Que Portugal queremos ter? Este que temos hoje, repleto de incerteza face ao futuro e que não apresenta um horizonte que nos encha de esperança? Ou um outro, que nos permita voltar a sonhar e a acreditar que a vida vai muito para além de trabalharmos de sol a sol, diariamente, para pagar contas?

Temos um país com tantas potencialidades, mas tão pouco aproveitado. Como podemos sequer pensar em sobreviver apenas do turismo, esquecendo outras áreas em que temos de investir urgentemente, para nos tornarmos competitivos no plano internacional.

Ao longo dos últimos anos, a maior parte dos portugueses tem visto o seu poder de compra diminuir abruptamente, com salários que não acompanham a subida do custo de vida. Quantas pessoas terão perdido um teto ou viverão em condições precárias e até desumanas , por falta de capacidade financeira para fazer frente ao absurdo aumento de preços de bens fundamentais ao quotidiano?

Com a crise financeira, chega a crise de valores e uma sociedade em decadência em áreas tão relevantes como a saúde ou a educação, que antes assumíamos como garantidas no plano público, quando nos orgulhávamos dos serviços de excelência de que dispúnhamos nestas áreas. Hoje em dia, temos uma Segurança Social em falência, a educação relegada para segundo plano e a saúde aos trambolhões, como se estivéssemos aqui a tratar de elementos acessórios e secundários à vida de todos… Se o nosso país trata assim as suas áreas basilares, o que fará com o resto?

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Já para não referir os problemas de Saúde Mental que aumentaram em grande escala, e onde depressões graves ocupam lugar de destaque, com a incapacidade de tantas pessoas de dar resposta às dificuldades financeiras que habitam o seu quotidiano e que perdem o sentido da vida, mergulhadas no desespero de quem já não acredita que as nuvens podem dissipar-se.

Com a aproximação das eleições, impõe-se uma reflexão sobre aquilo que somos e aquilo que merecemos ser, com aquilo que temos e aquilo que podemos ter. Enquanto fingirmos que não é nada connosco, o estado das coisas não mudará. No dia 10 de março, todos somos chamados ao nosso dever como cidadãos de decidir sobre o rumo do nosso país. Portugal é de todos nós e não nos poderemos queixar dos resultados se não tivermos participado no processo.

Reclamar à mesa do café não chega, dizer mal não é suficiente. Urgente é abrirmos os olhos, termos os ouvidos atentos e pensarmos, refletirmos sobre o futuro do nosso país, para não o deixarmos nas mãos do Governo errado.