No seu discurso de 2022 sobre o Estado da União, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, proclamou 2023 o “Ano Europeu das Competências”, dando a máxima prioridade ao desenvolvimento das competências dos cidadãos europeus. Segundo a instituição, mais de três quartos das empresas da União Europeia referem ter dificuldade em encontrar colaboradores com as qualificações necessárias, principalmente na área da tecnologia. Sendo esta uma realidade que deve merecer um olhar atento dos estados-membros, é, por outro lado, a confirmação de que existe um contexto favorável para a criação de novas oportunidades para melhorar as competências digitais dos cidadãos e de reforço do investimento previsto em educação e requalificação.

A transição digital, acelerada pela pandemia e pela larga adesão ao teletrabalho e a modelos de trabalho híbridos, é uma oportunidade única para incrementar a competitividade das empresas e um contributo para a retoma económica no espaço comunitário. Cada vez mais surge como uma realidade clara que os cidadãos precisam de ter os conhecimentos necessários não só para garantir que acompanham a evolução tecnológica dos processos do dia a dia, que exige que as pessoas tenham capacidade de avaliar a informação e se proteger de ameaças na rede, como fraudes, como também para conseguirem superar as mudanças que ocorrem no mercado de trabalho. Parece ser cada vez mais evidente que ter qualificações digitais é um passo natural e diferenciador que as empresas procuram e, simultaneamente, é um contributo para o crescimento sustentável e mais inovação no meio profissional.

Apesar de existir vontade e boas intenções relativamente à importância da qualificação dos colaboradores – termos como upskilling e reskilling são cada vez mais referidos nos diferentes fóruns –, a realidade mostra-nos que existe ainda um caminho a percorrer. Dados mais recentes da Eurostat sugerem que apenas 37% dos adultos recebem formação numa base regular. Claramente, há uma oportunidade para apostar na formação ao longo da vida e incentivar os cidadãos a investirem na sua requalificação. É essencial criar condições e ferramentas que permitam às pessoas adquirirem novas aptidões que complementem o seu trabalho e ajudem a diminuir as desigualdades digitais que ainda prevalecem, nomeadamente no nosso país. É um caminho que exige vontade e impulso, mas já todos presenciámos, durante as contingências da pandemia, que a formação online é um caminho possível e mais ágil para concretizar este objetivo. Não só é possível aprender de forma remota, como o crescimento da oferta de formação veio dar uma maior flexibilidade às pessoas para garantir o reforço das suas capacidades e uma solução para o problema da falta de competências no mercado de trabalho.

A oferta formativa na área das competências digitais tem vindo a crescer e existem diferentes soluções e opções ao dispor dos interessados. Seja em formato híbrido ou remoto (como por exemplo os MOOC – Massive Open Online Courses), está à distância de um clique saber mais para atuar melhor na área digital. O exercício pleno da cidadania passa, cada vez mais, pelo reforço da literacia digital para tornar possível o domínio de competências digitais em áreas distintas como a comunicação, gestão de informação, criação de conteúdos, proteção digital e identificação de soluções. Num mundo cada vez digital, em que rotinas do nosso dia-a-dia passam pela utilização de dispositivos eletrónicos e plataformas online, saber potenciar oportunidades e evitar riscos em ambiente digital é um passo natural no percurso profissional e pessoal de qualquer indivíduo.

As áreas de E-commerce, marketing digital, gestão de redes sociais e cibersegurança são apenas alguns exemplos de áreas onde as competências digitais necessitam de uma forte aposta para dar um novo rumo profissional, para iniciar um novo negócio ou para dar um impulso a uma reconfiguração empresarial. São a demonstração de que a aposta na formação em competências digitais pode fazer a diferença positiva, hoje e no futuro. Esta é uma oportunidade que está nas mãos das empresas, das instituições ligadas ao conhecimento e formação e dos inovadores que, juntas, podem contribuir para o desenvolvimento do talento do nosso país.

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