Saiu mais um ranking anual das escolas em Portugal e mais uma vez coloca as instituições privadas nos lugares de topo.
Este ranking avalia o conhecimento dos alunos num “procedimento fotográfico” mas não considera como esse conhecimento foi ensinado, uma avaliação que se foca no que os alunos aprenderam, mas ignora as condições em que essa aprendizagem ocorreu, os desafios e dificuldades enfrentados, bem como as batalhas pessoais vencidas até aquele momento.
As escolas privadas dispõem de infraestruturas de alta qualidade, um corpo docente estável e criteriosamente selecionado pela competência, e uma elevada capacidade de oferecer aos seus alunos vários complementos curriculares.
São as famílias com maiores meios e capacidades económicas que conseguem inscrever os seus filhos nas escolas privadas, proporcionando-lhes um ambiente de aprendizagem superior. Para além disso, estas mesmas famílias têm a capacidade de reforçar as aprendizagens dos seus filhos com explicações extra, muitas vezes contratando mais do que um explicador por disciplina. Este apoio extra permite colmatar eventuais dificuldades e potenciar o desempenho académico dos alunos.
Em contraste o ensino público em Portugal enfrenta desafios significativos, incluindo a falta de estabilidade docente e a insuficiência na qualidade das estruturas e professores. Este cenário contribui para um ciclo vicioso de desigualdade, onde o ensino público não consegue oferecer as mesmas oportunidades que o privado, deixando muitos alunos sem a possibilidade de ascender no “elevador social”.
A escola pública alberga predominantemente famílias sem opção de escolha e, na maioria dos casos, sem capacidade financeira para reforçar as aprendizagens fora do ambiente escolar. Algumas famílias vivem frequentemente num estado de vulnerabilidade onde um gasto adicional de 150 euros por mês em explicações pode significar a diferença entre pagar a renda ou a conta da luz.
O estado do ensino em Portugal mostra como o Estado é um mau gestor financeiro dos nossos impostos no contexto educativo. Apesar de gerir mais dinheiro, há cada vez menos alunos no ensino público e menos qualidade no serviço oferecido.
O número de alunos no ensino privado face ao número total de alunos aumentou até 5% nos diferentes níveis de ensino, nos últimos 15 anos de acordo com dados da DGEEC. Apenas nas creches se verifica uma tendência contrária, e muito devido ao investimento do Estado que na gratuitidade deste serviço conseguiu aliviar parcialmente a situação, mas ainda assim, com problemas graves na universalidade do mesmo.
A gestão inadequada dos recursos resulta em infraestruturas degradadas e uma qualidade de ensino que não corresponde aos impostos cobrados.
Estes rankings não são justos para quem trabalha e sobrevive no sistema público, pois perpetuam uma imagem de inferioridade que não reflete o esforço e dedicação de muitos professores e alunos. Ao mesmo tempo, também não são justos para quem trabalha no privado, pois os seus esforços para criar um serviço de qualidade e transformador são vistos como um privilégio acessível apenas a alguns.
É evidente defender e pensar corretamente as ferramentas de monitorização e avaliação das escolas. Estas devem ser justas e equilibradas, refletindo tanto os resultados académicos quanto as condições em que esses resultados foram obtidos. Devem considerar os recursos disponíveis, os desafios enfrentados e o contexto socioeconómico dos alunos. Somente assim será possível ter uma visão mais completa e justa do sistema de ensino em Portugal, que valorize adequadamente o esforço de todos os envolvidos e promova a igualdade de oportunidades para todos os estudantes..
A Iniciativa Liberal, apresenta uma proposta de valor que defende um serviço público transversal de ensino que permitiria que as famílias menos favorecidas tivessem acesso à escola privada, promovendo um sistema mais justo onde o “elevador social” não ficaria parado apenas nos pisos mais altos. A implementação de um modelo que acompanha o aluno, independentemente da escola que frequente, é uma solução para garantir igualdade de oportunidades.
Um sistema onde o cumprimento das responsabilidades contributivas das famílias para a educação garantem um acesso universal, com direito de escolha da escola que melhor valoriza o aluno na sua aprendizagem.
Em suma, a desigualdade no sistema de ensino português é um problema complexo que necessita de soluções inovadoras e inclusivas. A proposta da Iniciativa Liberal oferece uma visão de como poderíamos começar a equilibrar a balança, proporcionando a todas as famílias, independentemente da sua situação económica, acesso a um ensino de qualidade. É imperativo que o Estado reavalie a sua gestão financeira e responsabilidade para com o ensino público, garantindo que os recursos sejam utilizados de forma eficiente e eficaz para beneficiar todos os alunos, sem exceção.