E assim chegámos ao ano da desgraça de 2024, onde Portugal, qual macaquinho, se tornou refém da política do amendoim estabelecida pelos socialistas do Rato, os maiores especialistas na gestão da união entre a fome de poder de um punhado e a dependência de muitos.

A política do amendoim é simples. Consiste no estabelecimento de uma relação clientelar onde o partido incumbente se pretende confundir com o Estado de modo a ficar em condições de jogar o jogo da dependência, seja com pensionistas ou funcionários públicos, seja com redes de interesses privados dependentes do orçamento de estado. A bola deste jogo chama-se amendoim, e a arte consiste em saber quem melhor o utiliza para levar uma parcela significativa de eleitores a darem o seu voto de confiança na hora das eleições.

De entre os dependentes existem uns com boa capacidade para espernear pelas ruas ou mexericarem nas secretarias. A estes atiram-se-lhes uns amendoins para os calar. Outros, sem essa disposição ou capacidade, ou por não puderem emigrar, aplica-se-lhes o modelo da rédea curta. Para todos aplica-se a mesma táctica: subtração continuada de bens e serviços públicos, onde se poupa, por conta de amendoins intercalares, onde se gasta. Mas sempre naquelas quantidades que não façam especial mossa nos orçamentos, embora as suficientes para se manterem os corpos dependentes e a respirar, como se um jogo de fidelidade e sobrevivência se tratasse. Esta fórmula não é nova, assemelhando-se em tudo àqueles tratos menos escrupulosos de alguns humanos para com os canídeos. Talvez por isso ninguém tivesse estranhado o chumbo do PS sobre a literacia financeira no curriculum escolar, não fosse um dos pilares da dependência vacilar. O outro pilar, o conformismo, está sólido. Os que emigram tornam o combate desproporcional para todo o sempre.

Curiosamente, esta política do amendoim dos socialistas está a fazer escola. Se no PS está nos estatutos e é parte do boletim de vacinas de qualquer filiado, nos malucos do BE, PAN, e CDU, a coisa passa-se na estratosfera. Enquanto no PS existem cuidados académicos no adorno do isco, nestes, sem critérios para além dos ditados pelas modas do momento ou teorias decrépitas, os assuntos tratam-se à balda, obrigando as democracias que abominam a praticar inclusão e condescendência que eles não possuem. Já nos restantes a coisa vai-se estranhamente entranhando. Na AD, no meio dos atropelos entre quem fala e o silêncio por quem se reza que não fale, prometem-se pensões mínimas iguais ao salário mínimo. Na IL, apesar das juras e recusas em participar no leilão, mas já atarantada dentro de um, e perdidos os óculos, agitam-se salários médios líquidos espectaculares para 2028. O Livre, na pessoa do seu historiador num palanque forrado a livrinhos, atira aquele amendoim que ninguém quer após uma palestra de 3 horas. O Chega, muito divertido com o pandemónio que vai por esta casa de doidos, cheio de gás, com o seu líder dilatado, e sabendo-se mais astuto e esperto que a restante rapaziada, goza a paródia, e, qual Tulius Detritus, muito estroina, não se coíbe de disparar umas bujardas como quem diz “Ai o jogo é assim? Ok, então bora aí… carrega”. Resguardado, Passos diz para consigo: ainda não estão preparados.

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A 10 de Março, dependentes e de barriga vazia pela penúria socialista a que se votaram, mas embriagados pelo bar aberto até às tantas, todos acabarão por passar um cheque em branco ao atrevido do seu agrado. A Democracia, que se diz implementada em Portugal, reduziu-se àquela regularidade onde um número significativo de ébrios com pouco discernimento sobre o rumo das coisas lá dá com a sua mesa de voto e coloca o boletim dentro da urna. Mas apesar dos estranhos critérios de decisão em vigor, engana-se quem pensa estes dependentes como uns completos inebriados. De todo. Não faltando por aí vozes avisadas, sempre que algum rasgo extemporâneo de lucidez endossa aos esclarecidos escrutínios sobre os incumbentes, estes dependentes têm provado ser casmurros na hora da aceitação das conclusões do serviço, impedindo que a voz da razão mude o sentido de voto. Assim, ignorantes e teimosos, acabam por votar de acordo com a conveniência dos 2 metros seguintes, esse máximo que a embriaguez vislumbra.

E é precisamente neste ponto que têm entrado os socialistas pós Soares. Incompetentes onde não o deveriam ser, e competentes onde não é necessário, muito sabidos e matreiros, e sem carácter algum, especializaram-se como ninguém na propaganda adequada para as cabecinhas com visão de 2 metros. Em 1995 apresentaram um dialogante depois de 10 anos de comando rígido. Em 2006 e 2009 apresentaram um animal feroz em tempos de loucura desenfreada. De 2015 até 2023, e após anos conturbados de intervenção externa, apresentaram um situacionista limitado aos jogos de equilíbrio e sem vontade e capacidade para mover uma palha que fosse. Mas em 2024, com o acordar da ressaca de muitas almas, e por começarem a ver o tapete fugir debaixo dos pés após tantos anos de incompetência acumulada, tratam de apresentar um teatral PNS que a custo tenta esconder a sua vasta impreparação e arrogância, os tais requisitos que o PS exige para liderar aquilo. O guião para estas eleições é claro. Obriga a trato delicodoce, ar solícito, tom submisso, e modo de absolvição, pois isto de não ter nada para apresentar para além do estrebuchar do Estado Social e perseguição à iniciativa privada impõe muita afabilidade na confrontação com as infinitas encrencas em que o PS dos últimos 30 anos enfiou Portugal, e que, quais pipocas, rebentam por todos os lados. Ficam também explicados os murmúrios que se ouvem no Rato, rezando-se para que a campanha passe o mais rápido possível.

E é assim que, guiados por quem melhor domina a arte da distribuição de amendoins, muitos dos dependentes deste país caminharão em penosa romaria na direcção da sua mesa de voto, e, com os seus 2 metros de visão, depositarão o papelinho com uma cruz naquele que os manterá previsíveis, dóceis, e com rédea posta.

Em criança, no Jardim Zoológico, lembro-me do regozijo que tinha em observar os macaquinhos na disputa dos amendoins sempre que os atirava para dentro da aldeia dos macacos. Jamais me passou pela cabeça que, em adulto, testemunhasse políticos que estabelecessem esse regime como fórmula de avaliação do seu sucesso na relação com os eleitores. E muito menos esperava ver adultos com idade bastante para ter juízo, experiência para não serem levados, e altruísmo para baterem o pé, recusarem o exercício da razão a troco de meia dúzia de alcagoitas. 40% de intenções de voto para o PS e restantes malucos? Bêbados!