A evolução tecnológica está em todo o lado, e nas mais variadas atividades do nosso dia a dia podemos percecionar a forma como essa transformação tem contribuído para melhorar e facilitar determinadas tarefas, e trazido tantas novas oportunidades para as empresas e para a sociedade no geral. As casas, as cidades, as empresas, a indústria, a saúde e a mobilidade, todas estas áreas se têm tornado cada vez mais inteligentes graças à inovação tecnológica, à existência de uma tecnologia que deve ser criada e desenvolvida de pessoas para pessoas.

Um dos setores que desde sempre tem prosperado com a inovação da tecnologia é a indústria automóvel, e a realidade é que está à beira de viver uma das maiores transformações de sempre: os carros autónomos. Sim, a condução autónoma é uma realidade, cada vez mais sólida, e fazer parte desse marco histórico é absolutamente extraordinário.

Nos últimos anos este tema de automatização da condução tem sido amplamente discutido e desenvolvido entre indústria e academia. Hoje, nas estradas europeias, já circulam carros que apresentam um nível 3 de condução autónoma, o que significa que operam por si, ou seja, o automóvel assume as tarefas de condução dentro de certas situações, e os condutores apenas fazem uma monitorização relaxada, assumindo o controlo em cenários transitórios. No entanto, uma condução autónoma pressupõe a não intervenção de condutores, e esta vai muito além da operação do carro em si.

O caminho é feito passo a passo, e os desafios para quem está a trabalhar no futuro da condução inteligente são diversos, e vão desde a criação do carro, que sente e identifica o meio envolvente independentemente das condições atmosféricas, até à infraestrutura de comunicação. A autonomia e a inteligência associada à condução autónoma vai muito para além do que está em cada veículo e implica toda uma infraestrutura de comunicação que tem de falar a mesma língua. O carro autónomo é capaz de reconhecer o meio em que está e os objetos em seu redor, recorrendo à interpretação de todos os dados dos sensores que possui. Contudo, para executar tarefas de condução precisa de criar uma fusão de informação que vem do carro, no momento em que está a operar, com os dados pré-existentes (mapas) e ainda comunicar, gerir e interpretar a informação que emite e recebe de outros veículos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para além da comunicação e do carro em si, a condução autónoma enfrenta muitos outros desafios, sendo que podemos já identificar dois como sendo dos mais complexos: um mais do âmbito político, relacionado com a legislação da operação desta tecnologia no dia-a-dia, e o outro de nível técnico e que está relacionado com a cibersegurança. Para qualquer um deles ainda há um longo caminho a percorrer até chegar à forma ideal que permita a utilização completa do sistema autónomo.

Também nós, atuais condutores e futuros utilizadores desta tecnologia, somos por si só um desafio. Nos dias de hoje, a nossa condução passa por uma interação social onde cada um dos condutores assume a responsabilidade de segurança e controlo. Numa situação de condução autónoma o nosso sentido de controlo muda, passamos de agentes ativos a agentes passivos e será o nosso veículo que irá ver, decidir e comunicar por nós. Parece-lhe estranho e distante? A nível de desenvolvimento tecnológico a garantia é que o futuro está já ali.

A condução autónoma é talvez um dos mais estimulantes desafios à nossa imaginação, mas não ignoraremos o facto de que os veículos autónomos vão fazer parte da nossa vida. Apesar de todos os desafios, de questões éticas e de responsabilidade a vários níveis, um mundo onde a condução é feita à custa de um robot programado (carro autónomo) que comunica e navega por si só, está cada vez mais perto de acontecer, permitindo uma revolução tecnológica e empresarial, de forma a melhorar a todos, e para todos, a nossa qualidade de vida.

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.