Num país onde os desafios persistem e a inércia governamental parece ser a única constante, urge a necessidade de considerar uma abordagem alternativa, uma espécie de antídoto para a letargia administrativa que há muito nos assola.
Imaginemos uma realidade onde a descentralização não é uma utopia, mas sim uma prática efetiva. Em vez de um enredo de teias burocráticas, o país seria um terreno fértil para a autonomia, onde os indivíduos e as empresas prosperariam sem a sufocante intervenção estatal. Essa “utopia” administrativa, inspirada em nações mais desenvolvidas do que a nossa que já desfrutam dos benefícios da liberdade empreendedora, poderia ser a chave para liberar o verdadeiro potencial económico de Portugal.
Neste cenário mais competitivo, a inovação seria a moeda corrente. Portugal, em vez de se amarrar a estruturas arcaicas, veria um florescimento de ideias disruptivas e soluções vanguardistas. Imaginem um país que não se limita a sobreviver, mas prospera em setores como a tecnologia, sustentabilidade e a educação. A redução da carga fiscal para empresas inovadoras e flexibilização de processos de licenciamento, um mapa de parcerias público-privadas para investimentos em setores inovadores, como energia limpa e tecnologia, poderia posicionar o país, por exemplo, na vanguarda da revolução industrial verde, sem depender de subsídios governamentais. Comparado com nações que já abraçaram esta forma de estar, vemos que a busca por métodos mais ágeis e descomplicados pode ser a chave para transformar o país numa referência global em termos de competitividade económica.
Num quadro mais aberto a abordagens inovadoras, seria possível ter propostas para a área da saúde que visassem melhorar a eficiência e acessibilidade da prestação de serviços sem comprometer a qualidade dos mesmos. Isso incluiria incentivar a concorrência entre subsistemas de saúde, assegurar um nível elevado de literacia entre utentes para tomarem decisões informadas, assegurar uma articulação entre o setor público, social e privado com vista a assegurar a universalidade do acesso aos serviços de saúde, estabelecer parcerias estratégicas na construção e gestão de instalações de saúde, uma forte aposta em programas preventivos de saúde pública e flexibilizar regulamentações para facilitar o desenvolvimento do setor.
A responsabilidade fiscal, uma “utopia responsável”. Em oposição a extravagâncias orçamentais praticamente a fundo perdido, uma gestão financeira prudente garantiria que o país não estivesse recorrentemente à beira de um abismo económico. Imaginem um Portugal que aloca recursos de maneira inteligente, priorizando o desenvolvimento sustentável sem cair na armadilha do déficit descontrolado. Claro, é algo difícil de imaginar, mas não é exatamente isso que os países que prosperam já fazem?
Que tal a ideia de um país onde a educação não é apenas uma nota de rodapé, mas o epicentro de progresso? Em que o sistema educacional não seja uma estrutura estática, mas uma força dinâmica que capacita os indivíduos com as ferramentas necessárias para prosperar num mundo em constante mutação. Trocaríamos um ensino engessado, por um ambiente em que a liberdade académica e a diversidade de ideias seriam valorizadas. Uma utopia educacional na qual a autonomia das escolas e dos professores é respeitada, permitindo adaptações às necessidades específicas dos alunos. Essa visão, inspirada em práticas eficazes ao redor do mundo, não prepararia apenas os jovens para os desafios das próximas décadas, mas também criaria um ambiente educacional potencializador de mentes críticas. Na prática, reformar um sistema que deixaria de ser encarado como um lugar de passagem, para se transformar num catalisador para o desenvolvimento pessoal e coletivo da sociedade.
Portanto, num tom de ironia que destila mais do que um toque de sarcasmo, consideremos esta visão alternativa para Portugal. Uma visão em que a autonomia não é uma fantasia, mas uma realidade; a inovação não é uma palavra “da moda”, mas uma prática quotidiana; e a responsabilidade fiscal não é uma piada, mas um compromisso sério. Talvez seja hora de refletirmos de que forma queremos viver o futuro. Talvez seja hora de Portugal sair da plateia e subir ao palco, seguindo os passos de países onde esta visão alternativa se tornou um facto, não uma utopia.