Faz exatamente um ano que realizámos o primeiro evento público da Católica International Business Platform, e dois que iniciámos o nosso processo de escuta ativa junto de líderes empresariais de diferentes gerações, organizações com distintas dimensões, empresas presentes em vários pontos da cadeia de valor de cinco ou seis indústrias.
Foram dois anos a ouvir histórias de superação, muitas das vezes contadas na primeira pessoa.
Estivemos com empresários e empresárias que nos dizem: “tenho ambição para ir muito mais além, mas diz-me a minha intuição que já não basta fazer como fiz até hoje”.
Estivemos com empresários que têm estruturas organizativas bastante evoluídas, estão abertos a testar novas soluções para os constrangimentos de sempre, e deram-nos o seu voto de confiança para promovermos o raise the bar.
Estivemos com empresários que nos surpreenderam pelo seu engenho para o negócio e arte para gerir pessoas. Um em particular disse-nos que não tem problemas, só tem desafios. Que não toma decisões sozinho, é sempre em equipa. Que toma como certo que o futuro é, por demais, incerto. E por acreditar nesta máxima, contou-nos que arranjou dois cisnes negros para o jardim da empresa, para que a equipa nunca se esqueça da incerteza. Hoje já tem quarenta e dois cisnes negros no jardim, o que significa que o futuro é cada vez mais incerto e ainda estamos todos a aprender a viver nesse contexto.
Estes são empresários com ambição de crescer, que abraçam a mudança com determinação e resiliência, e rodeiam-se das competências que precisam, porque sabem que não são super-heróis.
Mas também falámos com empresários que dizem demasiadas vezes “o problema é que…”.
Têm ambição, mas acham que o melhor é esperar para ver no que é que “isto tudo vai dar”. A “culpa” está sempre presente, e é do sistema. Os subsídios nunca são suficientes e todos os acontecimentos servem de desculpa para não tomar decisões. O segredo é a alma do negócio, logo, são avessos a colaborar.
Estes são empresários que estão a definhar aos poucos, todos os dias um pouco mais.
Para eles, em particular, o momento presente é um verdadeiro toque de despertar para mudarem a sua forma de pensar e agir.
Desde 24 de Fevereiro, dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia, temos aplaudido o povo ucraniano de pé. Sabemos que estão a lutar por eles, e também estão a lutar por nós, pelos valores em que acreditamos, de liberdade e democracia.
Damos muita atenção ao que o Presidente Zelensky diz, mas também devemos ouvir os ucranianos.
Na televisão, já ouvi professores dizer que, mesmo em guerra, continuam a dar aulas on-line para assegurar alguma normalidade no dia-a-dia dos seus alunos, e esperança.
Já ouvi operários dizer que têm medo das bombas, mas continuam a ir trabalhar porque a economia não pode parar, e o esforço de cada um faz a diferença.
Já ouvi agricultores dizer que, na Ucrânia, ninguém pode passar fome.
Pensem bem! Se a sorte é dos audazes e dá muito trabalho, como vamos construir a nossa sorte?