Em toda a Europa, mais de cinco mil instituições de ensino superior estão na linha da frente dos esforços para melhorar o nosso mundo, seja com êxitos de alto nível, como a investigação de vanguarda sobre a COVID-19, seja com êxitos mais pessoais, como um aluno «adulto» (Giuseppe Paternò, da Sicília) se ter licenciado este ano aos 96 anos de idade.

O ensino superior transforma vidas, mas deve também transformar-se e, assim, continuar a dar o seu contributo para a construção de um futuro melhor para a Europa.

Para dar início a esta transformação, vamos lançar um processo de consulta sobre uma Agenda para a Transformação do Ensino Superior na Cimeira Europeia da Educação. Trata-se de uma consulta pública em linha que arranca já no início de 2021, complementada por vários meses de consultas específicas às comunidades do ensino superior e da investigação. Este processo contará com a participação plena dos estudantes. 2020 não foi um ano normal para estudantes e instituições de ensino superior que não tiveram outra alternativa a não ser transformar-se: o impacto da crise da COVID-19 levou a que, quase da noite para o dia, as universidades de toda a Europa tivessem de mudar para o ensino em linha. Assistimos a uma grande determinação de todas as partes envolvidas para que tudo funcionasse bem: estudantes, investigadores, professores e administradores.

Assistimos também a dificuldades. A crise expôs as desigualdades que existem nas nossas sociedades e, em particular, a divisão digital. Muitos estudantes mais desfavorecidos não tiveram o apoio de que necessitavam e muitas pessoas que dependiam economicamente de um trabalho para pagar os seus estudos perderam-no. Os professores também se depararam com dificuldades, já que muitos passaram a dar aulas em linha sem terem a preparação e a formação adequadas. No início da crise, muitas instituições de ensino superior não dispunham de infraestruturas ou capacidades adequadas para transitarem para o ensino em linha.

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A transformação do setor do ensino superior foi, de facto, acelerada pela pandemia de COVID-19 e, agora, pode manter o ritmo. O setor precisa de atrair e apoiar uma população estudantil mais diversificada. Tem de proporcionar uma aprendizagem mais flexível e centrada no estudante, incluindo a aprendizagem em linha. Deve incluir a aprendizagem interdisciplinar e a aprendizagem baseada em problemas para se centrar nos desafios do mundo real, bem como uma maior cooperação e concorrência internacionais, conducentes a uma maior mobilidade.

Haverá também uma transformação no setor da investigação e inovação no ensino superior, tornando as carreiras de investigação mais atrativas e assegurando a igualdade de oportunidades; reforçando a cooperação com outros setores locais; e reforçando a transferência de conhecimentos.

Para acelerar a transformação do ensino superior, a Europa está a mobilizar os seus conhecimentos coletivos. No outono, a Comissão adotou uma série de propostas que têm o conhecimento como tema principal. No quadro da criação do Espaço Europeu da Educação até 2025, garantiremos uma educação inclusiva, de elevada qualidade e acessível a todos, trabalhando simultaneamente no sentido de uma transição bem-sucedida para uma economia verde e digital. O Plano de Ação para a Educação Digital apoiará a utilização da tecnologia na educação e o desenvolvimento de competências digitais. O Espaço Europeu da Investigação permitirá à Europa alcançar os seus ambiciosos objetivos em matéria de investigação e inovação através da cooperação transfronteiras.

Ao longo do próximo ano trabalharemos com as comunidades do ensino superior e investigação para criar em conjunto uma Agenda para a Transformação do Ensino Superior. O nosso objetivo é dotar o setor do ensino superior dos meios necessários para enfrentar os desafios e as oportunidades do futuro, adotando uma abordagem que englobe a educação, a investigação, a inovação e os serviços à sociedade, respeitando ao mesmo tempo a diversidade do setor. Com base nas consultas realizadas até à data, prevemos que a agenda se centre no reforço da inclusão e da excelência, na transição digital e ecológica, na cooperação, na inovação e na competitividade internacional.

Para desenvolver esta agenda, iremos inspirar-nos nas 41 Universidades Europeias e nas mais de 280 instituições de ensino superior apoiadas por fundos europeus para a educação e a investigação. Está a acontecer uma revolução do ensino superior e da investigação.

Ontem, já estive em diálogo com os portugueses no webinar Europa Digital: apostar na década da educação digitalincluído no Ciclo de debates #Europa2021, organizados pela Comissão Europeia em Portugal e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros na preparação da Presidência Portuguesa. Podem rever aqui a conversa que é para continuar.

A consulta pública sobre a Agenda para a Transformação do Ensino Superior que agora lançamos estará aberta a todos. Descrevi algumas das mudanças que acreditamos serem necessárias, mas convido todos os interessados a dar a sua opinião sobre o futuro do setor. Aguardo com expectativa a oportunidade de dialogar com cidadãos de toda a Europa ao longo do próximo ano, no âmbito do processo de transformação do ensino superior.