Os primeiros debates televisivas entre dirigentes partidários com vista às eleições legislativas de 10 de Março a que tive oportunidade de assistir na SIC, RTP3 e CNN, no geral pouca luz e nada de novo trouxeram ao meu espírito. Pouco mais foram que um penoso espingardear de acusações mútuas e um pouco edificante exercício de passa-culpas de parte a parte. Nunca ninguém é culpado de coisa nenhuma neste país, do que quer que seja das malfeitorias que, por acção ou omissão, desde há cinquenta anos a esta parte têm vindo a ser perpetradas contra Portugal e os portugueses. Os culpados são sempre os outros, como se aquilo, aquela tagarelice de berros e acusações, não fosse senão um mero concurso de enganos, a ver qual dos contendores fazia mais promessas eleiçoeiras, falava mais alto e mais grosso e interrompia mais vezes o adversário. Tudo uma espécie de entretido falazar de café que se ia tornando desinteressante e cansativo à medida que os minutos se esgotavam, em vez de, como se esperaria e seria obrigação sua, apresentarem, com seriedade e ponderação aos portugueses, ideias claras do que vai na cabeça de cada um deles para o futuro do país.
Mas, se me esmoreceu a vontade de voltar a perder tempo a acompanhar os próximos ‘concursos’ de gritaria e berreiro, que não nos trazem nada de novo, o que de modo especial mais me irritou nesses confrontos de líderes partidários foram os comentários que imediatamente se seguiram de umas criaturinhas que se devem achar uns iluminados, talvez por obra e graça de um deus qualquer de um algum remoto olimpo, para nos virem dar lições de análise política e sentenciar logo ali, de acordo com o seu facciosismo político, quais foram os vencedores e os vencidos, os bons e os maus, os que devem continuar a ser levados nas palminhas e os que devem ser lançados borda fora. As avaliações, as análises, os polígrafos daquela gente, pelo seu descarado e vergonhoso enviesamento à esquerda, são de tal modo estapafúrdios, irracionais e tontos que não podem ser levados a sérios. Bem andou Rui Calafate, excepção à regra do mau e sectário comentário que se faz nas televisões, que, dirigindo-se aos companheiros de painel, advertiu: “Uma coisa é o comentariado e outra diferente é o julgamento de quem está lá em casa”. Boca santa. Na última eleição para a Câmara Municipal de Lisboa, como mero exemplo, uma coisa foram os rasgadíssimos elogios ao candidato Fernando Medina dos magotes de comentadores de esquerda que enxameiam as televisões, que o elegeram como o grande vencedor do debate, outra coisa foi a vitória sem espinhas de Carlos Moedas, nas urnas, com os eleitores, mais uma vez, a não se deixarem levar nas intrujices e cegueira partidária de vendedores de banha de cobra.
De facto, tudo isso que se seguiu aos debates, foi mau de mais para ser verdade. De bradar aos céus a total ausência de imparcialidade e de ética da maior parte de tais iluminados, desses magotes de comentadores e comentadoras, escolhidos a dedo em função da sua ideologia partidária, praticamente todos eles de esquerda, pois está claro, que é o que está na moda e se aprende nas novas madrassas do jornalismo, “partir os dentes e a espinha já não à reacção, (como ensinava Álvaro Cunhal e hordas de descerebrados gritavam e ameaçavam de punho brandido nas ruas de um país em pré-guerra civil, nos tempos de manicómio a céu aberto que se seguiram ao golpe militar do 25 de Abril), mas à direita e, por maioria de razões, à odiada “extrema-direita”; o proselitismo ideológico dessa gente não foi outra coisa senão um insulto à minha inteligência, à inteligência da generalidade dos telespectadores, e uma descarada indecência e falta de respeito pela verdade do que nos debates se tinha passado.
Aquelas pessoas ali alapadas nos púlpitos televisivos tinham entre si um pensamento comum: amesquinhar, denegrir, deitar a baixo o líder do Chega, e fizeram-no com acinte, como um bando de hienas esfaimadas por sangue, atiraram-se ao André Ventura como gato a bofe, com o propósito nítido de dar cabo dele, espatifa-lo, reduzi-lo à ínfima espécie, a coisa nenhuma.
O mesmo ódio, a mesma raiva, a mesma sanha de vingança foram destilados igualmente contra o partido de Ventura, o Chega, em todos os canais transmissores dos debates, RTP3, TVI Informação e CNN, todos eles mancomunados no mesmo desígnio, confabulados no mesmo propósito: dar porrada no Ventura e deitar por terra o Chega.
Cheguei a dar por mim a interrogar-me: decerto esta gente não viu os mesmos debates que eu vi? O que é que se passa, afinal? Será que eu perdi, instantaneamente, de um momento para o outro, as qualidades de discernimento, de observação e de análise? O que é que se está a passar comigo? Como é que esta gente pode ter a distinta lata de falar em acorrentar o Chega, por se tratar, dizem eles, de um partido de “extrema-direita”, ao mesmo tempo que andam com os notórios extremistas do BE e os irrefutáveis radicais do PCP ao colo? Coisa singular esta.
Mas depois, ao confrontar-me com os resultados de uma sondagem da Católica do dia 6, que estavam a passar na RTP3, dei um suspiro de alívio; afinal, não sou eu que estou maluco, e os resultados da sondagem mostravam à saciedade que a maioria dos portugueses tinham visto os mesmos debates que eu vira, e que quem estava errado não era eu, a evidência disso estava à vista. “Sondagem da Universidade Católica. Maioria vê com bom grado governo da AD apoiado por partidos à direita como melhor solução para o país”. Mais: 31 % dos sondados “disseram preferir um Governo que una a Aliança Democrática à restante direita. Os partidos mais referidos para esse apoio à AD são o Chega (com 16 % e a IL (14 %)”. Só quinze por cento dos entrevistados “preferem, por seu lado, um governo apoiado por PS e PSD, enquanto apenas 11 % acreditam no sucesso de um Governo de maioria absoluta liderado pelo PSD e apenas 8 % numa maioria absoluta do PS” (gato escaldado de água fria tem medo).
Ora aqui temos, a maioria dos portugueses quer um governo da AD de mãos dadas com os restantes partidos de direita, e, preferencialmente, com o Chega, sim, com o CHEGA. A maioria dos cidadãos eleitores não se deixa cair nessa esparrela inventada pela esquerda, com a cumplicidade da comunicação social e a chusma de comentadores arrivistas, de que o Chega é uma praga maligna, culpado de todos os males do país, a peste negra dos nossos dias, que tem de ser erradicado da política portuguesa, deitado aos bichos, proibido de se manifestar, posto entre barreiras sanitárias, trancado entre muros, é preciso gritar alto que é um partido fascista, xenófobo, racista, nacionalista, homofóbico e tudo o mais que não presta que se possa imaginar.
Ou seja: a maioria dos portugueses está-se marimbando para este tipo de manigâncias esquerdoides, o primeiro-manhoso não conseguiu o que pretendia, a sua jogada saiu furada, o povo esta cansado de ardis, de conversas da treta, de maquiavelices. O que o povo quer é pôr o pão na mesa, pagar a renda de casa ao fim do mês, ter segurança na saúde, na rua e na escola. O povo quer é políticos que governem, que ponham o país a crescer, que combata a sério o cancro da corrupção.
Ó senhores jornalistas e comentadores avençados, os portugueses estão-se nas tintas para as vossas “linhas vermelhas”, para o vosso truque do “papão do Chega”, para os vossos toques a rebate de que o Chega é um perigo para a democracia! Com quem os senhores se devem preocupar não é com o Chega, devem importar-se, isso sim, é com a extrema-esquerda, com o Bloco de Esquerda e com o PCP, partidos que aplaudem ditadores e regimes fascistas comunistas, que são totalmente contra a NATO e a integração de Portugal na UE, entre outros delírios antidemocráticos.
É sabido que as televisões já não são o que foram, o país empobreceu muito nestes últimos vinte e sete anos de governos socialistas e a ditadura da covid-19 deixou marcas indeléveis na economia do país e na vida das pessoas. As televisões estão asfixiadas em dívidas, com a corda da situação de falência na garganta. Também a restante comunicação social não se encontra em melhor situação financeira, com alguns grupos, como a global media, com sérias dificuldades de tesouraria.
Conhecedor da situação, António Costa, o manhoso e astuto primeiro-ministro, vendo nisso uma janela de oportunidade para domesticar a CS, tornando-a dócil e submissa à vara do seu mando, injectou nela uns quantos milhões de euros pretensamente para ajuda-la a sair do sufoco financeiro, e logo, salvo honrosas excepções que souberam resistir ao engodo e disseram não à ‘esmola’, televisões, jornais e rádios ficaram a partir daí reféns do governo socialista, que, contas feitas, outro remédio não tiveram que sujeitar-se ao servil beija-mão ao primeiro-ministro, deliciado no papel de benemérito benfeitor com os milhões dos nossos impostos, e ao exercício diário de bajulação ao ‘patrão’, tecendo-lhe loas e cantando-lhe hossanas.