Na época dos Descobrimentos, Portugal e Holanda eram países concorrentes. Hoje Portugal tem mais do dobro do território da Holanda e a Holanda tem praticamente o dobro da população de Portugal. Além disso, a Holanda é um dos países mais ricos da União Europeia, sendo um país bastante atractivo não só para a emigração mais qualificada como sobretudo para os residentes mais qualificados.

E não é muito difícil perceber a razão. Enquanto a Holanda, com menos de metade do território de Portugal, ocupa e aproveita toda a extensão do seu território, os portugueses, residam eles onde residirem, continuam a comportar-se e a agir como se ainda vivessem no tempo dos Descobrimentos. O país continua a esvaziar-se para Lisboa: os mais qualificados e ambiciosos para embarcarem para as novas Índias e os restantes para ficarem a rondar a Corte à espera da chegada das especiarias, do ouro do Brasil e dos fundos comunitários para matar a fome.

O Alentejo, que é do tamanho da Holanda, representa quase metade do território nacional, mas não tem qualquer representatividade eleitoral, porque está completamente despovoado. E só não está ao abandono, porque está a ser vendido aos espanhóis, a retalho, que o exploram sem quaisquer contemplações.

Se, para o Governo de Lisboa, o Alentejo é para ser explorado pelos espanhóis e povoado por mão de obra escrava e pelas comunidades ciganas, as únicas capazes de fixar a sua população, é altura de os alentejanos ponderarem a criação de um movimento com vista à adesão do Alentejo à Extremadura espanhola.

Se o Alentejo está na mão dos agricultores espanhóis, é preferível ser governado pelo país da nacionalidade dos donos da terra, como é óbvio. Sendo certo que, se o Alentejo integrasse a Extremadura espanhola, não só esta se tornaria numa das maiores e mais ricas regiões de Espanha, tendo em conta a costa atlântica que o Alentejo lhe ofereceria, como o Alentejo seria rapidamente povoado, em virtude da atracção que o mar sempre exerce na fixação das populações.

Quem me conhece sabe que nunca gostei de Madrid, nem de Castela. No entanto, tenho de reconhecer, no final da minha vida, que ainda há uma coisa pior do que ser governado por Madrid: é ser governado por Lisboa.

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