O PS é o partido dos atalhos, dos caminhos fáceis. Não sabe resolver problemas sistemáticos. Não sabe reformar. Mas mesmo que soubesse, não quer. A sua estrutura ideológica evoluiu de mal para pior: começou com Marx (que idealizou um socialismo como antecâmara do comunismo, com destaque para a apropriação coletiva dos meios de produção) e hoje não é mais do que uma representação maquiavelista. Pela virtù, este PS faz o que tiver de fazer para se manter no poder e orienta para este fim toda a sua ação política. Governa ao sabor dos acontecimentos e das circunstâncias, reagindo, não agindo, tendo sempre como fim último a sua permanência no poder. Não antecipa nem promove alterações de realidades. Resigna-se ao que vai acontecendo e pratica uma política reativa, orientada apenas e só pela sede de se manter ao leme de um barco sem rumo. Neste sentido, é até o mais conservador de todos os partidos. Conservador de poder. O PS nada mais quer ou ambiciona do que manter-se no poder. E todos nós sofremos com isso. Como dizia Maquiavel, “a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela”.

Assim, não reforma, não realiza, não antecipa, não reconhece… vai só reagindo à fortuna que não controla, nem procura controlar.

Alternativas? Um governo com capacidade reformista e que comece por fazer o que o PS nunca fez: identificar os problemas de Portugal. Quem não sabe ou não quer identificar os problemas, nunca irá encontrar as soluções.

Está tudo mal quando é do orçamento que esperamos a mudança. Baixar impostos baixos sobre rendimentos baixos? Só reduz receita fiscal e empobrece o país ainda mais. Os problemas de Portugal não são fiscais ou financeiros, são económicos. O problema está no que se ganha e no que se gasta. Ganha-se pouco e cada vez menos, gasta-se mais e cada vez mais. Serviços públicos que não cumprem o seu desígnio ou cumprem-no defeituosamente. Ao nível da demografia e do território, 20% da população está concentrada numa área de apenas 1,1% do território português e perdemos 2,1% da nossa população nos últimos 10/12 anos.

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Porque não começar por fazer tudo quanto possível, em termos de incentivos, para que mais pessoas e empresas desmobilizem para o interior? Há melhores soluções do que aquelas que têm sido propostas e implementadas. Sobretudo ao nível dos incentivos, que não podem apenas ser de natureza fiscal. As pessoas não mudam a sua vida sem que lhes seja oferecido um verdadeiro incentivo. Pense-se como usar ou estimular o fenómeno do teletrabalho para provocar um verdadeiro e impactante “êxodo urbano”. Invadam-se as aldeias com sangue novo. Que não sejam apenas e só aldeias histórias que visitamos uma vez a cada ano. Menos procura nos polos urbanos ajudará a resolver o problema da habitação. Para além de que é o caminho para resolver a eterna questão da desertificação do interior. Ajudará ainda a nivelar, por cima, as condições sociais e económicas, cuja desigualdade é, também, problema de há muitos anos.

A distribuição equilibrada da população pelo território ajudaria ainda a resolver um tema crítico, que é a quantidade e qualidade de serviços públicos essenciais, como a saúde e a educação. E aqui os privados devem ser convidados a participar por esse Portugal fora, com trabalho e capital, com estímulos do erário público, que há muito deveria ter sido alocado a reformas estruturais, em vez de estar em permanente serviço ao sector da aviação portuguesa e da política da esmola, que só tem criado mais pobreza.

Alguém que tenha a virtù de querer conquistar a boa fortuna, não para si próprio, como faz o PS, mas para todos.