O sistema de círculos uninominais é o melhor sistema eleitoral do mundo, incluindo todos os outros; desencoraja a escolha política de bens maiores, e estimula a escolha de bens menores; a durabilidade e a liberdade dos costumes políticos das comunidades dependem disso.   O sistema traduz uma verdade profunda segundo a qual ter uma coisa que queremos menos é melhor que não ter uma coisa que queremos mais.

O princípio da proporcionalidade é o grande adversário deste sistema.  Sugere que tudo o que qualquer pessoa queira muito deve ser considerado.   Este princípio tem um entendimento primitivo da noção de querer uma coisa.  Os seus adeptos acreditam que quem quer muito uma coisa nunca está disposto a abdicar daquilo que quer em favor de uma coisa com que não se importa ou quer menos, se achar que há um número suficiente de pessoas que também a queiram; e acreditam que, embora nenhuma vontade tenha de ser satisfeita, nenhuma vontade intensa deve ser contrariada.  O princípio da proporcionalidade não descreve bem como se querem as coisas que são decididas periodicamente por grupos grandes de pessoas; não descreve bem a democracia.

Votar não é uma questão de exprimir vontades, mas de escolher; implica um cálculo sobre o que os outros estão a pensar e a consideração de que quem vota como eu pode não concordar comigo. Esse cálculo pode aconselhar a que se prefira a escolha que imaginamos repugnar menos a outros, se não nos repugnar muito a nós.  Decidir uma coisa que depende de mais gente parece-se com conversações sobre um governo de coligação.  Nos sistemas proporcionais essas conversações ocorrem depois do voto, e quem votou não participa nelas.   Nos sistemas uninominais as conversações ocorrem a quem vota, antes de votar.

O sistema de círculos uninominais foi criticado por negligenciar as escolhas das minorias.  No entanto, esta crítica não considera os efeitos que o sistema uninominal tem sobre as coisas que os candidatos e os partidos nele propõem.  Num sistema uninominal os programas e os candidatos tendem a ter mais em conta que aqueles que votarão neles o podem fazer não porque concordem com tudo o que dizem, mas porque se importam menos com coisas que dizem, ou até porque não se importam muito com nenhuma coisa: são sempre programas para confederações de minorias.

Os programas dos principais partidos e candidatos nos sistemas uninominais não incluem geralmente aquilo em que se acha que todas as pessoas que votam neles devem acreditar, mas uma variedade desordenada de coisas que alguns dos seus votantes preferirão, e que se espera que não repugnem muito a outros votantes. A referência a bens maiores ou convicções caracteriza quase todos os programas políticos vácuos e todos os programas políticos repugnantes.  A democracia é o melhor modo de organizar escolhas periódicas de bens menores que não repugnam às maiorias; e essas escolhas são encorajadas por sistemas uninominais.

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