Ser pai ou mãe não é fácil, todos sabemos disso. E ainda para mais nos tempos que correm, em que a tecnologia invadiu o quotidiano das nossas casas e faz planeta girar, a todo o momento, a uma velocidade incrível. Hoje, com a correria do dia a dia, entre trabalho e filhos, no meio de tantas atividades, quase que perdemos a essência de muito do prazer da parentalidade. Não por escolha própria, mas porque o mundo à nossa volta assim parece exigir.

Os nosso filhos correm da escola para mil atividades, chegam a casa cansados, os pais igualmente esgotados, não havendo lugar para  conversa, para ler um livro ou, simplesmente para se estar em família. Quase que sem darmos conta, a tecnologia invade o serão e o silêncio incómodo causado pela ausência de conversa ou de gargalhadas em família infiltra-se no ambiente. E assim adormecemos com a sensação de dever cumprido, mas de um enorme vazio, também.

A parentalidade é um exercício muito complicado. Resistir aos smartphones, às redes sociais, aos jogos, tudo isso é exigente. E quem nunca errou que atire a primeira pedra. Há os chamados “pais e mães de bancada”, que constantemente julgam os restantes, com base na sua própria visão de parentalidade. Mas, como sabemos, isso de certo terá muito pouco, porque no momento em que apontamos o dedo aos outros, esquecemos de olhar para nós mesmos e facilmente poderemos falhar como pais. Aliás, de certeza que vamos falhar! E não há mal algum  nisso! Falhar faz parte do nosso crescimento como seres  humanos.

Cada família saberá melhor o modelo de educação que melhor lhe serve. Na verdade, o que funciona para uns não funciona para outros. Incomoda-me quando leio mensagens e mais mensagens de alguns pais em grupos de WhatsApp, a tentarem impor o seu modo de ver a educação aos outros, ou a sugerirem listas infindáveis de atividades, ou até mesmo a tentarem passar a sua verdade a todo custo. Confesso que tenho saudades do tempo em que este tipo de grupos não existia e não se via tão claramente a tão alta competitividade que os pais do presente incutem aos filhos. As crianças devem ser apenas crianças. E fazerem as atividades de que gostam.  Não vejo o porquê de se forçar os filhos a frequentarem o ballet porque é bonito, ou a música porque é um estatuto, sendo estes apenas meros exemplos. Acredito que as atividades que as crianças têm fora da escola devem ser aquelas que lhes dão prazer. Evidentemente, que podem e devem experimentar atividades diferentes, mas só nelas permanecer por gosto, mesmo que não sejam aquelas que os pais idealizaram.

No meio disto tudo, compete aos pais acompanharem os seus filhos no seus sonhos, dando-lhes asas para que estes se concretizem, e trazendo-os à terra quando a sensatez assim o determinar. Cada pai e cada mãe dão, certamente, o seu melhor, aceitando os desafios quotidianos da parentalidade, mas nunca tentando transpor para os seus filhos os seus próprios sonhos que ficaram por realizar. De facto, os  filhos não são veículos de concretização dos sonhos que os próprios pais um dia tiveram para si. Deixemos os nossos filhos serem livres e felizes, pois só assim se transformarão em adultos de coração cheio.

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