“Não, não pode”
(frase viral nas redes sociais)

A frase acima foi partilhada até à exaustão pelas redes sociais, como crítica a Aguiar Branco.

Quer isso dizer que muita gente se irritou com o entendimento do Presidente da Assembleia da República sobre a função que desempenha e pela defesa da Liberdade de Expressão?

Será porque para muita gente Liberdade é algo exclusivo do dia 25 de Abril, que deixa de fazer sentido às 00h00 do dia 26?

Ou porque racismo é crime (pensam erradamente, o que é crime é a incitação ou a discriminação por motivos, entre vários outros, raciais) e porque a frase de Ventura foi por isso criminosa (não foi, foi deselegante mas nada teve de criminosa, e mesmo que sim, há tribunais para decidir sobre isso para todos nós, porque para deputados nem isso já que lhes é conferida imunidade precisamente para terem liberdade democrática)?

Não, o mal não está no entendimento de Aguiar Branco – aliás defendido por gente sensata mesmo à esquerda do espectro político, casos de Sérgio Sousa Pinto, Ascenso Simões ou Jorge Lacão… Já à direita, coitado de Sebastião Bugalho que não o soube fazer porque, tal como quanto ao número de Quinas, até que a Liberdade de Expressão é um direito humano parece desconhecer… Também não está na liberdade, ou lembrar-se-iam de Francisco Louçã a responder a José Sócrates que o Bloco de Esquerda defenderia sempre o direito a deputados dizerem tudo o que queriam dizer. Nem sequer está na tirada de Ventura para com os turcos, que se denegria alguém era o povo português, que se instigava a algo, era instigação ao governo para ser ágil a fazer obra – o novo aeroporto – como os turcos mandriões haviam sido.

Então o que levou a esta, como Ventura lhe chamou, tempestade?

Ventura é pai do partido Chega. A criança tem crescido a olhos vistos, porque tem sido bem alimentada – pelo mediatismo que procura com estas guerrinhas, já que Ventura sabe bem que não há má publicidade.

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Não há mesmo. Um bom exemplo? A Tesla há uns anos apresentou o seu SUV, ainda protótipo, num vídeo da fase de testes e onde afirmava que o vidro era inquebrável. Ora no vídeo o vidro inquebrável… quebrou-se. Propositado, claro – tanto quanto a tirada de Ventura. A reação foi a esperada: uma quantidade incrível de pessoas cuja quantidade de neurónios parece ser inversamente proporcional ao ódio que carregam partilhou o vídeo com o objetivo de atacar a Tesla e/ou Musk. Saiu-lhes o tiro pela culatra: pensavam que estavam a atacar quando na verdade estavam a promover – e de borla – já que o resultado foram centenas de milhares de encomendas de um carro que ainda nem sequer estava à venda.

Se Ventura foi o pai criador do Chega, a esquerda, com o PS à cabeça, tem sido a mãe que o alimenta e faz crescer – ajudada ou incentivada por muitas amas na comunicação social.

Todos devíamos ter aprendido isto desde pequenos, na escola, na primeira convivência com os outros: os miúdos podem ser muito mauzinhos e gozar uns com os outros. O que se lhes ensina? A não ligar, a ignorar. Porque quanto mais cartão se lhes passa, maior e mais insistente a provocação. Ventura vem deste ambiente infantil das picardias – os debates de futebol na tv… Provoca propositadamente. E sabe que a reação histérica alimenta a criança…

Tem, contudo, visto a vida a andar para trás nos últimos tempos: primeiro com Montenegro que o soube ignorar na campanha eleitoral última. Resultado? O crescimento galopante nas sondagens, a partir daí estagnou. Agora com Aguiar Branco que perante a palhaçada, ignorou para não o promover, ao contrário do seu antecessor Santos Silva, que tanto o beneficiava tal como os odiosos da Tesla a beneficiaram.

O caminho era este – bastava aliás olhar ao que foi a reação do embaixador turco. Só que não. De um copo de água o PS quis fazer a tempestade. Continua a não perceber ou pior a não querer perceber que as suas reações às parvoíces de Ventura são ainda mais parvas. Continua a não perceber que tem sido a mãe que alimenta o Chega e, consciente ou inconscientemente não quer deixar de o fazer. Com Costa e Santos Silva foi mesmo de forma consciente, para proveito próprio (crescia o Chega, diminuía o PSD), agora duvido que haja sequer perspicácia para isso, será mesmo instinto… Instinto maternal!