Se você tem uns quilos a mais para perder, o conselho que eu lhe dou é: se é para cometer excessos, que seja no Natal.

Dado que um dos simbolismos da ceia de Natal é celebrar a união familiar e a abundância, não faz sentido estar a escrever um artigo a aconselhar que não se coma em exagero no Natal. Apesar de que, dada a situação que vivemos atualmente, nomeadamente com o aumento dos preços e as alterações climáticas, tudo o que não deveríamos estar a fazer nos dias de hoje é cometer excessos, mas isto é um assunto para outro artigo. Analisando a situação do ponto de vista que envolve apenas o contexto dos quilos a mais, aproveite este dia para comer sem culpa.

Isso porque, num dia em que se tem comida à vontade na mesa e o convívio com família e amigos – dois fatores perfeitos para passar dos limites – estar a pedir para você controlar a quantidade de comida que ingere seria um caso sério de wishful thinking da minha parte.

A única sugestão que eu deixo para si é: tenha consciência.Cometa os excessos, mas cometa-os com plena consciência do que está a fazer e das suas implicações. Quando você sentir dores estomacais, inchaço, refluxo, azia, náusea e as calças apertadas, que tenha plena consciência de que isso foi devido aos excessos.

É importante que tenha consciência de que esta forma de se alimentar é a exceção e não a regra.

Eu poderia estar aqui a dizer para começar a refeição com sopa, certificar-se de ingerir proteína e vegetais no prato principal e comer fruta como sobremesa, ou preparar uma sobremesa sem glúten, sem açúcar e sem sabor – para conseguir comer alguma coisa “doce” neste dia – enquanto se tortura a ver os outros a comer uma sobremesa como deve ser.

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O que interessa é o modo de como nos alimentamos na maior parte do ano. O que se faz nos outros 290 dias, aproximadamente 80% do ano, já deduzindo a Páscoa, férias, aniversários e outras datas comemorativas que possam levar ao excesso, é o que vai fazer a diferença no final das contas.

Eu realmente acredito que é importante cometermos essas pequenas “infrações” durante o ano, pois sem elas fica muito difícil comprometer-se a comer de forma equilibrada a longo prazo e ter uma relação saudável com a comida.

Por fim, peço que tenha consciência que, se permitiu a si própria/o comer em excesso, não perca tempo a sentir-se culpada/o no dia seguinte. Encare as consequências das suas escolhas. Saiba que o que você faz no presente terá implicações no seu futuro. Na próxima vez, garanto que pensará melhor antes de agir.

A partir do momento em que não precisar de ler artigos como este e não sentir a necessidade de se empanturrar como se não houvesse amanhã, e começar a valorizar mais não se sentir mal disposto após uma refeição, não ter que se preocupar em fazer dieta durante o ano, estar satisfeita/o com o seu corpo e conseguir colocar uma roupa sem ela ficar a apertar, pode ter certeza de que chegou num ponto em que você colocou como prioridade máxima a sua saúde e autoestima.