O envolvimento dos jovens na vida das suas comunidades sempre foi essencial para a construção de comunidades mais ativas, dinâmicas, solidárias e conscientes.

Este nunca foi um trabalho fácil, mas sempre se alcançaram bons resultados. Portugal tem um histórico que nos deve orgulhar, em particular no envolvimento dos jovens em associações locais e grupos informais, que ao longo das últimas décadas foi, em algumas regiões, o principal e único responsável pela preservação das tradições, do desenvolvimento e da cultura.

Para este sucesso contribuiu não só o Estado central, que foi capaz de criar legislação adequada, como também as autarquias locais e a comunidade em geral, que se tornaram parceiros incondicionais das organizações juvenis.

Particularmente após a pandemia de COVID-19, observou-se que, embora não tenham perdido a vontade de intervir e agir, a sociedade em geral, e os jovens em particular, têm preferido uma abordagem mais digital em detrimento de uma presença física e ativa nas comunidades. Adotaram, assim, um espírito de intervenção que privilegia o digital. Paralelamente, mostram-se mais recetivos aos grandes temas globais, como as alterações climáticas, em detrimento das questões locais nas quais estão inseridos. Através das plataformas digitais, os jovens conseguem disseminar facilmente as suas ideias e intervenções em assuntos de escala global; contudo, a eficácia da intervenção local exige que a ação digital seja complementada com esforços de mobilização e trabalho direto nas suas próprias comunidades.

É neste contexto que se torna fundamental refletir sobre como o Estado e a sociedade podem atuar de modo a assegurar que os jovens continuem a ser os garantes do futuro, da dinâmica e da solidariedade nas nossas comunidades.

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A vertente cívica deve ser cada vez mais reforçada nas escolas, focando-se na transmissão de conhecimentos relacionados com os direitos e deveres e formas de intervenção nas localidades onde os jovens estão inseridos.

Deve também ser reforçada a criação de plataformas de empoderamento jovem, aprimorando as já existentes e desenvolvendo novos fóruns que permitam aos jovens uma participação mais ativa e efetiva na tomada de decisões.

As campanhas de sensibilização devem deixar de ser promovidas exclusivamente pelo Estado central, passando também a ser implementadas pelo poder local. Esta abordagem permitiria que as campanhas se centrassem em aspetos específicos de cada localidade, aumentando assim a sua relevância e eficácia.

Promover o diálogo intergeracional nas escolas, nas associações e na vida local é outro dos aspetos que não deve ser esquecido neste processo.

É verdade e natural que, enquanto jovens, refletimos muitas vezes sobre o que queremos ser e para onde desejamos ir. Contudo, mais cedo ou mais tarde, valorizamos o regresso às nossas origens, recordando e valorizando quem e o que lá deixámos, e, em muitos casos, optamos mesmo por voltar definitivamente. Por isso, é fundamental mantermo-nos ligados à nossa origem, pensando ativamente em como podemos contribuir para que as nossas raízes permaneçam vivas, dinâmicas e com futuro garantido.

A mudança sustentável das nossas comunidades começa com a capacidade de cada jovem se sentir não apenas parte dela, mas também um agente ativo. É certo e reconhecido que o digital oferece novas e melhores formas de comunicação, mas o verdadeiro impacto é sentido quando os jovens se envolvem diretamente nas realidades locais. É essencial que se continue a cultivar e valorizar esse envolvimento, garantindo que as futuras gerações possam beneficiar de uma sociedade mais ligada e ativa.