Roger Schmidt chegou ao Benfica no dia 18 de maio de 2022 para assumir a função de treinador para a época de 2022/2023. Em dois anos, ganhou uma Liga portuguesa (ficou em segundo lugar no outro ano), uma Supertaça Cândido de Oliveira e garantiu a presença nos quartos de final da Liga Europa e na Liga dos Campeões. Serão estes feitos algo tão banal e medíocre para ser despedido e tão contestado?
Quando chegou ao clube encarnado, o Benfica nos últimos três anos não tinha ganho nada, tendo conseguido apenas ser vice-campeão na época 2019/2020.
Observamos rapidamente que nos últimos cinco anos, o Benfica apenas foi campeão uma vez, com Schmidt.
Qual o motivo então de tanto descontentamento com o treinador? Será o fraco futebol apresentado? Serão os milhões investidos? Será a comunicação com a imprensa?
Na época passada, o futebol apresentado pelo Benfica encantou a Europa. Desde a imprensa portuguesa à inglesa, muitos eram os jornais que afirmavam que o Benfica apresentava um dos melhores estilos de jogo da Europa. Na Liga dos Campeões conseguiram o feito de ficar em primeiro no grupo da morte batendo-se de frente contra a Juventus e o PSG. No campeonato foi o justo vencedor não perdendo um clássico contra os rivais diretos. Neste ano, na Liga dos Campeões foi eliminado logo na fase de grupos e chegou aos quartos de final onde saiu derrotado pelo Marselha nas grandes penalidades.
Em resultados meramente desportivos, desde que Roger Schmidt chegou a Portugal tem o somatório classificativo de um 1.º e um 2.º lugar, ficando à frente de Ruben Amorim que obteve um 4.º e um 1.º lugar. Já no Norte, Sérgio Conceição teve um 2.º e um 3.º ou 4º lugar. Na Europa os resultados foram semelhantes, com os quartos de final da Liga dos Campeões e da Liga Europa a baterem-se contra os “oitavos” e “quartos” da Liga Europa do Sporting e os dois “oitavos” da Champions do FC Porto.
Observando estes dados, para metermos em causa o desempenho de Roger Schmidt, temos também de acrescentar Amorim e Conceição à conversa.
Contudo, este ano tudo é motivo de desagrado e uma das principais queixas são em relação às substituições tardias, ou até há falta delas. Será verdade ou mais uma vez, a comunicação social tenta distorcer os factos? De acordo com o Trasnfermarket (um site totalmente imparcial de apenas estatísticas) o treinador alemão realizou 147 substituições contra as 151 de Amorim e as 154 de Conceição. Acredito que neste parâmetro não haja uma grande diferença entre os treinadores. Mas talvez o motivo de crítica seja a eficácia das mesmas. Só que acontece exatamente o oposto. Em relação aos golos marcados pelos jogadores que entram, o conjunto encarnado conta com 22 golos contra os 19 de Amorim e os 17 de Conceição. Infelizmente para a comunicação social e críticos que alimentam as críticas ao treinador alemão, a matemática diz que Roger é o “mestre das trocas”.
A comunicação social também faz a alusão e destaca diversas vezes ao investimento de mais de 100 milhões do clube da Luz. Contudo, acredito que para avaliarmos um orçamento não podemos observar a metade que mais nos agrada. Observando que o Benfica gastou 108 milhões e o Sporting 61,45 milhões é claro que (parece) que o Benfica fez um investimento muito superior ao seu rival da segunda circular. Mas para ver resultados financeiros, temos de observar juntamente com as entradas, as saídas também. Desde que o alemão chegou ao Benfica gastou cerca de 211 milhões e ganhou com as saídas cerca de 384 milhões, destacando a venda de Enzo. O Sporting por sua vez, nos últimos dois anos gastou 114 milhões (um pouco mais que metade do Benfica) milhões e ganhou cerca de 255 milhões. Observando o lucro de cada clube, o Benfica obteve cerca de 173 milhões de euros de lucro e o Sporting 141. Se acrescentássemos ainda as receitas provenientes das competições europeias, o clube encarando ainda teria uma maior diferença.
A verdade, por mais difícil que possa parecer, é que Roger Schmidt e o clube encarnado, não estão perante um abismo, e sim, uma época menos boa. Também é importante frisar a que o Sporting pode chegar à marca de 90 pontos, algo que merece os parabéns e relevo. Que grande época para o clube de Alvalade! Já para o Porto e Sérgio Conceição as coisas correram pior. A única salvação poderá ser a Taça de Portugal.
Para finalizar acredito que os três grandes do futebol português estão com bons treinadores. Todos já mostraram que têm competência e qualidade. Acho bastante importante a estabilidade de um treinador, tal como acontece nas melhores equipas e geralmente não acontece nas piores. Na época passada, o Real Madrid, com Carlo Ancelotti, não ganhou nada relativamente implorante. Já este ano, ganhou a Liga e está na final da liga dos Campeões. É preciso, no meu ver, dar tempo ao tempo e não tomar decisões apenas por uma época menos boa.