Trata-se de um triste fado nosso.

O ano passado Monchique com uma área ardida de 27 000 hectares (o maior da Europa em área ardida).

Em 2017 na Lousã com 43 941 hectares, Oliveira do Hospital com 43.191 hectares, Pampilhosa da Serra com 30 000 hectares, Sertã com 29.000 hectares ou Alcobaça (aquele que destruiu o Pinhal de Leiria) com 15.687 hectares de área ardida. Não se esquece Pedrogão. Mas esse por respeito à vida das 66 pessoas que partiram sequer se comenta. Questiona-se.

Só no ano de 2017 foram mais de 440.000 hectares de área ardida em Portugal. É dizer quatro vezes mais de área ardida do que toda a média registada nos últimos dez anos anteriores.

À data em 2019 o maior incêndio até ver (e só vamos no início) é em Mação/Vila de Rei. São 9.500 hectares ardidos, o que significa que 95% da floresta do concelho se encontra ardida. Para uma melhor elucidação a área ardida neste incêndio corresponderá à área total da cidade de Lisboa, o que é verdadeiramente sintomático e perturbante.

Nos gabinetes e em plena época preparação de listas, o nosso Primeiro Ministro já veio afirmar que os Autarcas são os primeiros responsáveis pelos combates aos fogos florestais.

Com um indisfarçável orgulho por seu turno o Ministro da Administração Interna já afirmou que no incêndio em Mação existiu um estrito e rigoroso cumprimento das orientações estratégicas definidas no modelo de combate aos incêndios. Como se de um sucesso se tratasse portanto – ainda assim, bem melhor do que a sua antecessora que provavelmente deverá estar a contar os dias para o gozo (merecido) de férias.

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Maçados. Estamos todos maçados de justificações e desculpas como as do incêndio de Mação.

Pouco importa quem sejam os responsáveis, pouco importa saber se o combate foi bem ou mal feito. Os incêndios voltaram a fustigar Portugal. De novo. Nos mesmos moldes, nos mesmos locais, com os mesmos (ineficientes) meios.

Não é razoável — indo para além de qualquer compreensão média — que países como Espanha, França, Alemanha, Bélgica e Holanda que nesta altura passem por vagas de calor altíssimas e excecionalíssimas para a época, a notícia dos incêndios seja (novamente) em Portugal, em Mação. Onde o filme de terror de 2017 volta a repetir-se.

Mas para quando o fim da maçadoria dos incêndios?