Não temos tempos fáceis pela frente. Com o aumento da inflação, o aumento do custo de transporte e das matérias-primas, as empresas e as famílias vão enfrentar uma nova realidade. Podemos esperar que 2023 seja o terceiro ano com o pior crescimento económico global deste século.
Seguramente, podemos afirmar que a década de 2020 a 2030 será substancialmente diferente da década anterior. A humanidade enfrenta grandes desafios e no topo da lista temos o combate às alterações climatéricas, uma guerra na Europa que desafia a segurança mundial (quando a ameaça nuclear aparece quase numa base diária, sabemos que, de facto, estamos numa situação muito complexa) e uma crise económica.
Como tal, urge preparar as empresas para estes grandes desafios. Se em algumas das vertentes as empresas não podem dar grande contributo, noutras vertentes têm a obrigação de colaborar de forma positiva para que o futuro possa melhorar. Em concreto, adotar políticas mais responsáveis em relação ao ambiente e também nos seus modelos de negócio, para que possam adaptar-se às novas tendências de consumo.
Neste último ponto, temos visto, especialmente durante o período da Covid-19, que as empresas mais digitais tiveram um melhor desempenho, como é natural. Ao mesmo tempo, as que estavam menos preparadas, acabaram também por fazer investimentos significativos no processo de transformação digital, seja ele B2B ou B2C ou mesmo B2B2C.
As plataformas digitais permitem melhorar e otimizar a relação com todos os intervenientes da empresa, sejam colaboradores, parceiros, fornecedores e, claro, clientes. Com os dados recolhidos através dos canais digitais, melhoramos as nossas previsões e otimizamos os processos. Ou seja, a transformação digital permite baixar custos operacionais.
Ao mesmo tempo, e este ponto é importante, as vendas online têm vindo a aumentar de forma substancial, deixando uma tendência cada vez mais vincada em consumidores de todas as idades. Os retalhistas que seguiram a tendência e têm vindo a atualizar o seu roadmap para incluir vendas online veem os seus negócios a crescer.
Não menos importante, temos uma força de trabalho também cada vez mais digital e flexível. Parece-me que o modelo híbrido entre o teletrabalho e trabalho presencial, em certas profissões, veio para ficar, porém carece de modelos digitais de suporte que ainda não estão totalmente maduros. Por exemplo, começam agora a sair os primeiros estudos que relacionam perda de criatividade em modelo de teletrabalho.
Aliás, olhando para a famosa regra 55/38/7, que diz que 55% da nossa comunicação é não verbal, como podemos então satisfazer uma força de trabalho que procura o teletrabalho, manter a cultura da empresa, a criatividade e ainda permitir uma comunicação eficiente? Seguramente, parte da resposta estará no espaço digital.
A transformação digital permite às empresas baixar os seus custos, aumentar as vendas e satisfazer uma força de trabalho que mudou com a COVID-19. Ora, do meu ponto de vista, não encontro muitas ferramentas que permitam este trinómio.
Será a transformação digital a bala prateada para enfrentar a crise?