A Comunidade Intermunicipal do Douro compreende um hiato territorial disperso em 19 municípios, pertencentes a 4 distritos (Bragança, Guarda, Vila Real e Viseu). Todas as localidades que aqui se abrangem encontram-se localizadas no interior do país, como facilmente se depreende.

É do conhecimento generalizado que o despovoamento afeta severamente as aldeias, vilas e cidades durienses. Sabendo-se igualmente que tal se justifica pela ausência de oportunidades de trabalho, principalmente na vertente qualificada.

Diagnosticado o problema, resta enquadrar a solução de forma a que se mostre possível travar as saídas dos habitantes do douro – principalmente dos mais jovens – ou, idealmente, fazer regressar aqueles que anseiam por uma chance de voltar.

Perante as  circunstâncias explanadas, brevemente se deduz que a fórmula passa – gradualmente – pela criação de emprego, favorecendo o retorno ou a fixação, incentivando o investimento e fomentando o desenvolvimento.

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O gerar de postos de trabalho qualificados não é, de todo, uma tarefa longínqua e ficcional. Existem em território do Douro empresas consolidadas, presentes no mercado e especializadas nas mais diversas áreas, diferenciando-se das de outras realidades somente numa questão de número de recursos humanos, fundamentada num menor volume de negócios.

Apenas reconhecendo o valor das empresas do interior é que podemos consumar uma evolução das supra referidas. Acontece que, na análise aos fluxos das transações comerciais, é bem mais simples detetar a existência de uma empresa sediada no litoral com área de atuação nos contrastantes territórios do que, por exemplo, uma empresa transmontana a operar na extensão nacional deste jardim à beira mar plantado.

Parece que existe uma credibilidade extra no que respeita ao trabalho executado por entidades fora desta reduzida província, ainda que – na maioria das vezes e salvo raras exceções – o vizinho execute o mesmo serviço ou forneça idêntico produto.

Face a este paradigma, as entidades públicas podem servir de exemplo ao setor privado, principalmente se terminarem a lucrar com a hipótese. O desenvolvimento de uma central de compras por parte da Cim Douro – em estreita colaboração com os 19 municípios que alberga – permitindo a limitação da concorrência e vinculando as aquisições a fornecedores durienses, certamente beneficiava as empresas sediadas no território.

Não bastante as vantagens às empresas locais, a hipotética centralização das compras públicas durienses mostrar-se-ia capaz de proporcionar a racionalização da despesa pública e simplificar a respetiva fiscalização.

Para que melhor se entenda, colocando em acordo-quadro certo serviço ou produto, qualquer uma das 19 entidades adjudicantes – autarquias da CIM – teria de encontrar o fornecedor dentro das empresas afetas à central de compras, todas elas sediadas no território em crise.

Deste modo valorizar-se-ia os empresários locais, concedendo-lhes condições para a criação de mais postos de trabalho, o que evita a necessidade do êxodo rural e fomenta a economia regional.

Ao contrário do que se julga, o poder local possui desígnios e horizontes que se estendem além de arruamentos, rotundas e inaugurações. Também de jeito antagónico àquilo que é prática, devem as entidades atribuir primordial caracter à satisfação daqueles que são os interesses dos seus habitantes.

As pessoas são – na generalidade – pouco recetivas à mudança e ao incerto. Ou seja, uma vez estabelecidas noutro lugar, dificilmente almejem por mudar, condição reveladora do carácter emergente que merece a problemática.

A mera resignação perante uma conjetura que apelidam de natural espelha a ausência de ideias e ação na governação dos representantes territoriais. Necessitamos de maior acolhimento a pensamentos distintos e de superlativo grau de coragem para implementar medidas concretizadoras.