Há muito tempo que venho dizendo que foi retirada autoridade e dignidade aos professores e agora deparamo-nos com um gravíssimo problema de falta de professores e de enorme desmotivação dos que ainda resistem em permanecer na carreira docente.

Inquieta-me a passividade com que os portugueses têm encarado este problema e repugna-me a irresponsabilidade do Estado perante um dos pilares fundamentais da nossa sociedade.

Os portugueses têm consciência que há milhares de alunos sem professores durante todo o ano letivo?

Os portugueses têm consciência que o governo está a colocar pessoas a dar aulas que não são professores?

Os portugueses têm consciência que na maioria das escolas as turmas são enormes, já existem turmas mistas a lecionar mais do que um ano, faltam professores de Apoio Educativo, professores de Educação Especial, funcionários, psicólogos, terapeutas, … o que faz com que os nossos filhos não tenham todas as ajudas que o governo deveria proporcionar?

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Os portugueses têm consciência que hoje um professor está sujeito a ameaças e até agressões de alunos e encarregados de educação, sem que nada seja feito pela defesa da sua integridade e dignidade?

Como motivamos os nossos filhos a serem responsáveis e trabalhadores quando eles veem que não existe exigência na escola pública, porque é imposto aos professores que todos passem de ano, mesmo aqueles que não adquiriram os conhecimentos propostos.

O método de avaliação dos professores também é injusto e desmotivador, mas no sentido oposto ao dos alunos, muitas vezes levam um suficiente porque mesmo que mereçam melhor, a escola não pode dar um muito bom.

Lembremo-nos da instabilidade que todos os anos assombra milhares de professores por não saberem onde ficam colocados, se têm horário completo ou sequer se ficam colocados, sendo uma das principais causas de abandono da profissão, pois quem quiser garantir colocação terá de se sujeitar a ficar longe de casa sem qualquer apoio financeiro, deixando o que recebem do parco salário em alojamento e viagens.

A dificuldade na progressão de carreira dos professores, os salários baixos e a instabilidade profissional, aliados à falta de autoridade e de motivação, só podem terminar num desastre para a nossa sociedade que urge evitar, para isso impõem-se medidas urgentes para salvar a escola publica e devolver-lhe a exigência e disciplina que deve ter, assim como prestar todo o apoio aos nossos filhos com profissionais especializados e motivados nas diversas áreas.

Um País que não aposta verdadeiramente na educação não tem futuro.