Faz este ano 20 anos que o concurso de Professores se faz por via eletrónica. Foi iniciado no Governo de Dr Durão Barroso, com o Prof Doutor David Justino como Ministro da Educação, na altura apresentaram como argumentos: iria simplificar a candidatura, evitar erros e tornar todo o processo mais célere. A meio do processo entra  Pedro Santana Lopes para o lugar de Primeiro-Ministro, a nova equipa governativa ficou com o problema.

“Os sucessivos problemas no concurso de professores, que acabaram por atrasar o arranque das aulas nas escolas públicas portuguesas, marcaram a agenda da Educação em 2004, obrigando o governo a prestar explicações públicas sobre o sucedido”, foi na altura noticiado, no dia 15 de Dezembro de 2004, pela Agência Lusa.

Setembro de 2005, governo de José Sócrates: “O concurso de colocação de professores será válido por três ou quatro anos. Temos ainda problemas com o sistema de colocação dos professores. É preciso acabar com a instabilidade permanente”, frisou Sócrates, adiantando ainda a prioridade do Governo na valorização do primeiro ciclo do ensino básico”. Notícia de 2 de Setembro de 2005 no jornal Público.

Setembro de 2014:  “Nuno Crato admite erro na fórmula aplicada na colocação de professores. O ministro da Educação assumiu hoje no Parlamento haver um erro na fórmula de cálculo das listas da Bolsa de Contratação de  Escola (BCE), o qual atribui aos serviços do ministério e não às escolas,  garantindo que será corrigido.” Notícia na SicN de 17 de outubro de 2014.

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Em 2018, no mandato do ministro  Tiago Brandão Rodrigues,  foi noticiado: “Confusões nos concursos de professores são “um não problema”, diz secretária de Estado. A equipa do Ministério da Educação está a ser ouvida na comissão parlamentar da Educação a pedido dos grupos parlamentares do PCP e do BE. Concursos que estão a decorrer são um dos temas em destaque. Ministro reafirma posição do Governo sobre a contagem do tempo de serviço.” Notícia do jornal Público. 

4  janeiro de 2024: “Em entrevista ao Expresso, João Costa espera que a nova liderança socialista consiga “ir mais longe” na reposição do tempo de serviço dos professores, desde que a medida tenha “sustentabilidade financeira”.  O ministro da Educação revela que, mesmo em gestão, vai deixar prontas as listas para a colocação de 20 mil professores nos quadros das escolas. Não se compromete, mas se tiver tempo, fará o lançamento do concurso ainda antes das eleições.”

No fim da linha os Ministros mudam, mas as Direcções Gerais do Ministérios da Educação são as mesmas e os problemas ficam sem resolução.

Ao fim de 20 anos ainda não estão resolvidos os prazos de colocação dos Professores, nem com as maravilhas da informática da digitalização, nem da inteligência artificial. Ignoro quais são os critérios de escolha das empresas em regime de prestação de serviços, mas tenho grandes dúvidas da sua eficiência. Durante toda a minha carreira, as minhas férias foram sempre interrompidas em Agosto para concorrer,  verificar as listas e fazer aceitação. Isto é a interromper as minhas férias sem ser ressarcida dos dias que perdi a ler os documentos e a concorrer ou fazer aceitação.

Não pretendo fazer um livro de investigação policial, do género de Agatha Cristie, nem culpar nenhum partido, mas no fim o culpado é o informático, e quem se lixa são os mexilhões, o professor, a família e o aluno.

Em conclusão, os problemas nas plataformas informáticas destinadas à colocação de professores revelam um desafio significativo para o sistema educativo. A ineficiência e as falhas constantes não só geram frustração entre os profissionais da educação, mas também impactam diretamente a qualidade do ensino e a estabilidade das escolas. É imperativo que as Direções Gerais do Ministério da Educação   e os informáticos  trabalhem em conjunto para criar soluções mais robustas e eficazes. Somente com um sistema confiável e bem estruturado poderemos garantir que os professores estejam no lugar certo, no momento certo, para oferecer a melhor educação possível aos nossos alunos.