Após mais de 8 anos de governação do Partido Socialista, que tomou as mais diversas formas — geringonça, meia-geringonça e maioria absoluta — podemos tomar conhecimento da desolação deixada. Acresce que esta desolação, lentamente desvendada, nos é apresentada agora na área da saúde. Os próprios protagonistas dos Governos de António Costa, como são o atual líder do PS, Pedro Nuno Santos e a dirigente e deputada Mariana Vieira da Silva, vêm hoje apontar às urgências fechadas, nomeadamente na área de obstetrícia.

Ao chamarem a atenção para os problemas do SNS, os ex-ministros demonstram os resultados do trabalho da comissão executiva, que viveu o seu primeiro ano sem estatutos, e a desolação do Governo anterior na saúde. Será que alguém em Portugal acredita que a situação que vivemos hoje nesta ou em qualquer outra área governativa, se deve a um Governo com 4 meses?

Independente daquilo em que as pessoas acreditam, o certo é que os protagonistas parecem acreditar nisso, e no grande sucesso do Governo anterior. Talvez tenha sido por esse motivo que o PS colocou uma ex-ministra da saúde, Marta Temido, no lugar de cabeça de lista às europeias. Relembro a sua demissão, que ocorreu há exatamente dois anos, em plena maioria absoluta, há dois anos, também no rescaldo de problemas no SNS relacionados com a área de obstetrícia.

Todos sabemos que a desolação não se fica pelo SNS. Áreas como a educação, agricultura, serviços de fronteiras e até mesmo a defesa são outros exemplos. Seria bom saber se os dirigentes socialistas pretendem também dar atenção a estas áreas, e mostrar aos portugueses o verdadeiro estado a que o país chegou ao ano de 2024.

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É legitimo estar-se na Oposição e querer governar. O que já é muito diferente é ser Oposição e julgar-se Governo. O PS já dava sinais de querer governar a partir da Assembleia da República com algumas leis orçamentais que fez passar com o aval do Chega, como a redução do IRS e a eliminação de portagens nas ex-SCUT. Todavia, agendar reuniões com órgãos debaixo da alçada do Governo já é algo invulgar, e mesmo surreal, dado o passado recente do Governo socialista.

No comunicado antes da reunião com o concelho de administração da ULS S.José/St.ª Maria, segundo o Expresso, o PS afirmou:

“A situação, agravada pelo afastamento de dirigentes reconhecidos do SNS e pela interrupção das reformas em curso, tem-se traduzido num sério prejuízo para os utentes.”

Assim, para além de duvidar da validade desta frase, fico curioso com o tipo de informação revelada pelos conselhos de administração nesse encontro. Não posso deixar de questionar: a preocupação que precipitou este despertar do PS para os problemas do SNS, será mesmo o “prejuízo para os utentes”, ou antes o “afastamento de dirigentes reconhecidos”?

Seja como for, o melhor que podemos esperar é que o PS desperte para a situação do país aquando da sua saída do Governo. Assim, poderá um dia reconhecer aquilo que de bom se pode fazer e contribuir para tal.