino superior universitário que as empresas portuguesas não ousem sequer dizer que continuamos longe delas. Foi discurso e chão que deu uvas. O esforço de proximidade, de construção e os resultados falam por si. Estes jovens vão tão longe que nem as empresas portuguesas são capazes de os apanhar. E estão mais que empresarialisados, mais que adaptados, mais que próximos devido à contiguidade que o ensino em Portugal tem hoje com essas mesmas empresas.

Mas a crise das lideranças continua. Claro que continua.

A pergunta que me faço é se estes jovens, hoje lá fora, um dia retornam. Muitos não retornarão a Portugal. Mas aqueles que retornarem virão com uma preparação e um mundo, uma experiência e uma capacidade de interface multicultural como poucos países poderão ter como certo. É claro que teremos que esperar uns anos mas alguns deles voltarão.

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E quando voltarem será, se vierem para trabalhar, para posições de liderança.

Onde estarão melhor preparados que nunca.

Onde estarão adaptados à multiculturalidade.

Onde a inclusão e a diversidade são naturais e não por quotas.

Onde o serviço e o apoio para fazer outros crescer será tónica dominante.

Onde a entrega ao genuíno crescimento das organizações será evidente, virando-as para fora e para mercados que conhecem, dando asas à exportação.

Estamos hoje a criar a melhor geração de sempre e a melhor preparada de sempre. Salvo os problemas que causam em termos de Segurança Social, entre outros, serão estes os futuros líderes. Cosmopolitas, vividos, conhecedores, preparados. Não serão todos mas serão pelo menos alguns.

Há que ter, pois, esperança que se vai cumprir o desígnio da observância das lideranças vagas. E espera-se também que tenham as suas vidas estáveis, ao voltarem, para se entregarem a cargos públicos, à intervenção política, às empresas pequenas e médias e, acima de tudo, ao drive de fazer crescer e colocar Portugal no mapa.

Penso que muitos deles partem sem quererem sequer voltar. Viram costas ao país que os formou mas que não consegue chegar a eles, remunerá-los e proporcionar-lhes condições de evolução, aprendizagem e experiência como noutros lugares. Quando voltarem, os que voltarem, Portugal será a recordação do país onde cresceram e se fizeram ao mundo. O seu país, a sua pátria. E será em Portugal que quererão, espero, devolver à sociedade.

E nessa altura, paulatinamente, a crise de lideranças poderá ficar mitigada. Terá de ficar. Porque os nossos, os melhores dos nossos, voltarão mais preparados que nunca para tomar conta de Portugal. Não serão os Chicago Boys da política liberal que inspirou o Chile de Pinochet. Não estaremos em ditadura. Mas serão os boys and girls que trarão para Portugal aquilo que foi o “Milagre do Chile”. Cumprir-se-á, então, o “Milagre de Portugal”.

Estarei à espera de que se formem e que voltem em grande. Para assumir as lideranças deste Portugal que tanto precisa deles. E, na comparação, teremos então líderes mais bem preparados que qualquer outro país europeu que exporta muito menos as suas prováveis gerações mais bem formadas de sempre.